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sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

A China Experimenta Projeção de Poder

Partiram hoje, dia 26 de dezembro, uma flotilha chinesa de três barcos com destino à região de Áden e Somália, com o objetivo de combater os piratas somalis e garantir a integridade de navios chineses ou que transportem ajuda humanitária.
O alto comando chinês designou dois destróires e um navio de suprimentos e que deverão, segundo ainda informações oficiais, fornecer a partir de 6 de janeiro de 2009 escolta gratuita nesta região, que vêm sendo assolada pela ação de piratas baseados no litoral da Somália, e que foram responsáveis por inúmeros seqüestros de embarcações e tripulantes nos últimos tempos.
Partindo as 13:45h de Sanya, no sul da China, os barcos se juntarão a uma fragata alemã Karlsruhe (tripulada com 240 homens), que já patrulha, sob autorização do Conselho de Segurança da ONU, aquela região.
Transportando um destacamento de 60 soldados de elite e dois helicópteros (de tipo não identificado), parece que as ações militares chinesas não se restrinjam ao patrulhamento marítimo, mas incorporem também resgate e operações de comando em terra contra as bases dos piratas.
O contra-almirante Du Jingcheng, encarregado da expedição, destaca o espírito da expedição militar:confiança.
Com suprimentos para vários meses, segundo a "Xinhua", agência noticiosa oficial chinesa, a frota com 800 homens tem considerável autonomia em relação às suas bases navais nacionais.
Segundo a imprensa internacional ocorreram 110 ataques, com o sequestro de 42 barcos. Catorze deles, com um total de 240 pessoas a bordo, continuam sob poder dos piratas. Para reagir ao crescente número de assaltantes, estimados seguindo a France Press, em 1100 homens, a União Européia constituiu a Força Tarefa Combinada 150, com 7 navios e sob comando britânico (Operação Atalanta).
Porém, seja pela ousadia dos piratas ou pela excassez dos recursos, os ataques continuaram. A Karlsruhe socorreu um cargueiro egípcio na noite de Natal e repeliu os piratas que tentavam uma abordagem, mas os poucos navios não podem cobrir todos os lugares, o que tem motivado o auxílio de navios de outras marinhas regionais, como as da Índia, agora da China e possivelmente para breve, Japão.
O envio das embarcações chinesas é revelador em muitos aspectos.
Primeiro reafirma os interesses chineses em se constituirem, ao lado de sua importância econômica, um equivalente militar. Neste caso, não só o envio, mas a manutenção e as operações porventura desenvolvidas, serão um teste da capacidade militar chinesa no mar, já que em terra o potencial do Exército de Libertação Popular (ELP) já é conhecida.
Em segundo marca a presença chinesa em águas que não viam isso desde a Época Moderna, já que no século XV d.C foi a última vez que uma frota do "Império do Meio" singrou por ali. Além disso, manda um recado para seus vizinhos e parceiros: para os indianos, que o "seu" oceano não é excludente para a China; para os norte-americanos, que eles não estão sozinhos nesta região; e diante do Japão "exercita a musculatura".
Afora seu aspecto humanitário, o envio dos navios militares assinala uma mudança da frota chinesa, de um perfil de proteção costeira e limites operacionais mais próximos de sua plataforma continental, para o status de uma força de longo curso, capaz de proteger os interesses nacionais no ultramar. Sabe-se que a China está interessada em produzir ou adquirir um porta-aviões para reforçar suas ambições estratégicas: "Porta-aviões são um símbolo do poderio geral de uma nação, bem como da competitividade da força naval de um país" - disse o coronel Huang Xueping, porta-voz do ministério da Defesa Nacional. - "A China tem um grande território marítimo. É uma responsabilidade sagrada das nossas forças armadas proteger nosso território marítimo e manter nossa soberania marítima, nossos direitos e interesses. A China, levando em conta todos os fatores relevantes, vai pesquisar seriamente e considerar (a construção do porta-aviões)".
Isso evidentemente eleva o atrito com os EUA, Índia (em processo de substituição e modernização de seus porta-aviões), Japão e Taiwan - possível alvo de seu uso.

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