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domingo, 28 de dezembro de 2008

A Espiral Satânica

O ATAQUE
O fim da trégua entre Israel e o Hamas em novembro deste ano, restaurou o crescente clima de desgaste contra a fronteira oeste dos israelenses. Duzentos ataques de morteiros e foguetes depois, a máquina militar de Israel - sob pressão interna para agir - reagiu, provocando um banho-de-sangue absolutamente desproporcional, pois as duas centenas de ataques (segundo o Estadão) não haviam provocado a morte de nenhum judeu; mas a resposta israelense fulminou 271 mortos e um impreciso número de feridos que vão de 700 a 900. Entre os mortos estão mais de cem homens que estavam numa cerimônia de formatura, e que reforçariam militarmente os Hamas.
Uma sucessão de ataques aéreos atingiu instalações do Hamas como delegacias, depósitos diversos, veículos e até uma mesquita, mas mesmo assim os ataques contra o território de Israel não sofreram, aparentemente, nenhum dano já que logo depois da ofensiva aérea, os bombardeios recomeçaram com morteiros e mísseis caseiros Kassam, matando uma mulher e ferindo outros quatro cidadãos israelenses.
O Egito abriu sua fronteira com Gaza para permitir a saída de feridos e o socorro e abastecimento da população local e viu sepultada no curto prazo, a possibilidade de intermediar um novo cessar-fogo entre os oponentes.
O governo israelense afirma que o ataque foi levado à cabo por 60 aviões F-16 (fabricação norte-americana e que extende aos EUA a fúria dos fundamentalistas) e levou a Autoridade Nacional Palestina (ANP) a conclamar a população da Cisjordânia para doar sangue. O governo judeu também afirma ter destruído 95% dos alvos previstos, todos eles de natureza militar, e embora poupando alvos religiosos, foi lembrado ue uma sinagoga foi atingida por bombas palestinas.
Talvez a população local, em pânico em meio aos foguetes ar-terra disparados pela FAI tenham uma opinião diferente acerca dos acertos do ataques de Israel.

DESDOBRAMENTOS
O passo seguinte de Israel parece ser uma ofensiva terrestre para reassumir o controle sobre Gaza, abandonada em 2005 e que ao invés de melhorar as relações com os palestinos, permitiu a intensificação de ataques na fronteira ocidental. Uma ofensiva terrestre restauraria o domínio militar sobre a região e permitiria confrontar abertamente o Hamas.
Os países árabes estudam uma resposta conjunta ao massacre israelense, mas deve limitar-se à ações diplomáticas, exceto se no caso de um ataque terrestre, produzir-se alguma mudança neste quadro.
É plausível que o Irã estimule e dê cobertura ao Hezbolah (movimento xiita de resistência no Líbano) para abrir uma outra frente de luta contra Israel na fronteira oriental do Estado Judeu, tanto para demonstrar solidariedade e resistência, como para aliviar a pressão contra os palestinos de Gaza.
O próprio Irã ganha mais argumento para prosseguir com seu programa de desenvolvimento de mísseis e que, por si só, tem sido um ponto de atrito nas relações internacionais já que está associado com o desenvolvimento do programa nuclear do país, e, potencialmente, poderia dotar os iranianos de Armas de Destruição em Massa (ADM) de alcance intermediário, cobrindo o território de Israel.
A Síria volta a ganhar força também ao apoiar - ainda que sorrateiramente - os grupos resistentes à Israel e ela continua sendo uma importante peça do tabuleiro libanês.
Os EUA são atropelados pela iniciativa militar de Israel e, mais uma vez, conduzidos à situação de sendo espectadores, não são imunes à reação dos jihadistas, já que os vínculos norte-americanos/israelenses são amplos e antigos. Também vale lembrar que a administração Bush está em seu ocaso e como Barack Obama vai lidar concretamente com os conflitos regionais no médio oriente ainda é uma incógnita, apesar das declarações do "candidato" Obama reafirmarem a histórica aliança e confirmar o apoio da Casa Branca ao governo de Tel Aviv. Para a administração norte-americana, cabe ao Hamas agir, evitando as iniciativas militares de Israel pela repressão aos ataques fronteiriços. A única mudança visível no curto prazo parece ser a orientação de enfatizar uma solução via ONU, com mais parceria e menos unilateralidade.
Esta, por sua vez, convocou uma sessão de emergência do Conselho de Segurança mas nenhuma ação efetiva deve ocorrer, já que os Estados Unidos tem poder de veto e certamente o usarão, apesar do ônus político da decisão. Assim, a atuação do mesmo limitar-se-á "a um apelo".
Enquanto não se concretiza alguma ação política de pacificação que leve o Hamas a renunciar à destruição de Israel, aceitar a existência de fronteiras reconhecidas internacionalmente e que, da parte de Israel contemple a formação efetiva de um Estado palestino, não parece ser possível renunciar ao uso da força.

Manifestações, apelos, ameaças, mais ódio e redicalismos alimentam, na Terra Santa, a inconclusa descida ao Inferno.

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