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terça-feira, 20 de outubro de 2009

O Plano Nacional de Defesa - ainda...

Recentemente houve uma série de reportagens, várias assinadas pelo respeitado e, até prova em contrário, isento jornalista Jânio de Freitas, questionando diversos pontos do acordo Brasil-França, e que já foram alvo de réplicas da Marinha em notas oficiais; pelo que não vou abordá-las.
O debate continua e é importante que ocorra para aprimorar e vigiar as opções e os gastos.
Mas um aspecto merece atenção.
Foi questionado o valor - considerado alto - da aquisição de submarinos com tecnologia francesa. O valor é alto mesmo, da ordem de R$ 20 bilhões, mas o que não foi dito...por "malandragem", para atender outros interesses, por má-fé, ou o que seja, foi que o pacote para o Programa de Modernização de Submarinos da Marinha Brasileira inclui, além dos 4 submarinos convencionais, mais um casco para receber um reator nuclear tornando-o um SSN (sub nuclear de ataque), num projeto de longo prazo com horizonte de até 20 anos. Também consta a construção de um estaleiro próprio para estes subs e uma nova base naval.
Assim, a crítica dos alemães que foram colocados fora do páreo, foi que cada um destes navios sairía pelo dobro do preço dos submarinos propostos pela HDW, além de duplicar a logística operacional e de manutenção da frota de submarinos (com tecnologias alemã e francesa), o que foi questionado por pelo menos um oficial de alta patente.
Esta crítica desconsidera que o modelo françês é ele todo potencialmente nuclearizável, o que o modelo alemão não permite pois eles não possuem esta tecnologia. Além disso, a instalação de um estaleiro só têm lógica se consideramos que para uma efetiva cobertura de patrulhamento e dissuação no vasto Atlântico, impôe-se que haja mais de um submarino nuclear. Neste caso um mínimo de três barcos revezando-se.
Já no que tange a nova base a ser construída em algum ponto do litoral paulista/fluminense, ela será "coberta" para dificultar observação aérea, eletrônica ou espacial. Sendo a furtividade e a autonomia as principais características de um submarino nuclear, não há sentido em perdê-la por simples observação visual.
Manter os submarinos com tecnologia alemã, mais simples e mais baratos, não fornecerá a evolução de vetores convencionais para nucleares, o que a opção francesa permite. Os IKL alemães são um beco sem saída diante das possibilidades do Scorpéne/Marlin.
Portanto, mais do que quatro ou cinco barcos, o valor envolvido implica muitas outras coisas, inclusive a adaptação da tecnologia das centrífugas, instaladas em Rezende, para o SSN. Estas centrífugas são sustentadas magneticamente e não sofrem portanto com o atrito, duram muito mais tempo que as hoje existentes e, o que é mais importante num submarino, são muito mais silenciosas. Adaptadas para o conjunto de propulsão da embarcação ela acrescentaria um deslocamento mais silencioso do que o hoje disponível para este navio.

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