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quarta-feira, 19 de maio de 2010

Ecos De Um Tempo Passado?

O grupo de potências liderado pelos EUA e composto também pelos demais membros com poder de veto no CS, como a França, a Inglaterra, a Rússia e a China, mais a Alemanha, emitiu uma proposta de resolução contra o Irã cujos pontos fundamentais são:
1)Que o Irã suspenda o enriquecimento de urânio e quaisquer outras atividades nucleares restritas;
2)O Irã deve cooperar totalmente com a AIEA;
3)Isso significa permitir inspeções surpresa da AIEA em atividades nucleares suspeitas;
4)O Irã deve se abster de construir novas usinas de enriquecimento de urânio ou assemelhadas e com propósitos equivalentes;
5)Proíbe o Irã de investir em atividades nucleares como exploração de urânio, enriquecimento de material atômico ou atividades relacionadas a construção de mísseis e armamentos;
6)Restringe a venda de armamentos convencionais tais como: tanques de batalha, veículos blindados, artilharia pesada, aviões militares, helicópteros de uso militar, navios de guerra, mísseis ou sistemas de fabricação de mísseis. Veda-se, por extensão, que se forneçam qualquer tipo de assistência ou  apoio;
7)Atribui à comunidade internacional a vigilância e restrições de suprimento de quaisquer armas ao Irã;
8)Proíbe o Irã de empreender qualquer atividade relacionada a mísseis capazes de transportar armas nucleares. A comunidade internacional seria proibida de fornecer qualquer ajuda ou tecnologia relacionada a mísseis.

Estranho que esta proposta surja enquanto sequer o acordo oficial foi apreciado pela AIEA, e com justa razão, tanto a Turquia como o Brasil reagiram contrariamente.  Acredito que a proposta seja no sentido de ganhar tempo caso o acordo com o Irã seja insuficientemente seguro ou que deixe de ser cumprido pelo presidente Ahmadinejad.  Nesse caso, o chamado Sexteto já estaria encaminhado para executar as novas restrições sem a necessidade de novos contatos entre si.
No entanto vale lembrar que a unipolaridade estabelecida em 1991, quando o colapso da URSS deixou os EUA literalmente sozinhos na condição de superpotência, está sendo recomposta - de alguma forma - por uma geopolítica que inclui os BRICs, o IBAS (Índia, Brasil e África do Sul) e que passa inclusive pela superação do antigo G-8 pelo mais amplo e mais razoável G-20.
As novas imposições parecem assim murmúrios de uma época em que todos dançavam conforme a música norte-americana.
É evidente que se os EUA quiserem poderão, inclusive com a oposição dos demais parceiros do Sexteto, impor medidas unilaterais, arcando com o desprezo de um órgão multilateral.  Embora possível, isso parece improvável dado o comprometimento dos recursos militares, políticos e econômicos na guerra de duas frentes hoje em curso no Afeganistão e Iraque.  Por sinal, no caso do Iraque, os norte-americanos agiram CONTRA a recomendação da própria ONU; existe portanto um precedente.
Ao Brasil e Turquia cabem, ainda, defender um acordo com o qual se comprometeram e esperar que a AIEA dê o seu parecer.

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