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domingo, 6 de junho de 2010

Turquia e Israel - Relações a Caminho do Congelamento

Os círculos concêntricos gerados pela ação israelense contra a chamada "frota da liberdade" e que tinha como destino Gaza, onde mais de 1 milhão de palestinos sofrem com a constante excassez de água, comida e remédios, ainda não atingiram o ponto de retorno.  Mas com certeza vão!
A situação dos palestinos em Gaza foi descrita como "insustentàvel" e não foi dito por uma pessoa hostil à Israel, e sim, ninguém menos que a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton.
Ontem, numa ação bem mais comedida, o último navio - que havia ficado para trás por problemas mecânicos, foi também interceptado mas sem o recurso da força.  Não houve mortos nem feridos e a embarcação foi levada para um porto sob controle israelense.
O governo de Israel conseguiu, de pronto, alinhar dois inimigos históricos contra si.  A Turquia - mais importante democracia muçulmana e um dos mais próximos governos de Israel na região, que compartilha com os israelenses sólidas (sic!) relações econômicas e militares, e que é membro integrante da OTAN, - acabou ficando do mesmo lado do balcão com seu secular oponente desde o tempo dos sultões otomanos: a Pérsia-Irã.
A crise poderia ter tomado cores e alcance insuspeitos inicialmente.
A ação dos comandos israelenses ao abordar uma embarcação em missão humanitária, em águas internacionais, com o uso desproporcional de força - como acontece normalmente nos territórios ocupados onde a resposta contra pedras é o uso de armas pesadas - vitimou quase uma dezena de cidadãos turcos.  Porém, como membro da OTAN, poderia o governo de Ancara ter requisitado auxílio de seus aliados militares, nos termos dos estatutos da organização, de que diante de uma ataque a um dos membros, a resposta é coletiva! 
Ai sim teríamos o inusitado, com o tradicional defensor dos interesses ocidentais no Oriente Médio, confrontado militarmente não por uma aliança árabe-muçulmana e sim, por seus aliados do ocidente.
De qualquer forma, não há como não pensar no caso do Exodus, quando ainda sob o mandato dos britânicos na Palestina, um navio com refugiados judeus que procuravam abrigo na Terra Santa, foi interceptado pelos "brutais" ingleses e tratados "agressivamente" pelas autoridades de Londres.
Naquele episódio, as vítimas eram os judeus e eles foram furiosamente contra aquilo que consideravam uma violência desmedida;  hoje, a história vitimiza outros, mas no fundo é a mesma intransigência.  Vale lembrar que o bloqueio naval implementado pela marinha de Israel não se sustenta por termos legais, já que o que Israel pratica é uma ação de contenção não contra um Estado soberano rival, e sim contra um enclave insurrecional, segundo o jurista Francisco Rezek, o que define outras formas de ação
E chega a ser irônico, pois quando eram os judeus que desafiavam um bloqueio marítimo, eles se achavam imbuídos da justiça de sua causa.  E agora, negam esta mesma justiça a outros e implementam um bloqueio naval que alveja um sentimento de auxílio humanitário.

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