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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

FX-2: A Novela de 8 anos

Incrível, mas após 8 anos de governo Lula e outros tantos de FHC, o programa de reaparelhamento da FAB que contempla a aquisição de novos caças continua inconcluso, e pior, protelado agora para a presidente Dilma que já se manifestou por uma decisão no próximo semestre!!!!
Dentro de dois anos os atuais Mirage serão definitivamente aposentados e os F5, que já foram recondicionados mais de uma vez, estarão também no fim de sua vida útil.  Na verdade, já está em sobrevida este projeto que data dos anos 60 do século 20.  Ou seja, a espinha dorsal da defesa aérea nacional conta com aeronaves que têm "apenas" 50 anos.
Têm se falado em um apagão nesta área, pois corre-se o risco da frota de caças estar sendo aposentada - até certo ponto compulsoriamente - sem que as novas unidades previstas, sabe-se lá qual, tenham entrado em operação.  O programa FX, de FHC, e o rebatizado FX-2 de Lula, ainda não conseguiu definir uma aeronave que além do projeto inicial de 36 aparelhos, possa efetivamente vir a substituir o conjunto hoje em uso e necessário, num total não inferior a 100 caças.
Como existe um timming entre a encomenda e as entregas, essa indefinição arrisca a cobertura aérea defensiva nacional, demonstrando a falta de prioridade política nesta questão e uma correspondente assimetria entre a importância do tema e o envolvimento da sociedade no mesmo.
Os franceses evitam demonstrar alguma exasperação com os contínuos adiamentos, apesar de afirmarem e reafirmarem que a sensível questão da transferência de tecnologia está acertada e é questão encerrada.  Parece portanto, que o nó está ainda no custo unitário dos Rafale e sua hora/voo, a mais cara entre os concorrentes, neste caso o SuperHornet norte-americano e o Grippen sueco.  Estes, por sua vez, melhoraram suas propostas e o parecer técnico da Aeronáutica foi pelo avião sueco: mais barato e que oferece a chance de compartilhamento no desenvolvimento do aparelho, o que agregaria tecnologia, processos de produção, financiamento bastante camarada e empregos no país com uma exigente demanda de mão-de-obra qualificada.
Mas a decisão têm sido, até aqui, sobredeterminada por uma avaliação política.  Neste sentido, uma parceria estratégica que incluia muito mais que os aviões, helicópteros, submarinos, etc, mas se estendia ao apoio de Paris ao pleito brasileiro de reforma do Conselho de Segurança na ONU e uma cadeira permanente no mesmo destacaram o Rafale.
Como neste ínterim, Paris e Brasília discordaram em alguns pontos e especialmente na questão iraniana ficaram em campos opostos, o projeto do Brasil ficou comprometido no curto prazo, se é que teve alguma consistência real antes disso.
Enquanto as protelações se sucedem, o assunto vai se repetindo sem novos argumentos ou análises.
Tudo já foi feito; agora, só resta decidir.
E enquanto isso, sonha-se, na Marinha, com a incorporação de porta-aviões e navios logísticos da classe Mistral (também franceses) que mesmo mais bem encaminhados que na FAB, parecem pouco críveis de se concretizarem nesta geração.

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