Cautelosas, as autoridades russas evitaram nesta terça-feira pronunciamentos a respeito. Sua principal preocupação era a de confirmar, diretamente, aquela informação. Ainda assim, fontes da Sukhoi, que produz o Su-35, acenaram com pelo menos três fatos que poderiam adoçar a negociação: oferecer ao Brasil a chance de participar da produção do jato, participar também dos projetos de sua modernização e nos serviços pós-venda.
Para o governo russo, trata-se de um assunto de importância estratégica. A América do Sul é vista como um mercado promissor, sendo o Brasil o mais lucrativo deles. A Rússia já havia participado da concorrência sete anos atrás, mas acabou sendo descartada. Na época, a Sukhoi estava desenvolvendo esse jato de quinta geração. Mas prevaleceu no governo brasileiro a ideia de que a Rússia passava por um mal momento econômico e, por isso, não se acreditava em sua capacidade de desenvolver o Su-35. Menos de dois anos depois, no entanto, o modelo já decolava.
Rússia pode ser alternativa para venda de armamentos
Um aspecto anima os russos a buscar negócios na América do Sul: o fato de os Estados Unidos imporem restrições aos países interessados em adquirir armamentos “made in USA”. Diante disso, a Rússia passa a ser uma alternativa. Como no caso dos Super Tucanos, que a Embraer estava prestes a vender à Venezuela. O negócio foi bloqueado pelo governo americano, já que 50% dos componentes daquele avião são fornecidos pelos EUA. O resultado foi que o presidente Hugo Chávez adquiriu 30 Su-30 russos (os caças de quarta geração).
Fonte: O Globo via Plano Brasil
Nossa Opinião
Esperemos o anúncio oficial do cancelamento desde amaldiçoado programa FX, pois já estamos no 3º governo e o processo todo de propostas, concorrência, apresentação de dados, negociações, manifestações e relatórios, etc, ainda persiste inconcluso.
Mas ponderemos que:
1º - se for verdade, a quem interessa esse reinício?
2º - não sendo, também a quem interessa essa informação?
Este programa estava aparentemente em vias de ser concluído definitivamente quando o presidente Lula anunciou - atropelando até a avaliação técnica da FAB - que o escolhido na concorrência final fora o Rafale, e que esta opção fazia parte de um quadro maior de parceria estratégica militar e política entre Brasília e Paris. O tempo transcorreu e o presidente foi protelando o anúncio oficial até que o governo chegasse ao seu final e a decisão fosse parar nas mãos da nova administração Dilma Roussef.
Sempre se alegou que a demora era uma forma esperta de forçar a Dassault a melhorar sua proposta, já que seu avião era o mais caro. Pode ser que esta notícia seja mais uma manobra destinada a cumprir este objetivo; pressionada pela eventual reabertura da concorrência, e consequentemente com a entrada de novos competidores, a França melhoraria a proposta de forma a que se conclua favoravelmente para Paris este contrato/projeto.
Para a Dassault o que está em jogo é mais do que a venda de 36 aparelhos. O que está nos bastidores do negócio é a provável renovação geral da arma aérea brasileira que se prepararia para aposentar, finalmente, os F5 Tiger que apesar de seus ótimos serviços prestados ao país em termos de capacitação aérea e dissuassão, estão muito defasados tecnologicamente. Assim sendo, o contrato poderia atingir mais de uma centena de aparelhos, num contrato bilionário. Além disso, sendo a PRIMEIRA venda internacional do Rafale, este programa abriria a possibilidade de novos e lucrativos negócios com outros países, garantindo encomendas, empregos e prestígio político para a França. Portanto, não é só nos escritórios da Dassault que esta expectativa mesclada de frustração e inconclusão exaspera e pressiona por um desfecho.
Em segundo lugar temos que considerar que uma decisão final à favor de Paris, pode gerar uma retaliação de Washington contra a venda de 200 aeronaves Supertucano para os EUA. Assim, este novo adiamento poderia estar condicionado não só a um novo recomeço nas relações entre norte-americanos e brasileiros, mas também a um vultoso contrato da Embraer nos Estados Unidos. Ou seja: concluir o negócio com Paris poderia fechar empregos, encomendas e (algum) prestígio junto aos norte-americanos.
Neste caso, o "anúncio" do cancelamento da decisão do FX-2 cumpre o papel de forçar Paris a melhorar sua proposta e, ao mesmo tempo, mantém aberta a possibilidade de vender os Supertucanos para os EUA. Mesmo que a proposta francesa não seja melhorada, cria a expectativa de um realinhamento estratégico com Washington e a possível venda dos aparelhos da Embraer. E a vinda do ex-candidato republicano John McCain a Brasília, para defender a proposta de venda dos F-18 SH embutia a possibilidade dos republicanos e seu domínio sobre o Congresso dos EUA virem a apoiar tanto a compra dos Supertucanos como uma maior transferência de tecnologia, ainda que seja discutível sua concretização e que sempre foi o "calcanhar-de-Aquiles" do F-18.
Quanto aos russos, a proposta anterior que encaminhava o SuperFlanker acabou descartada por várias razões técnicas e políticas, tais como incertezas quanto a continuidade de serviços e cumprimento de prazos por parte de Moscou, ao mesmo tempo que uma aquisição desta monta estreitaria fortemente os laços militares e políticos com os russos em detrimento dos norte-americanos.
O equipamento russo é robusto, confiável e "barato", mas existem muitos imponderáveis na negociação. Recentemente Moscou cancelou um contrato de entrega de sistemas antiaéreos S-300 para Teerã que gerou um estremecimento nas relações russo-iranianas - nada persistente pois já estão apertando as mãos novamente.
O entrave é mais político para este negócio.
Portanto, nesta questão, o "novo" nada é mais do que o "velho", recauchutado. O projeto não está concluído porque existem outros negócios cruzados que também aguardam solução. Esperemos que nossos aviões não começem a cair de podre antes que se encerre este FX-2, ou 3, ou ....
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