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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Do Cairo a Teerã, passando por Jerusalém

        Janeiro de 2011 começava ainda meio morno, quando se iniciaram em Túnis, capital da Tunísia, uma sucessão crescente de protestos contra o governo e que culminara – a esta altura – em dois movimentos distintos:  por um lado o governo sofreu um desgaste cada vez mais profundo e mesmo reprimindo, acabou colapsando e uma ditadura de décadas foi varrida para longe.  Em segundo lugar, enquanto ainda se discutiam as origens do movimento, eis que algo muito semelhante brotava no Egito, apontando para o potencial de contágio daqueles eventos tunisinos.
Ontem, no Manhattan Conexion da Globo News, o Ricardo Amorim (?) usou uma expressão para descrever o que está ocorrendo: Tunisionami.  Túnis, Sanaa, Amã e talvez proximamente Jerusalém e Teerã, poderão ser sacudidas por ondas avassaladoras de protestos alimentados pela internet.
Ontem ocorreu em Amã uma grande manifestação contra o governo e que é certamente eco do que transcorre no Cairo, Suez e Port Said.
Se imaginarmos que uma eventual queda do governo Mubarak seja seguida por um efeito dominó na Jordânia e na Cisjordânia, Israel se veria desprovido totalmente de apoios locais.  Vale lembrar que a Turquia praticamente rompeu seus contatos depois do ataque israelense à frota turca de auxílio humanitário para Gaza no ano passado. 
Já a desmoralizada ANP, na Cisjordânia, corre o risco de ser duplamente avassalada, seja por seus próprios compatriotas insatisfeitos com o andamento do processo (sic) de paz, seja pelos seus adversários do Hammas.
Israel estaria assim de volta, à condição de uma “fortaleza cercada”, com inimigos em todas as suas fronteiras.  O que é uma perspectiva terrível.  Mas e se ainda assim, as próprias populações palestinas se agitarem?
Dentro de seu território, dezenas de milhares de palestinos poderiam tentar uma intifada ainda maior dentro de um contexto de intensa mobilização social e crescente isolamento externo dos israelenses.  Este tunisionami pode vir de dentro também.
Hoje fala-se em 300 mortos no Cairo em virtude dos protestos (ONU).  O que ocorreria em Belém, Hebron, Jerusalém se grandes manifestações de massa contra um governo considerado forte como em Túnis ou no Cairo, fossem respondidas por uma repressão coletiva, massiva e multiplicá-se o número de vítimas?
As guerras de Gaza e Líbano (contra os Hammas e Hezbollah) cujos resultados foram no mínimo de “sucessos questionáveis”, poderiam dar espaço, agora,  para um levante muito maior e mais sangrento, mas com muito maior apoio externo.  Suportaria Israel massacrar milhares, perpetrar um “genocídio palestino” numa escala muito diferente, quando ferramentas fundamentais de mobilização como o Twitter e o Facebook permitem mobilizar e informar em tempo real?
Uma coisa era lançar bombas de fósforo em Gaza enquanto pouca era a repercussão efetiva.  Outra, é fazer isso agora quando milhões acompanham as mobilizações via tweets e posts.
O regime de Teerã, que surfa  na onda de protestos no Cairo, viu uma amostra do potencial de mobilização das redes sociais e micro blogs, uando a eleição de Ahmadinejad foi contestada nas ruas por uma parcela ponderável.  Ele aplaude por que é lá, mas certamente se prepara se acontecerem amanhã debaixo dos turbantes dos mulás.
Os acontecimentos no Egito darão a perspectiva dos governos que vão balançar.  Sejam os autoritários, aliados do Ocidente, sejam os fundamenalistas, os autoritários de esquerda, o de Israel…… 
Egito 1
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