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segunda-feira, 18 de abril de 2011

A aliança do Hamas, Irã e Hezbollah contra a Al Qaeda

FONTE: O Estado de São Paulo – Edição do dia “De NY a Gaza” – Gustavo Chacra
O Hamas é inimigo da Al Qaeda. Indiretamente, a organização palestina contribuiu para que a rede terrorista não conseguisse realizar um ataque terrorista em Israel até hoje. Na Faixa de Gaza, os extremistas islâmicos inspirados por Osama bin Laden são perseguidos pelo grupo, que é o poder de fato no território.
Na semana passada, um grupelho denominado Tawhid e Jihad matou um ativista italiano pró-palestinos depois que o Hamas não concordou em libertar um de seus líderes. Conforme vem ocorrendo desde quando o grupo palestino assumiu o poder em Gaza, extremistas islâmicos têm sido presos e perseguidos. Algumas destas organizações inspiradas pela Al Qaeda são as responsáveis pelos disparos contra os israelenses. Na maior parte das vezes, como sabotagem justamente para levar Israel a reagir contra o Hamas.
Estas novas facções terroristas são ainda mais perigosas do que o Hamas. O grupo palestino, que já realizou centenas de atentados terroristas e ainda mantém uma campanha de lançamento de foguetes contra o sul do território israelense, tende a ser mais pragmático e realista. Apesar de oficialmente ainda não ter abdicado de destruir Israel, seus líderes já indicaram que aceitariam um Estado palestino nas fronteiras pré-1967.
O Hamas também possui canais de diálogo com os israelenses, com o Fatah e também com a comunidade internacional. Suas lideranças já se reuniram com autoridades internacionais. Caso abdique do terrorismo e aceite os acordos assinados pela Autoridade Palestina, o Hamas seria reintegrado às negociações de paz.
Organizações como esta Tawhid e Jihad são desconhecidas. Muitos de seus membros sequer são palestinos. Ninguém sabe bem quem lidera o grupo. Eles tampouco possuem um ideal claro. Basicamente, integram a Al Qaeda.
No mundo de hoje, há duas vias para o uso da violência entre radicais islâmicos. E por radicais não digo as pessoas religiosas, mas as que usam a violência para defender uma visão deturpada do islamismo.
A primeira delas é capitaneada pelo Irã. Verdade, os iranianos não cometem ataques contra países vizinhos. Mas patrocinam insurgências no Líbano, Gaza, Yemen, Iraque e Bahrein. O símbolo mais forte deste apoio iraniano é o Hezbollah, em Beirute. Esta organização xiita libanesa se transformou na mais poderosa guerrilha do mundo hoje, capaz de travar uma guerra contra Israel.
Além do Hezbollah, a ala iraniana também conta com o Hamas, que ironicamente não é xiita, mas sunita. No Iraque, o Exército Mahdi, do Moktada al Sadr, aos poucos se transforma em um novo Hezbollah. Seu líder está em treinamento religioso e militar no Irã. O apoio aos xiitas de Bahrein e aos houthis, do Yemen, se dá através de logística e ainda não se compara ao existente entre iraquianos, libaneses e palestinos.
A outra via de uso da violência é a da Al Qaeda. Não há um país por trás. Tampouco uma organização clara. Seus líderes mais inspiram do que lideram. Seus membros são de todas as nacionalidades. Seus ideais complicados. E a violência não segue uma lógica racional. Não possuem uma estratégia clara. Atuam ao redor de quase todo o planeta, mas se concentram no Paquistão, Afeganistão, Yemen, Iraque e, agora, na Líbia.
Os libaneses, com a ajuda do Hezbollah, exterminaram o Fatah al Islam em um campo de refugiados palestino próximo a Trípoli. O Hamas tentará fazer o mesmo com o Tawhid e Jihad.
Esta é a guerra que ninguém vê, e que servirá de pano de fundo nos levantes na Síria e Yemen. A guerra civil do Iraque, por muitos anos, foi travada justamente entre a via iraniana e a via Al Qaeda. Os americanos optaram, neste caso, por ficar mais próximos da ala de Teerã.
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