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segunda-feira, 2 de maio de 2011

10 Anos depois Osama e o WTC unidos pelo simbolismo da morte

Lembro que em setembro de 2001 fiquei abismado com o que via pelas tvs, com as torres do WTC em chamas e logo depois desabando espetacularmente.  E no mesmo evento terrível os outros aspectos correlatos: o ataque ao Pentágono, o avião que caiu a caminho de Washington, o temor de que várias outras aeronaves estivessem em missões "kamikazes" por todo o país, a evacuação das autoridades e a perplexidade de W. George Bush, cuja feição de uma certa fleuma, encobria a falta de iniciativa naquele instante.
Mas se o próprio ataque e a subsequente queda das torres foi fortemente simbólica acerca da determinação dos jihadistas em atacar o coração do capitalismo e do "império" norte-americano, o anúncio ontem, pouco antes da meia-noite aqui no Brasil, de que o mentor daquele ataque, Osama Bin Laden fora morto por uma operação militar dos EUA no Paquistão, também teve um caráter fortemente simbólico.

Primeiro demonstrou que apesar do tempo decorrido, os Estados Unidos conseguiram sua vingança de fato contra aquele saudita que foi responsável pela morte de mais de três mil cidadãos norte-americanos em em seu próprio solo.  Segundo, que pela via militar e secundado pelo enorme aparato de segurança e inteligência (grandemente ampliados após o 11 de setembro de 2001), os EUA puderam marcar uma clara vitória contra a causa do terrorismo jihadista, sendo uma vitória mais expressiva do que as guerras travadas contra o Iraque e o Afeganistão, e até certo ponto inconclusas acerca da real vitória.  Até mesmo sobre a possibilidade de se alcançar tal vitória.
Pelo lado dos jihadistas é evidente que a perda de sua maior estrela é um revés político, pois mesmo sendo caçado por tanto tempo, o fato de não ter sido capturado ou morto, era por si só uma grande vitória contra a maior potência militar e econômica do mundo.
O governo Obama comemorou, como tinha que comemorar, a vitória alcançada, mas destacou igualmente o respeito às famílias enlutadas por aquele ataque em NY e a preocupação em não transformar o finado terrorista em uma vítima expressiva dos "inimigos do islã".  Houve um cuidado em transfomar sua execução em um martírio.
Se fosse capturado vivo, isso poderia galvanizar seus partidários contra os EUA e seus interesses, além de permitir sua sobrevivência como arauto da causa da Jihad.  Morto e sepultado no mar, morre o personagem e parte de sua mística - o quanto, dependerá do futuro.
Reações
Em Islamadad, capitão paquistanesa, houve uma intensificação da presença de tropas e blindados nas ruas para prevenir eventuais retaliações dos jihadistas.  O talibã nega a veracidade da morte de Osama.  Na Tunísia, uma fonte ligada a Al Qaeda confirmou a morte de Bin Laden, mas parece não haver uma "confirmação oficial" ainda, se é que a mesma virá.
Na Europa, os governos se solidarizaram com a Casa Branca e embora tenham sido unânimes no apoio aos norte-americanos, foram por outro lado comedidos nas manifestações, lembrando que se o líder jihadista está morto, sua causa e seus partidários não estão.
No mesmo tom, o Departamento de Estado alertou para que cidadãos norte-americanos em viagens ou residindo no exterior, evitem sair de casa ou se expor publicamente, além de aumentar sua atenção contra a possibilidade de atos de vingança por simpatizantes do terrorista.  Também foram aumentados os níveis de alerta em bases militares, representações diplomáticas, e demais instalações de propriedade do governo ou de cidadãos norte-americanos pelo mundo.
Em Israel, às primeiras horas da manhã de hoje, quando se lembra as vítimas do Holocausto com um minuto de silêncio, e que restringe as manifestações de alegria, a notícia surpreendeu e causou tanto alívio como temor de ações retaliatórias.
O Ataque Contra Osama
Por volta da 00:45 - hora de Brasília - o presidente Obama anunciou que numa operação executada por uma unidade de elite das Forças Armadas norte-americanas executou um ataque de 40 minutos contra um casarão de três andares numa cidade próxima da capital paquistanesa.
Osama foi morto com um tiro na cabeça quando os soldados ultrapassaram os altos muros da mansão (com mais de 6 metros de altura) e cerca de uns 40 guarda-costas.  O ataque foi levado à cabo exclusivamente por forças dos EUA e cujo governo comunicou ao seu congênere paquistanês, que a operação não era uma declaração de guerra ao país ou ao islã, e sim uma ação contraterrorista.
Ele vivia não numa caverna, mas numa cidade de mais de cem mil habitantes e vexatoriamente próxima a uma das academias militares do país-esconderijo, o que ajuda a alimentar a acusação de que o Pauistão "fez corpo mole" nos esforços para capturar o jihadista mais famoso do mundo.
Fonte: Agência Reuters


Mas a caçada contra Bin Laden conteve, se não a sua mensagem de ódio e fanatismo, pelo menos a margem de manobra da organização que ele liderava.
Primeiro a guerra do Afeganistão arrancou de Bin Laden sua base territorial mais confortável e o apoio dos seus aliados talibãs.  Hoje seu refúgio mais seguro tem sido os países do Chifre da África, especialmente o Iêmen.
Existem células terroristas em muitos locais, mas elas nem sempre gozam de suporte real e muito menos ostensivo para agir.
No Iraque, foram principalmente  as próprias ações dos norte-americanos que alimentaram e deram fôlego às ações dos jihadistas, então aliados aos insurgentes iraquianos xiitas ou não.  Equivocadas políticas levadas a efeito no pós-guerra acabaram por cimentar uma certa aliança entre os partidários da Jihad e a resistência contra a ocupação.  Embora, as disputas entre xiitas e sunitas tenha levado o país ao caos e deflagrado uma espiral de violência, quando não estavam se matando podiam voltar-se para os invasores cruzados liderados pelos EUA.
Em Gaza, a muito se sabe que o Hamas funcionou como uma barreira contra a instalação da Al Qaeda na região, tanto que não existe registro de nenhum atentado perpetrado por seguidores diretos de Osama contra Israel, o que ajuda a esclarecer até que ponto o movimento de resistência islâmico palestino é secular ou integrista.
A morte do líder terrorista é sem dúvida alguma um divisor de águas, embora não muito clara do que.  Poderia alimentar a possibilidade de um encerramento das operações no Afeganistão e no Iraque, embora dificilmente isso ocorrerá no curto prazo, ou fora do planejado, como no caso iraquiano.

Para a orgnização que ele liderava, a questão agora é a própria sucessão, embora seja da gênese da mesma, que constituindo-se por uma aglomeração de células autônomas, entendo ser esta uma questão menor.  Se não existia um vínculo organizacional ou operativo que dependesse da liderança, a troca de comando seria de somenos importância.
A vingança sempre é possível, e fora das manifestações reativas mais imediatas, a verdade é que algum ato de maior impacto vai demandar tempo.  Logo, o alerta internacional deverá ser por tempo indeterminado.
Já o seu sepultamento no mar, justificado segundo os EUA por não encontrar um país que quisesse receber o cadáver e a necessidade de limpar o corpo segundo rituais islâmicos, o que fica realmente é que a opção encontrada nega - aos fanáticos, simpatizantes e admiradores - um local de peregrinação e culto.
Um homem inegavelmente perigoso, embora caçado e vivendo nas sombras a muito tempo, líder de uma organização que perdeu muito de sua efetiva capacidade operacional maior, que encontrava muitas resistências entre os próprios muçulmanos - fossem os governos, fossem as populações - cuja família e riqueza foram sendo dilapidadas pela própria natureza da causa, etc, conseguiu unir contra si turcos, iranianos, líbios, europeus em geral e os EUA em particular, nas comemorações por seu extermínio. 
A morte, como na vida, forja estranhas alianças!

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