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domingo, 22 de janeiro de 2012

'ACUSAÇÃO CONTRA TROPAS INTERESSA A CRIMINOSOS'

 
PORTO PRÍNCIPE - O Estado de S.Paulo
A acusação de envolvimento de soldados brasileiros em Porto Príncipe em roubos e agressões serve a interesses de criminosos que desejam a retirada das tropas da ONU de áreas antes controladas pela criminalidade, como a favela de Cité Soleil. É o que afirma o general Luiz Eduardo Ramos Pereira, comandante da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (Minustah).

Em entrevista ao Estado, o comandante mostrou um relatório que acaba de ser concluído pela Polícia da ONU (Unpol), segundo o qual as acusações não são comprovadas.
Qual o motivo da redução do contingente da Minustah?
Antes do terremoto, a missão tinha cerca de 6.800 homens. Com o terremoto, houve um acréscimo de 2 mil - 1.200 do Brasil e 800 de outros países. A necessidade de ter esses 2 mil homens a mais já não é tão forte.
Esse corte pode ter impacto na segurança interna?
Pela análise que fizemos antes de tomar essa decisão, acreditamos que não. O Haiti tem apresentado sinais de melhoras que às vezes as pessoas não percebem. Creio que conseguiremos manter o mesmo padrão de segurança.
Existe perspectiva de fim da missão?Não existe uma data. Existem condicionantes, fatores a serem atingidos para que haja condição de sair. Somos cerca de 12 mil militares e policiais da ONU. Saindo daqui, seremos substituídos por quem? A polícia haitiana tem só 10 mil homens. Eles ainda não estão completamente preparados para a resposta a desastres naturais. Então, são fases que têm de ser atingidas. Vai ser uma decisão política conjunta entre o Haiti e as Nações Unidas.
Com relação às acusações de três homens de Cité Soleil, que dizem ter sido espancados e roubados por soldados brasileiros, como está a investigação?
A política da ONU, e o Brasil está sujeito a isso, é tolerância zero com quaisquer maus tratos e violações dos direitos humanos. Quando surgem essas acusações, a ONU tem uma preocupação imediata de abrir uma investigação. Na investigação já encerrada pela ONU, que estou apresentando em primeira mão ao Estado, não se comprovam as acusações. Porém não se fecha completamente, (não se diz) que não haja uma possibilidade. Tendo em vista que seja uma coisa bem isenta, a Minustah solicitou ao Brasil que envie os investigadores do próprio país, porque essa é a regra da ONU, para que venham tomar depoimentos e verificar o que realmente houve. No relatório, foi feita uma coisa bem forense, muito minuciosa, com fotografias, depoimentos. A testemunha não poderia ter visto (a cena) do local do beco onde estava. Os depoimentos se contradizem. O sinal do celular da (operadora) Digicel comprova que a patrulha não estava no local que alegam. Os veículos com as duas placas que foram citadas estavam na base no momento do incidente.
Quem fez a investigação?
A Polícia da ONU, com representantes de organizações dos direitos humanos e nossos. A maneira como eles foram agredidos, de se bater na pessoa com o facão, é um costume interno do Haiti. Nós não temos esse costume nem esse material. O comando vê a possibilidade de uso político desse incidente. Uma pesquisa feita após o incidente em Cité Soleil, onde ele ocorreu, mostra que 97% dos moradores são a favor da presença das tropas da Minustah na comunidade.
Não haveria a possibilidade de eles terem se sentido incentivados a falar bem da tropa?
Eles não foram fardados. Mas vamos refazê-la com elementos de entidades dos direitos humanos e o resultado vai ser igual. Porque a população mais simples vê o nosso soldado todo dia e o conhece. Ele ajuda, leva comida, dá segurança. É como no Complexo do Alemão. Mas existem interesses outros para que saiamos: a criminalidade caiu. Aqui em Cité Soleil não se consegue mais fazer uso de drogas. Há elementos internos lá que continuam tentando voltar ao status quo anterior. / L.S.

Fonte: Estado de São Paulo  http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,acusacao-contra-tropas--interessa-a-criminosos-,825696,0.htm

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