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domingo, 29 de janeiro de 2012

Ásia tem papel decisivo em sucesso de sanções contra programa iraniano


Adotada por EUA e Europa, a nova rodada de sanções contra o Irã depende em grande parte da Ásia para ter sucesso. China, Índia, Japão e Coreia do Sul importaram cerca de 60% do petróleo do país islâmico em 2011 e sua demanda será crucial para definir a extensão do impacto das medidas.
Pequim e Nova Délhi deixaram claro que não pretendem fazer parte do cerco à república islâmica e são potenciais beneficiários das sanções, já que poderão comprar petróleo com desconto para aumentar suas reservas estratégicas. Com o encolhimento no número de seus clientes, os iranianos serão pressionados a reduzir preços e conceder termos comerciais favoráveis aos poucos que restarem. Tradicionais aliados dos EUA no leste asiático, Japão e Coreia do Sul ainda não revelaram que posição adotarão.
Vistos como integrantes da esfera de influência americana na Ásia, os indianos expressaram de maneira crua sua intenção de ignorar as sanções e privilegiar o cálculo econômico - o que colide frontalmente com as aspirações de Washington. "Nós vamos agir de acordo com nossos interesses", afirmou o ministro do Petróleo indiano, S. Jaipal Reddy. Ressaltando que a república islâmica é o segundo maior fornecedor de petróleo para a Índia, Reddy afirmou que seu país pretende explorar "totalmente" as fontes iranianas porque os "termos são favoráveis".
Na semana passada, representantes dos dois países se reuniram para discutir caminhos que permitam a realização do pagamento de US$ 12 bilhões ao ano em importações de petróleo, operação dificultada pela punição que os EUA aplicarão a instituições que fizerem negócios com o Banco Central do Irã. O objetivo das sanções é forçar o Irã a abandonar seu programa de enriquecimento de urânio, que os EUA veem como o primeiro passo para a construção de um arsenal nuclear.
Maior destino das exportações de petróleo do Irã, a China busca um equilíbrio delicado entre seus interesses econômicos e comerciais e o relacionamento com os EUA, de longe o mais relevante na estratégia de Pequim. "Quanto mais apoio as sanções tiverem dos compradores asiáticos, mais eficazes elas serão", disse ao Estado Erica Downs, especialista em China e energia do Brookings Institution.
Na opinião da analista Amrita Sen, do Barclays Capital, a adesão apenas da Europa não será suficiente para provocar impacto significativo sobre o Irã. Para que as sanções tenham efeito sobre as vendas externas da república islâmica, é necessário que Japão e Coreia do Sul reduzam suas compras do produto, ponderou. No cenário que ela considera mais provável, os dois países vão diminuir gradualmente suas importações, ao mesmo tempo em que a Europa implementa o embargo ao produto dentro de seis meses. Se os dois movimentos ocorrerem, ela acredita que as exportações do Irã poderão diminuir em 1,4 milhão de barris por dia, mais da metade dos 2,6 milhões que o país vende ao exterior por ano.
Condições especiais. A grande dúvida é quanto desse excedente será adquirido por China e Índia, para quem os iranianos serão forçados a conceder condições especiais. Amrita acredita que o desconto pode chegar a US$ 10 por barril. Outros analistas estimam a redução em 20%. O produto estava cotado na casa dos US$ 100 na sexta-feira e ela acredita que o preço chegará a US$ 130 caso Japão e Coreia do Sul reduzam suas importações. Victor Shum, da consultoria em energia Purvin & Gertz, considera improvável a eliminação da dependência do petróleo iraniano por parte de Japão e Coreia do Sul: "Os dois países vão realizar um esforço para reduzir as importações e poderão usar esse gesto como argumento para pedir perdão pela violação das sanções".
China e Índia sustentam ser contra a obtenção de armas nucleares pelo Irã, mas discordam de sanções impostas por um único país ou bloco regional. "Aceitamos sanções que foram adotadas pela ONU. Outras sanções não se aplicam a países individuais. Não aceitamos essa posição", declarou na semana passada o ministro das Relações Exteriores da Índia, Ranjan Mathai.
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,asia-tem-papel-decisivo-em-sucesso-de-sancoes-contra-programa-iraniano-,828594,0.htm

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