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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Uma crise “enriquecida”

Mal acabaram as festas do Ano Novo e a crise em torno do Irã voltou a agravar-se ainda mais. Moscou e Washington responderam com críticas a informações dos cientistas iranianos sobre o reinício do processo de enriquecimento do combustível nuclear e os preços mundiais de petróleo sofreram mais uma série de abalos.
Na véspera o Conselho de Segurança da ONU promoveu uma série de consultas extraordinárias a respeito do problema nuclear do Irã. Os seus participantes exortaram o Irã a cessar imediatamente o enriquecimento do urânio e voltar à mesa de conversações com o sexteto de medianeiros internacionais, isto é, cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, mais a Alemanha.
O Irã prosseguiu com obras, destinadas a enriquecer o urânio até o nível de 20%, no novo centro subterrâneo Fordu. Os peritos afirmam que depois de ultrapassar este limite de 20% o Irã não terá mais nenhum obstáculo para criar armas nucleares. Este roteiro não convém tanto ao Ocidente, que encara tradicionalmente com grande receio o problema nuclear iraniano, como à Rússia. Moscou constatou: a República Islâmica continua a ignorar as exigências da comunidade internacional e, como é natural, isso é lamentável. Aliás Teerã afirma que os cientistas iranianos tinham avisado a tempo a Agência Internacional de Energia Atômica sobre o início destas obras e todo o material nuclear está sob o controle desta agência.
A secretária de Estado norte-americano Hillary Clinton exortou, por sua vez, as autoridades iranianas a cancelar imediatamente este trabalho e voltar à mesa de conversações com o sexteto de medianeiros. Ressaltou também que Washington continuará a seguir a via diplomática de solução do problema e asseverou que os EUA respeitam o direito do povo iraniano de possuir o átomo pacífico.
Mas Washington jamais soube contentar-se exclusivamente com os métodos diplomáticos. Os seus métodos mais habituais são a pressão econômica e política. Em novembro os EUA, Canadá e Grã-Bretanha já impuseram sanções contra os setores energético e financeiro do Irã. Agora os senadores americanos exortam a União Européia a decretar com urgência o embargo para os fornecimentos do petróleo iraniano.
O agravamento de relações entre o Irã e o Ocidente tem como pano de fundo o recente escândalo, provocado pela publicação de um informe da Agência Internacional de Energia Atômica. Neste documento afirma-se que Teerã estaria à beira da produção de armas nucleares. Os diplomatas russos declararam na ocasião que não dispõem de nenhum fato confirmando esta versão. No entanto, o Irã interpretou o surgimento do informe como mais um passo rumo à intromissão violenta nos seus assuntos internos e ameaçou barrar o estreito de Ormuz, através do qual o petróleo do Próximo Oriente é transportado para o Ocidente. Em resposta os EUA e a OTAN começaram a concentrar navios de guerra nesta região. Todavia o orientalista Vladimir Sotnikov reputa que é pouco provável que tudo isso degenere em operações militares de plena envergadura.
Ambas as partes compreendem que existe um certo limite, dentro do qual há espaço para manobras que permitam resolver as questões por meios diplomáticos. Na realidade, os americanos impuseram as suas sanções econômicas contra o Irã, mas para o presidente Barack Obama agora é desvantajoso dar início a quaisquer operações militares contra o Irã, pois isso não vai contribuir para a elevação do seu rating na véspera das eleições presidenciais.
Apesar do agravamento da situação, Teerã pode contar, assim como antes, com a ajuda diplomática por parte da Rússia e da China e a sua posição vai influenciar inevitavelmente as tendências belicosas dos que encaram o Irã apenas como inimigo. Tanto Moscou, como Beijing estão certos de que uma guerra pode virar uma catástrofe não somente para a região, mas para o mundo em geral.


Ver também:
  1. Cientistas adiantam relógio do fim do mundo http://portuguese.ruvr.ru/2012/01/13/63764594.html

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