Um projeto de
lei, já enviado ao Congresso Nacional, estabelece que o Estado passa a
controlar a empresa - que havia sido privatizada nos anos 1990.
A presidente justificou a decisão diante
da queda na produtividade da petroleira, no aumento inédito das importações de
combustíveis, no passado, e no fato do país ser um dos poucos no mundo que não
tem o "controle" deste setor.
"Depois de dezessete anos, pela
primeira vez em 2010, tivemos que importar gás e petróleo. Também tivemos
redução no saldo comercial [devido à queda nas exportações do setor], que entre
2006 e 2011 foi de 150%", afirmou.
"Não se trata de estatização, mas de
recuperação da empresa, que passará a ser controlada pelo Estado
argentino", disse, em rede nacional de rádio e de televisão.
Ela também anunciou a assinatura de um
decreto intervindo na companhia, que passará a ser administrada por autoridades
locais, antes mesmo da aprovação do texto pelos parlamentares argentinos.
Reação
O anúncio da nacionalização era esperado
há vários dias e já tinha gerado forte reação das autoridades da Espanha.
Durante o discurso, Cristina leu trechos
de reportagens da imprensa espanhola sobre o assunto e afirmou. "Essa
presidente não fará eco de frases insolentes [da Espanha]. Primeiro porque sou
chefe de Estado. Minha responsabilidade é conduzir", disse.
Pouco depois do anúncio, a número dois do
partido governista da Espanha (PP), Dolores de Cospedal, disse que o governo
espanhol "responderá" à medida argentina. "Nesta questão, a
Espanha tem o apoio dos sócios europeus e outros sócios".
Na sexta-feira passada, a Comissão
Europeia afirmou ter o "dever de defender os investimentos realizados
pelos estados-membros do bloco no exterior", sinalizando apoio à Espanha.
O rei Juan Carlos também teria telefonado
para Cristina tentando evitar a expropriação. O diretor da Repsol-YPF, Antonio
Brufau, ainda pedia diálogo poucas horas antes do anúncio presidencial.
Petrobras
Cristina afirmou que a decisão argentina
não é um "fato inédito", já que outros governos, como México e
Bolívia, possuem 100% das empresas petrolíferas estatais. Ela citou o Brasil
como um modelo.
"No Brasil, o estado tem 51% [das
ações] por meio da Petrobras. Nós escolhemos o mesmo caminho [com a
Repsol-YPF]. Queremos ter uma relação igualitária com nosso sócio [Brasil],
para ajudar a América Latina a se transformar também em região de
auto-abastecimento. E, por isso, queremos incluir Venezuela no Mercosul para
fechar o anel energético", disse.
O restante das ações da Repsol-YPF -mais
de 40%- corresponderá às províncias e um percentual reduzido aos espanhóis
(especula-se que em torno de 6%).
A presidente disse que a medida não afeta
"outros sócios ou acionistas" da Repsol-YPF. No entanto, após o
anúncio, as ações da empresa registraram forte queda na Argentina e no mercado
internacional.
A presidente afirmou também que seu
governo quer trabalhar junto com o empresariado, mas que "não vai
tolerar" a falta de cooperação com seu país. O anúncio da presidente foi
interpretado por analistas argentinos como sinal de “maior ingerência do
Estado” na economia local.
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