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domingo, 1 de abril de 2012

BRICS – Dilma critica ameaça militar e sanções ao Irã


NOVA DÉLHI – Em declaração conjunta, os Brics criticaram as ameaças militares contra o Irã em razão do programa militar do país. A presidente Dilma Roussef atacou a "retórica agressiva" e se opôs às sanções econômicas que Estados Unidos e União Europeia vem implementando contra os iranianos.
- Em vez de [adotar a] retórica agressiva, [devemos todos nos basear no] direito internacional, no direito dos países de usarem energia nuclear para fins pacíficos, assim como nós fazemos, e que haja um acordo, que se coloque a Agência Internacional de Energia Atômica [Aiea] a procurar que as partes baixem o nível da retórica e se entendam – disse Dilma.
O ex-ministro das Relações Exteriores da Rússia e hoje diplomata Sergei Ryabkov apresentou "preocupação crescente" com a tensão militar.
- Pode haver a explosão de um conflito por causa de um erro fatal cometido por alguém ou por algum acidente de qualquer tipo. Pode acontecer, porque a situação está muito tensa.
Menos direto, o premier da Índia, Manmohan Singh, afirmou que "a única solução para os problemas da Síria e do Irã só podem ser encontradas por meio do diálogo"
O Irã alega que o seu programa nuclear tem fins pacíficos, mas alguns países – como os Estados Unidos e Israel – suspeitam que há nele interesse militar.
- A Rússia continua firme na crença de que não há prova credível de que haja componente militar no programa iraniano, disse Ryabkov.
Saída diplomática
Os Brics – que englobam Brasil, Rússia, Índia, China e África e do Sul, quase metade da população mundial e 1/5 da produção econômica – reuniram-se hoje em Nova Délhi, na quarta cúpula do grupo.
China e Rússia são membros permanentes no Conselho de Segurança da ONU, tendo poder de veto a resoluções. O que pode significar, por exemplo, o impedimento de uma intervenção militar no Irã. (grifo meu)
A declaração conjunta afirma que a crise sobre o programa nuclear iraniano deve ser resolvida de maneira diplomática. "Não se deve permitir a evolução para um conflito que não seria de envolvimento de ninguém", diz o texto.
Israel vem defendendo uma intervenção militar e, em reunião no início de março com o premier britânico – David Cameron – o presidente Barack Obama afirmou que a "janela diplomática" do Irã está encolhendo.
O texto faz referências indiretas às sanções econômicas aplicadas por americanos e europeus. Os americanos aprovaram no início deste ano uma legislação que permite ao país restringir negociações com quem compre petróleo iraniano, a vigorar a partir de junho; 10 Estados Membros da União Europeia adotaram medidas para reduzir importações do produto.
A declaração parece defender que apenas as sanções aprovadas anteriormente pelo Conselho de Segurança da ONU são válidas.
"Nós reconhecemos o direito do Irã de usar pacificamente a energia nuclear, de acordo com seus compromissos internacionais e apoiamos a resolução das questões envolvidas por meios diplomáticos e políticos e diálogo entre as partes envolvidas, incluindo entre a Agência Internacional de Energia Atômica e de acordo com as determinações do Conselho de Segurança da ONU", diz o texto.
Dilma se responsabilizou por tornar o ataque mais explícito:
- O Brasil não concorda com esses protestos retóricos de elevação do nível da discussão. Acho extremamente perigosas as medidas de bloqueio de compras do Irã, apesar de não termos relações comerciais com o Irã, mas outros países têm e precisam dessas compras.

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