NOVA DÉLHI – Em
declaração conjunta, os Brics criticaram as ameaças militares contra o Irã em
razão do programa militar do país. A presidente Dilma Roussef atacou a
"retórica agressiva" e se opôs às sanções econômicas que Estados
Unidos e União Europeia vem implementando contra os iranianos.
- Em vez de
[adotar a] retórica agressiva, [devemos todos nos basear no] direito
internacional, no direito dos países de usarem energia nuclear para fins
pacíficos, assim como nós fazemos, e que haja um acordo, que se coloque a
Agência Internacional de Energia Atômica [Aiea] a procurar que as partes baixem
o nível da retórica e se entendam – disse Dilma.
O ex-ministro
das Relações Exteriores da Rússia e hoje diplomata Sergei Ryabkov apresentou
"preocupação crescente" com a tensão militar.
- Pode haver a
explosão de um conflito por causa de um erro fatal cometido por alguém ou por
algum acidente de qualquer tipo. Pode acontecer, porque a situação está muito
tensa.
Menos direto, o
premier da Índia, Manmohan Singh, afirmou que "a única solução para os
problemas da Síria e do Irã só podem ser encontradas por meio do diálogo"
O Irã alega que
o seu programa nuclear tem fins pacíficos, mas alguns países – como os Estados
Unidos e Israel – suspeitam que há nele interesse militar.
- A Rússia
continua firme na crença de que não há prova credível de que haja componente
militar no programa iraniano, disse Ryabkov.
Saída
diplomática
Os Brics – que
englobam Brasil, Rússia, Índia, China e África e do Sul, quase metade da população
mundial e 1/5 da produção econômica – reuniram-se hoje em Nova Délhi, na quarta
cúpula do grupo.
China e Rússia
são membros permanentes no Conselho de Segurança da ONU, tendo poder de veto a
resoluções. O que pode significar, por exemplo, o impedimento de uma
intervenção militar no Irã. (grifo meu)
A declaração
conjunta afirma que a crise sobre o programa nuclear iraniano deve ser
resolvida de maneira diplomática. "Não se deve permitir a evolução para um
conflito que não seria de envolvimento de ninguém", diz o texto.
Israel vem
defendendo uma intervenção militar e, em reunião no início de março com o
premier britânico – David Cameron – o presidente Barack Obama afirmou que a
"janela diplomática" do Irã está encolhendo.
O texto faz
referências indiretas às sanções econômicas aplicadas por americanos e
europeus. Os americanos aprovaram no início deste ano uma legislação que
permite ao país restringir negociações com quem compre petróleo iraniano, a
vigorar a partir de junho; 10 Estados Membros da União Europeia adotaram
medidas para reduzir importações do produto.
A declaração
parece defender que apenas as sanções aprovadas anteriormente pelo Conselho de
Segurança da ONU são válidas.
"Nós
reconhecemos o direito do Irã de usar pacificamente a energia nuclear, de acordo
com seus compromissos internacionais e apoiamos a resolução das questões
envolvidas por meios diplomáticos e políticos e diálogo entre as partes
envolvidas, incluindo entre a Agência Internacional de Energia Atômica e de
acordo com as determinações do Conselho de Segurança da ONU", diz o texto.
Dilma se
responsabilizou por tornar o ataque mais explícito:
- O Brasil não
concorda com esses protestos retóricos de elevação do nível da discussão. Acho
extremamente perigosas as medidas de bloqueio de compras do Irã, apesar de não
termos relações comerciais com o Irã, mas outros países têm e precisam dessas
compras.
Agência O Globo (a partir de http://navalbrasil.com/em-cupula-dos-brics-dilma-critica-ameaca-militar-e-sancoes-ao-ira/)
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