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sábado, 7 de abril de 2012

BRICS - Novos tempos



    A comunidade internacional manterá por tanto sua atenção sobre o encontro, em busca de sinais de futuros acordos dos principais representantes do Sul.
     Os chefes de Estado das cinco principais economias emergentes –Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul- assistirão à IV Cúpula dos BRICS que se celebrará em Nova Délhi, Índia, nessa quarta e na quinta-feira (29 e 30).
     Após a incorporação da África do Sul ao grupo em abril de 2011, a estatura econômica do BRICS cresceu até 11,7 bilhões de dólares. O PIB nominal combinado dos países BRICS assumiu 18,5 por cento do PIB mundial en 2010. Esta cifra se incrementa a 26,7 por cento se for medida em termos de paridade de poder de compra.
     De fato, a brecha econômica entre os BRICS e o G8 está se reduzindo gradualmente. Excetuando a Rússia, o resto do G8 –Canadá, França, Alemanha, Japão, Itália, Reino Unido e Estados Unidos- assumiram 38,3 por cento do PIB mundial em termos de paridade de poder de compra. Este diferencial se reduzirá ainda mais nos próximos anos, já que vários membros do G8 se encontram lutando para superar suas dificuldades econômicas crônicas. A expansão da economia dos países BRICS, ao contrário, é esperado que se mantenha forte e estável.
     O BRICS não é só um grupo das maiores economias de mercado emergentes e de maior crescimento, senão também uma união de três continentes em desenvolvimento, Ásia, África e América do Sul. O grupo salienta o novo núcleo da atividade econômica, que se move pouco a pouco desde América do Norte e Europa, o “Norte” desenvolvido, até o “Sul” em desenvolvimento. Não inclui nenhum país da OCDE, a maioria dos quais são economias desenvolvidas de altos rendimentos da América do Norte e Europa que se encontram atualmente num profundo estagnação econômica. Com 42 por cento da população mundial e um enorme potencial econômico, os BRICS simbolizam o novo “pólo” econômico global. Num sentido geopolítico mais amplo, mostra a crescente cooperação Sul-Sul, que, novamente, é uma consequência natural da mudança dinâmica da economia global.
      A crise financeira na Europa tem estabelecido a emergência dos países BRICS como uma importante fonte de estabilidade econômica global. Varias discussões tem ocorrido sobre o oferecimento de assistência dos BRICS à Europa para ajudar na superação de suas dificuldades, e com mais de 4 bilhões de dólares em reservas de divisas, os países BRICS são certamente capazes de apoiar substancialmente a Europa. Logo, no entanto, o grupo não chegou a qualquer decisão sobre se devem assumir as obrigações europeias. Mas, fazê-lo ou não, o papel futuro do grupo na gestão das instituições financeiras mundiais e na arquitetura financeira mundial serão temas centrais de discussão nesta reunião. Os membros do BRICS já têm contribuído com o FMI, e é esperado uma maior presença no cerne do FMI possa proporcionar uma ajuda significativa à Europa. No entanto, a ajuda dos BRICS provavelmente virá acompanhada de exigências por parte do grupo quanto a uma maior participação na gestão do FMI.
      Vários países europeus são importantes sócios comerciais de membros do BRICS, sendo assim é do seu próprio interesse que a Europa se recupere com rapidez. No entanto não descartam que revitalizar a Europa vai levar tempo. Nesse caso, os membros do BRICS deveriam considerar uma maior cooperação no comércio e investimento entre eles mesmos. Se bem que é demasiado cedo para pensar nos BRICS como um marco de comércio e investimentos. As instancias passadas de cooperação entre os membros do BRICS na OMC, referentes a temas de interesse comum como agricultura, por exemplo, podem impulsioná-los a explorar possibilidades de colaboração. São também importantes os esforços para facilitar um maior comércio e investimento entre os países do BRICS, dado que o mundo desenvolvido recorre cada vez mais ao protecionismo e a políticas comerciais centradas em seus próprios interesses, as quais limitam o acesso ao mercado de várias exportações dos BRICS.
     Nos quatro anos desde a primeiro encontro dos BRICS na Rússia, em 2009, o encontro foi mais além da discussão unicamente de questões econômicas mas envolveu outros temas de significado estratégico global. Sendo assim além do comércio, a economia e a reforma da governança global, se espera que a reunião também trate outros assuntos como a segurança internacional, terrorismo, mudança climática e segurança alimentar e energética. É natural, não só porque a importância estratégica dos BRICS tem aumentado, mas também porque o resto do mundo espera que os BRICS joguem um papel importante no momento de confrontar as principais questões globais.
     A comunidade internacional manterá por tanto seu olhar atento sobre a reunião dos BRICS, em busca de sinais sobre aquilo que é concernente a fazer no futuro os principais representantes do Sul.
Autor: Amitendu Palit
Fonte: Dinâmica Global http://dinamicaglobal.blogspot.com.br/

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