A comunidade
internacional manterá por tanto sua atenção sobre o encontro, em busca de
sinais de futuros acordos dos principais representantes do Sul.
Os chefes de Estado das cinco principais
economias emergentes –Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul- assistirão
à IV Cúpula dos BRICS que se celebrará em Nova Délhi, Índia, nessa quarta e na
quinta-feira (29 e 30).
Após a incorporação da África do Sul ao
grupo em abril de 2011, a estatura econômica do BRICS cresceu até 11,7 bilhões
de dólares. O PIB nominal combinado dos países BRICS assumiu 18,5 por cento do
PIB mundial en 2010. Esta cifra se incrementa a 26,7 por cento se for medida em
termos de paridade de poder de compra.
De fato, a brecha econômica entre os BRICS
e o G8 está se reduzindo gradualmente. Excetuando a Rússia, o resto do G8
–Canadá, França, Alemanha, Japão, Itália, Reino Unido e Estados Unidos-
assumiram 38,3 por cento do PIB mundial em termos de paridade de poder de
compra. Este diferencial se reduzirá ainda mais nos próximos anos, já que
vários membros do G8 se encontram lutando para superar suas dificuldades
econômicas crônicas. A expansão da economia dos países BRICS, ao contrário, é
esperado que se mantenha forte e estável.
O BRICS não é só um grupo das maiores
economias de mercado emergentes e de maior crescimento, senão também uma união
de três continentes em desenvolvimento, Ásia, África e América do Sul. O grupo
salienta o novo núcleo da atividade econômica, que se move pouco a pouco desde
América do Norte e Europa, o “Norte” desenvolvido, até o “Sul” em
desenvolvimento. Não inclui nenhum país da OCDE, a maioria dos quais são
economias desenvolvidas de altos rendimentos da América do Norte e Europa que
se encontram atualmente num profundo estagnação econômica. Com 42 por cento da
população mundial e um enorme potencial econômico, os BRICS simbolizam o novo
“pólo” econômico global. Num sentido geopolítico mais amplo, mostra a crescente
cooperação Sul-Sul, que, novamente, é uma consequência natural da mudança
dinâmica da economia global.
A crise financeira na Europa tem
estabelecido a emergência dos países BRICS como uma importante fonte de
estabilidade econômica global. Varias discussões tem ocorrido sobre o
oferecimento de assistência dos BRICS à Europa para ajudar na superação de suas
dificuldades, e com mais de 4 bilhões de dólares em reservas de divisas, os
países BRICS são certamente capazes de apoiar substancialmente a Europa. Logo,
no entanto, o grupo não chegou a qualquer decisão sobre se devem assumir as
obrigações europeias. Mas, fazê-lo ou não, o papel futuro do grupo na gestão
das instituições financeiras mundiais e na arquitetura financeira mundial serão
temas centrais de discussão nesta reunião. Os membros do BRICS já têm
contribuído com o FMI, e é esperado uma maior presença no cerne do FMI possa
proporcionar uma ajuda significativa à Europa. No entanto, a ajuda dos BRICS
provavelmente virá acompanhada de exigências por parte do grupo quanto a uma
maior participação na gestão do FMI.
Vários países europeus são importantes
sócios comerciais de membros do BRICS, sendo assim é do seu próprio interesse
que a Europa se recupere com rapidez. No entanto não descartam que revitalizar
a Europa vai levar tempo. Nesse caso, os membros do BRICS deveriam considerar
uma maior cooperação no comércio e investimento entre eles mesmos. Se bem que é
demasiado cedo para pensar nos BRICS como um marco de comércio e investimentos.
As instancias passadas de cooperação entre os membros do BRICS na OMC,
referentes a temas de interesse comum como agricultura, por exemplo, podem
impulsioná-los a explorar possibilidades de colaboração. São também importantes
os esforços para facilitar um maior comércio e investimento entre os países do
BRICS, dado que o mundo desenvolvido recorre cada vez mais ao protecionismo e a
políticas comerciais centradas em seus próprios interesses, as quais limitam o
acesso ao mercado de várias exportações dos BRICS.
Nos quatro anos desde a primeiro encontro
dos BRICS na Rússia, em 2009, o encontro foi mais além da discussão unicamente
de questões econômicas mas envolveu outros temas de significado estratégico
global. Sendo assim além do comércio, a economia e a reforma da governança
global, se espera que a reunião também trate outros assuntos como a segurança
internacional, terrorismo, mudança climática e segurança alimentar e
energética. É natural, não só porque a importância estratégica dos BRICS tem
aumentado, mas também porque o resto do mundo espera que os BRICS joguem um
papel importante no momento de confrontar as principais questões globais.
A comunidade internacional manterá por
tanto seu olhar atento sobre a reunião dos BRICS, em busca de sinais sobre
aquilo que é concernente a fazer no futuro os principais representantes do Sul.
Autor: Amitendu
Palit
Fonte: Dinâmica
Global http://dinamicaglobal.blogspot.com.br/
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