de Gustavo Chacra
A Irmandade
Muçulmana decidiu lançar o empresário Kheirat al Shater (a esquerda) neste domingo como
candidato à Presidência porque temia a emergência do salafista e radical Hazem
Salah Abu Ismail (ao lado, de barba comprida) como favorito na disputa.
Antes disso, a organização islâmica trabalhava com o Conselho Supremo
das Forças Armadas para escolher conjuntamente um nome neutro.
Para a
Irmandade, o ideal seria manter apenas o controle do Parlamento e da
constituinte, deixando os militares com alguma força no poder executivo. Diante
da ameaça e do radicalismo de Ismail, o próprio Exército concordou, apesar de
não publicamente, que a única alternativa seria Shater.
Caso sua
candidatura alavanque, como é provável, Ismail se transformaria apenas em um
candidato marginal. Amr Moussa, ex-secretário geral da Liga Árabe e laico,
passaria a ser o principal adversário.
Neste cenário, o
Egito teria duas opções moderadas para os padrões do Oriente Médio. De um lado,
um executivo religioso, mas sem radicalismo, que exerceria um governo
pragmático, preocupado com a política doméstica e uma agenda interna não muito
distinta da de Recep Tayyp Erdogan, premiê da Turquia. Do outro, um experiente
burocrata que busca manter o secularismo do Egito.
É importante,
porém, observar com atenção a constituinte do Egito, que é completamente
controlada pela própria Irmandade e pelos salafistas. Neste caso, esperamos que
a tradicional organização islâmica defenda os valores mais moderados de Shater,
não cedendo ao radicalismo de Ismail.
O Egito, assim
como a Tunísia, ruma para a democracia. Mas o caminho será longo e repleto de
obstáculos.
Fonte O Estado de São Paulo http://blogs.estadao.com.br/gustavo-chacra/diante-do-radical-salafista-candidato-da-irmandade-no-egito-e-moderado/
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