Por
Louis Charbonneau
NAÇÕES UNIDAS, 31 de março
(Reuters) - O fim de quase uma década do impasse nuclear entre o Irã e as
principais potências mundiais será possível se os EUA e seu aliados europeus
reconhecerem o direito do Irã de enriquecer urânio, disse um ex-negociador do
Irã em um artigo na imprensa.
"As conversas entre o Irã e os cinco
membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, junto à Alemanha (P5+1),
marcadas para o mês que vem, são a melhor oportunidade de acabar com o impasse,
que já dura nove anos, sobre o programa nuclear do Irã," Hossein
Mousavian, ex-chefe de negociações para assuntos nucleares do Irã, escreveu em
um editorial para o jornal Boston Globe.
Mousavian, que agora é um professor
visitante da Universidade de Princeton, em Nova Jersey, era visto como um
moderado, quando fazia parte do governo do Irã. Apesar dele atualmente não
participar da elaboração de políticas, tais comentários sobre a maneira de
pensar do Irã são raros.
O Irã diz que seu programa nuclear é
pacífico e rejeita as alegações norte-americanas e europeias de que está
secretamente acumulando energia para produzir armas atômicas. O Irã rejeitou as
exigências do Conselho de Segurança para que o país suspenda o enriquecimento e
outras atividades nucleares confidenciais, dizendo que tem o direito soberano à
energia atômica.
Isso levou a ONU a impor, quatro vezes,
sanções cada vez mais rigorosas ao país, com a suas instituições financeiras,
algumas subsidiárias de sua principal empresa de navegação e empresas ligadas à
Guarda Revolucionária Islâmica.
Nos últimos meses, tem havido uma
crescente especulação sobre possíveis ataques aéreos israelenses, cujos alvos
seriam instalações nucleares iranianas - e que alguns analistas temem que
poderão desencadear uma Guerra no Oriente Médio.
Para que as conversações, que devem
acontecer em meados de abril, possam abrir o caminho para uma solução do
impasse com o Irã, Mousavian disse que os EUA e seus aliados europeus precisam
deixar claro que a guerra e a coação não são as únicas opções.
Eles precisam procurar ter um diálogo mais
amplo com Teerã, como o presidente Barack Obama já sugeriu inúmeras vezes.
"Isso poderia dar certo - desde 2003,
o Irã tem procurado uma solução viável e duradoura para o impasse
diplomático," escreveu Mousavian, que foi negociador chefe do programa
nuclear iraniano de 2003 a 2005, antes de o atual presidente Mahmoud
Ahmadinejad ter assumido no lugar de Mohammad Khatami.
FONTE: Reuters http://br.reuters.com/article/topNews/idBRSPE82U03X20120331
Nenhum comentário:
Postar um comentário