WASHINGTON - Estados Unidos e Israel
desenvolveram juntos um sofisticado vírus de computador, apelidado como Flame,
que reunia informações sigilosas como preparativo para a espionagem cibernética
que tinha como objetivo retardar a capacidade iraniana de desenvolver uma arma
nuclear.
O imenso código malicioso mapeou e monitorou
secretamente as redes de computador iranianas e enviou de volta um fluxo
contínuo de informações sigilosas para a preparação de uma campanha de guerra
cibernética, de acordo com fontes ocidentais.
A iniciativa, que envolveu a Agência de
Segurança Nacional (NSA), a CIA e o Exército israelense, incluiu o uso de
software destrutivo como o vírus Stuxnet com o objetivo de provocar defeitos no
equipamento de enriquecimento de urânio do Irã.
Os detalhes que emergiram a respeito do
Flame trazem novas pistas a respeito daquela que é considerada a primeira
campanha contínua de sabotagem cibernética contra um adversário dos EUA.
"Trata-se de preparar o campo de
batalha para um novo tipo de missão secreta", disse um ex-funcionário do
alto escalão do serviço americano de informações, acrescentando que Flame e
Stuxnet foram elementos de um ataque mais amplo que prossegue até hoje. "A
coleta cibernética de dados contra o programa iraniano já avançou muito mais do
que isso." O Flame foi descoberto no mês passado depois que o Irã detectou
uma série de ataques cibernéticos contra sua indústria do petróleo. A ação foi
dirigida por Israel numa operação unilateral que aparentemente pegou
desprevenidos seus parceiros americanos, de acordo com vários representantes do
governo americano e de países ocidentais que comentaram o caso sob condição de
anonimato.
Especulou-se a respeito da participação de
Washington no desenvolvimento do Flame, mas a colaboração entre EUA e Israel na
criação do vírus ainda não tinha sido confirmada. Analistas comerciais de
segurança digital relataram na semana passada que o Flame continha parte do
código encontrado no Stuxnet. Especialistas descreveram essa semelhança como
uma espécie de prova genética da origem comum dos dois tipos de código
malicioso, que seriam a obra de uma mesma entidade.
Porta-vozes da CIA, da NSA e do Gabinete
do Diretor Nacional de Informações, bem como da Embaixada de Israel em
Washington, não quiseram comentar o caso.
O vírus está entre os mais sofisticados
exemplos de código malicioso já revelados até hoje. Especialistas dizem que o
programa foi criado para se reproduzir mesmo nas redes de altíssima segurança,
passando então a controlar as funções habituais dos computadores para enviar
segredos de volta aos seus criadores.
O código era capaz de ativar microfones e
câmeras dos computadores, registrar os comandos digitados no teclado, captar
imagens exibidas na tela, extrair dados de localização geográfica a partir de
imagens, e também enviar e receber comandos por meio da tecnologia sem fio
Bluetooth.
O Flame foi projetado para fazer tudo isso
enquanto se fazia passar por uma atualização de software rotineira da
Microsoft; o vírus passou anos sem ser detectado graças ao uso de um
sofisticado programa capaz de decifrar um algoritmo criptográfico.
"Não se trata de algo que a maioria
dos pesquisadores de segurança eletrônica tenha a habilidade e os recursos
necessários para realizar", disse Tom Parker, diretor de tecnologia da
FusionX, empresa de segurança especializada na simulação de ataques
cibernéticos patrocinados pelo Estado. Ele disse não saber quem estava por trás
do vírus. "Isso só poderia ser a obra dos mais avançados matemáticos
criptográficos, como os que trabalham para a NSA."
A cooperação entre americanos e
israelenses tinha como objetivo retardar o avanço do programa nuclear iraniano
e reduzir a pressão por um ataque militar convencional.
Com informações
do WASHINGTON POST
Fonte: O Estado de São Paulo http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,detalhes-sobre-virus-que-atacou-ira-sao-revelados,889092,0.htm
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