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Por Shaimaa Fayed
CAIRO, 29 Jun (Reuters) - O
presidente eleito do Egito, o islâmico Mohamed Mursi, fez um discurso de
posse informal nesta sexta-feira diante de dezenas de milhares de
apoiadores na Praça Tahrir, no Cairo, numa afronta aos generais que
tentam limitar seu poder.
"Juro por Deus que protegerei sinceramente o sistema republicano e
que respeito a Constituição e o império da lei", disse Mursi perante a
reação entusiasmada da multidão, grande parte da qual era de seguidores
de sua outrora proibida Irmandade Muçulmana.
"Cuidarei dos interesses do povo e protegerei a independência da
nação e a segurança de seu território", disse o barbudo Mursi, vestindo
paletó e camisa aberta no colarinho.
Mursi deve tomar posse oficialmente no sábado diante da corte constitucional, e não diante do parlamento, como de hábito.
Neste mês, a corte dissolveu a Câmara baixa, dominada pelos
islamistas, como parte de uma série de medidas para garantir que os
generais, que assumiram no lugar do líder deposto Hosni Mubarak,
manterão pulso firme nos assuntos egípcios mesmo depois que Mursi foi
empossado.
"Não há poder acima do poder do povo", disse ele. "Hoje vocês são
a fonte deste poder. Vocês dão e retiram este poder de quem quiserem".
Seu discurso desafiador foi uma clara provocação ao Exército, que também diz representar a vontade do povo.
O engenheiro, de 60 anos, se dirigiu "aos muçulmanos e cristãos
do Egito" e lhes prometeu "um Estado civil, nacionalista e
constitucional".
Mursi também prestou homenagem a um clérigo militante egípcio preso nos Estados Unidos.
"Vejo a família de Omar Abdel-Rahman (em Tahrir)", disse. "E vejo
os cartazes das famílias daqueles que foram encarcerados pelos
militares".
Ele prometeu trabalhar pela soltura dos prisioneiros, incluindo Abdel-Rahman.
TRANSIÇÃO INTERMITENTE
Dezenas de milhares de egípcios saudaram a chegada de Mursi na praça, o centro nervoso do levante anti-Mubarak.
"Falem alto, egípcios, Mursi é o presidente da República",
entoavam. "Uma revolução completa ou nada. Abaixo, abaixo o governo
militar. Nós, o povo, somos a linha vermelha".
O conselho militar que tirou Mubarak do caminho em 11 de
fevereiro de 2011 supervisou uma transição caótica e intermitente desde
então, realizando eleições parlamentares e presidenciais mas na prática
negando seu desfecho para preservar seu próprio poder.
"Aceitamos que o parlamento esteja dissolvido?", agitadores do
Partido Justiça e Liberdade (PJL), da Irmandade Muçulmana, indagavam ao
aglomerado na Tahrir. "Não", troavam em resposta os partidários.
Mursi foi declarado presidente no domingo passado, uma tensa
semana após o segundo turno do pleito no qual derrotou por pouco o
ex-chefe da Aeronáutica Ahmed Shafik, último primeiro-ministro de
Mubarak.
Após ser empossado como primeiro presidente civil democraticamente
eleito do mais populoso Estado árabe no sábado, Mursi falaria na
Universidade do Cairo, informou um comunicado presidencial.
Centenas de manifestantes estão acampados na Tahrir há semanas para pressionar o Exército a transferir o poder aos civis.
"Estou aqui para dizer ao conselho militar que nós, o povo,
elegemos o parlamento, então somente nós, o povo, podemos dissolvê-lo",
disse Intissar al-Sakka, professora e membro do PJL.
O conselho militar vem prometendo há tempos entregar o poder ao
próximo presidente em 1o de julho, mas fontes do Exército disseram que a
cerimônia foi adiada, sem dar um motivo ou uma nova data.
Fonte: Reuters http://br.reuters.com/article/worldNews/idBRSPE85S06C20120629?pageNumber=3&virtualBrandChannel=0
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