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sábado, 30 de junho de 2012

‘Talvez tenha sido mera coincidência’


    
      Em uma coletiva de imprensa na última segunda-feira (25), o vice-primeiro-ministro turco, Bülent Arinç, disse que o avião de reconhecimento turco RF-4E desaparecido dois dias antes havia sido derrubado pela defesa antiaérea síria.
     “Segundo os vídeos disponíveis na internet, é bem possível que o avião turco tenha sido abatido pelo fogo de artilharia”  Analista militar tenente-general Leonid Ságuin
“Não há dúvida alguma de que os sírios atacaram propositadamente nosso avião que, aliás, sobrevoava o espaço aéreo internacional”, disse o governante turco. “Além disso, a Síria tentou, sem sucesso, derrubar uma outra aeronave turca que chegou ao local para localizar os destroços da primeira”, completou.
     Como era de se esperar, o fato teve grande repercussão internacional e a Turquia ganhou apoio de seus aliados da Otan. Durante uma reunião extraordinária da Aliança do Atlântico Norte, o secretário-geral do grupo, Anders Fogh Rasmussen, disse que todos os países da Otan condenaram veementemente o abate do avião turco.
     “Não parece que o avião turco foi abatido por um Buk ou um Pechora [sistemas de defesa antiaérea de fabricação soviética em serviço na Síria]. O avião turco voou a uma altitude muito baixa e foi derrubado pelo fogo de artilharia”  - Diretor do Centro de Análise de Estratégias e Tecnologias, Ruslan Púkhov
     “Trata-se de outro ato de desrespeito pelas normas internacionais, princípios da segurança e respeito pela vida humana”, declarou Rasmussen.
     As autoridades sírias, por sua vez, insistem que a aeronave turca foi derrubada no espaço aéreo sírio. De acordo com o porta-voz da diplomacia síria, o avião infrator não foi atingido por um míssil, mas sim pelo fogo da artilharia, cujo raio de alcance é menor.
     “As informações que temos mostram que nosso avião foi atingido por um míssil guiado a laser ou por detecção de calor”, rebate Arinç.
     Para esclarecer algumas dúvidas em torno da questão, o jornal russo “Vzgliad” conversou com Said Aminov, executivo do site “Vestnik PVO” (Jornal da Defesa Antiaérea) e especialista em defesa antiaérea.
     Vzgliad: O senhor acredita que o avião turco violou propositadamente o espaço aéreo sírio?
     Said Aminov:  Quando uma aeronave entra no espaço aéreo de um país, os radares integrados a seu sistema antiaéreo entram em ação, revelando a localização do objeto. É difícil dizer se o avião turco tinha a missão de verificar o nível de prontidão da defesa antiaérea síria. Talvez tenha sido mera coincidência.
     V: Que meios poderiam ter sido usados para abater o avião turco? 
     SA: É difícil dar uma resposta inequívoca, ninguém viu nada. A hipótese mais provável é que a aeronave tenha sido derrubada por um canhão antiaéreo 57 mm S-60 ou por um canhão autopropulsado Chilka, fornecidos em grandes quantidades à Síria pela URSS.
      A Síria possui canhões autopropulsados Chilka e Pancir-S1.
      O canhão antiaéreo autopropulsado Chilka é destinado a lutar contra alvos aéreos a uma distância de até 2,5 km e foi importado pela Síria em grandes quantidades da URSS nos tempos soviéticos.
     No entanto, o número exato de Chilka em serviço na defesa antiaérea do país é desconhecido.
     Já o sistema antiaéreo autopropulsado Pancir-C1, o qual a Síria tem cerca de 36, possui canhões e mísseis antiaéreos.
                                         Fonte http://en.valka.cz/files/pancir.jpg
     Além disso, a defesa antiaérea síria conta com canhões antiaéreos soviéticos obsoletos S-60, capazes de atingir alvos a uma distância de até 4 km.
     V: Será que sistemas de defesa antiaérea tão obsoletos são eficazes contra alvos aéreos modernos?
     SA: No Vietnã, esses sistemas foram muito eficazes e desde então nada mudou. No caso do avião turco, esses sistemas não tiveram nenhumas dificuldades se atuaram em condições de boa visibilidade e com o apoio de radares.
     V: Em relação à defesa antiaérea síria, o que esse fato representa?
     SA: Ao contrário da Líbia, a Síria não poupou esforços para modernizar seu sistema de defesa antiaéreo. Mesmo assim, a Síria não poderá resistir, durante longo tempo, a uma coalizão de países que reúnem um potencial militar moderno, por mais forte que seja seu sistema de defesa antiaérea e por mais profissional que seja seu pessoal. 
Entrevista feita por Roman Kretsul

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