O grupo de monitoramento das Nações Unidas na Somália iniciou uma
investigação para apurar o suposto envolvimento do presidente do país, Sharif
Ahmed, em um esquema de concessão de passaportes diplomáticos a líderes de
grupos piratas.
Em um relatório endereçado ao Conselho de Segurança, o comitê da ONU
afirmou que a cúpula das facções de piratas somalis está se beneficiando da
proteção de autoridades políticas do país. Ainda que o governo reconheça as
acusações de sequestro de grandes embarcações na região do Chifre da África,
ele não estaria se esforçando o suficiente para cumprir as sanções decretadas
pelas Nações Unidas.
Os passaportes diplomáticos teriam sido emitidos "com a autorização
do presidente somali, Sheikh Sharif Sheikh Ahmed" a Mohamed Abide Hassan
Afweyne, líder pirata que tentou ingressar na Malásia e acabou tendo seu
documento questionado por autoridades alfandegárias.
Afweyne teria apresentado então um documento emitido pelo gabinete da
Presidência da Somália atestando que ele pertencia a programas de combate a
pirataria do governo. De acordo com os oficiais das Nações Unidas, esse seria
apenas um de uma série de “incentivos” idealizados pelo presidente para motivar
Afweyne a desintegrar sua rede de piratas.
A agência Reuters teve acesso a uma carta do dia 12 de julho na qual o
presidente Ahmed se dirige ao Comitê de Sanções do Conselho de Segurança das
Nações Unidas e acusa o grupo de monitoramento de escutar apenas um dos lados
do caso. Paro o governante, o autor do relatório "parece ser tendencioso
ao rebaixar bons nomes do povo somali ao lançar contra eles acusações
infundadas”.
Omar Jamal, primeiro-secretário da embaixada somali nas Nações Unidas,
afirmou à Reuters que esse relatório faz parte de uma campanha para manchar o
governo de seu país. “O governo somali está passando agora por um momento
crucial de transição para a governança permanente. Está, portanto, se
preparando para formar um novo parlamento com eleições em meados de agosto.
Assim, o relatório está criando instabilidade e confusão”, argumentou.
O fraco governo de transição da Somália tenta combater a milícia al
Shabaab e grupos ligados à Al Qaeda há pelo menos cinco anos. O país agora
busca aprovar uma constituição e convocar a população às urnas até o próximo
dia 20 de agosto.
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