Em visita a Israel, secretário da Defesa dos EUA não descarta ação militar contra Irã
Na mesma semana em que o Congresso dos Estados Unidos chegou a um
acordo sobre as novas sanções econômicas e financeiras sobre o Irã, o
secretário da Defesa norte-americano, Leon Panetta, não descartou o uso
de forças militares para coibir o avanço do programa energético nuclear
do governo de Mahmoud Ahmadinejad.
As considerações foram feitas durante a visita de Panetta à cidade
israelense de Ashkelon, por ocasião de seu encontro com o
primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Autoridade máxima do Pentágono,
ele reiterou diversas vezes à imprensa que “todas as opções” serão
avaliadas caso procedimentos diplomáticos e penalidades econômicas não
sejam suficientes para interromper o desenvolvimento de tecnologias
nucleares no país.
"Se eles continuarem [com este modelo político] e procederem com a
[construção de uma] arma nuclear... nós temos opções prontas para serem
implementadas para garantir que isto não ocorra”, acrescentou.
No discurso em que oficializou sua recepção a Panetta, Netanyahu
proferiu críticas severas ao governo de Ahmadinejad, classificando-o
como o “maior patrocinador do terrorismo” e o “mais perigoso regime do
planeta”. O premiê israelense não poupou elogios às sanções que vêm
sendo implementadas pelos Estados Unidos, mas cobrou do governo de
Barack Obama posicionamentos mais rígidos, suficientes para convencer o
Irã de que os dois países estão “sendo sérios quando falam em barrar” o
Irã.
Em sua réplica, Panetta reiterou a tradicional aliança militar e
diplomática que há entre os EUA e Israel e alegou que compartilha das
“preocupações [de Netanyahu] quanto à violência no Oriente Médio”,
especialmente no que diz respeito ao “conflito sírio” e ao
“desenvolvimento de armas nucleares no Irã”. Quanto à cobrança de
Netanyahu por uma maior rigidez de Washington perante Teerã, Panetta
expandiu o discurso que preconizava apenas sanções financeiras e deixou
claro que “levará em conta todas as opções disponíveis” para evitar a
construção de armas atômicas.
O ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, também já se reuniu com
Panetta para tratar das tensões entre seu país e o Irã. Acompanhando os
passos de Netanyahu, pediu mais pressão dos Estados Unidos sobre a
diplomacia do Oriente Médio e alegou que percebe uma probabilidade
“extremamente baixa” de que as sanções norte-americanas impeçam o Irã de
fabricar armas nucleares.
Ao responder ao pedido de Barak, Panetta lembrou que seu país acaba de
formular um novo conjunto de sanções financeiras e econômicas,
estratégia, a seu ver, capaz de “negociar limites aceitáveis para seu
programa nuclear”. Na hipótese de esses limites serem ultrapassados, o
secretário de Defesa é claro: “surge a possibilidade de uma ação militar
para impedir o Irã de construir a bomba”.
Questionado pela emissora de TV Channel 2, Netanyahu esclareceu que
ainda não possui uma decisão final sobre um possível ataque aéreo sobre o
Irã. "O destino de Israel depende exclusivamente de Israel e não de
outro país, não importa o quão próximo ele seja”, concluiu em uma clara
referência à aliança com os Estados Unidos. Panetta corroborou com as
declarações e ressaltou que Israel não deve confiar sua segurança a si
próprio e a mais ninguém, “nem mesmo a Washington”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário