Uma fonte no
governo russo ressaltou que Moscou pretende lutar firmemente pela revisão
destas reclamações, cujo valor, falando a propósito, constitui nem mais, nem
menos, 4 bilhões de dólares, o que corresponde aproximadamente a um terço da
receita anual da Rússia com a venda de armas.
A demanda
judicial de Teerã, apresentada ao Tribunal de Arbitragem de Genebra, foi uma
surpresa inesperada e desagradável para Moscou, um dos poucos aliados do Irão.
A diplomacia russa trava já vários meses conversações com as autoridades
iranianas sobre a retirada da demanda. Se o Irã adotar uma posição rígida nesta
questão, corre o risco de ficar no isolamento internacional, enquanto que a
imagem da Rússia continuará intacta, afirma o coronel reformado Oleg Kulakov,
pesquisador convidado do colégio da NATO em Roma.
"O próprio
fato de apresentação da demanda contra a Rússia é um jogo de Teerã à beira do
risco, pois a Rússia continua um dos poucos países que apóiam o Irã em certas
questões. Aí existe a questão relacionada ao Próximo Oriente, em que a Rússia
pode adotar certas posições juntamente com Teerã. Esta coincidência de posições
não existe sempre mas agora a respectiva “abertura” existe. Nestas condições,
Teerã não está absolutamente interessada em armar uma briga com a Rússia."
O perito Kulakov
encara a decisão do Irã de mover uma demanda contra Moscou como um grande êxito
dos recursos do lobby ocidental no Irã, empenhado em provocar um briga entre
Moscou e Teerã.
"Está
perfeitamente claro que o Ocidente leva a cabo seu próprio jogo aproveitando
suas possibilidades na direção do Irã. Portanto, verifica-se a intenção de
“apartar” a Rússia do Irã ou o Irã da Rússia. E desta vez foi um lance
bem-sucedido feito com as mãos de Teerã. O tribunal aceita a demanda para o
exame nas condições de sanções em vigor. Nesta situação, a Rússia fica - no
plano jurídico e político - como que entre dois fogos."
A soma reclamada
da demanda também não pode deixar de pasmar. A compensação de quatro bilhões de
dólares é dividida em componentes que caso Teerã ganhar a causa em Genebra serão
transferidos para o Irã, afirma a perita do Instituto de Estudos Orientais
Irina Fedorova.
"A demanda
de 4 bilhões de dólares é constituída por somas totalmente diferentes. O valor
do próprio contrato, certa de 900 milhões de dólares, isto é, cerca de um
bilhão, e o adiantamento, que a Rússia tinha recebido do Irã, foram devolvidos
na íntegra. Os demais três bilhões, que constam na soma da demanda, incluem, em
primeiro lugar, as despesas com que o Irã teve que arcar por causa da revogação
de contratos a partir de quase 1996. Esta soma inclui certas obras
preparatórias, que o Irã teria levado a cabo de fim de instalar os S-300 e o
prejuízo moral, avaliado em quase um bilhão de dólares. Por isso, mesmo se esta
demanda for examinada no tribunal de Genebra, não se pode afirmar que o Irã
receba todas estas somas."
Fazemos lembrar
que uma resolução do Conselho de Segurança da ONU proíbe fornecer a Teerã
certos tipos de armamentos. Foi precisamente em conformidade com esta decisão
que o Presidente da Rússia proibiu fornecer ao Irã os complexos balísticos
S-300, o que provocou um grande descontentamento por parte das autoridades
iranianas. Em maio de 2011 Teerã entrou no Tribunal Internacional de Genebra
com demanda a respeito da idoneidade desta decisão de Moscou.
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