A crise na Península do Sinai está
preocupante. O Egito enviou tropas para o Sinai a fim de realizar operações em
grande escala contra os extremistas radicais. Israel está assistindo
passivamente a revisão dos acordos de paz de Camp David, quando, nesta semana,
os rebeldes já tinham feito a primeira tentativa de invadir o seu território.
O exército egípcio está varrendo a
Península do Sinai de grupos radicais. Está sendo planejada a operação para
destruir os rebeldes nas montanhas. Para realizá-la, foram transferidas
urgentemente para o local tanques, aviões e lançadores de foguetes.
Já foram eliminados mais de 50 rebeldes, o
mesmo numero deles foi preso. Eles são suspeitos de ataques aos postos de
controle do exército e assassinato de 16 soldados. Autoridades egípcias afirmam
que rebeldes têm ligações com Al-Qaeda.
Quando o presidente era Hosni Mubarak, o
Cairo, mais ou menos, controlava a situação no Sinai, afirma o presidente do
Instituto do Oriente Médio e Israel, Evgueni Satanovsky. Depois de derrubá-lo,
a situação ficou fora de controle:
“Depois da Primavera árabe, após a queda
do regime de Mubarak, não há controle no Sinai. Sinai se tornou uma área de
anarquia. A libertação de prisioneiros após a derrubada de Mubarak fez com que
milhares e dezenas de milhares de terroristas islamitas e elementos criminosos
ficassem fora do controle do sistema egípcio de detenção. Tráfico de armas no
Egito no momento é absolutamente livre, dezenas de milhares e centenas de
milhares de armas estão espalhadas por todo o país no mercado interno. Entre
este armamento estão os sistemas de mísseis antitanques que permitem abater
aviões. Hamas estabeleceu no Sinai a sua rede de bases de apoio para ataques
terroristas contra Israel.”
Muitos destes grupos, na semana passada,
declararam contra o Cairo uma guerra de guerrilha. O presidente egípcio,
Mohammed Mursi, prometeu restaurar a ordem na península. Seus oponentes não
acreditam nele. A transferência de tropas para o Sinai, através do Canal de
Suez é um argumento forte na disputa. No entanto, quando e com que resultado
vai terminar a operação militar, ninguém é capaz de prever, além disso, o
controle real da situação só é possível no caso da cooperação com os serviços
de inteligência israelenses. Quando Hosni Mubarak era presidente, o controle
estava presente, mas agora é minimizado. O seguinte episódio, por exemplo, é
evidência disso. A inteligência israelense teve a informação de que os rebeldes
iriam, em carros blindados, realizar ataques contra Israel após capturarem um
posto de controle na fronteira egípcia. Como resultado, a Força Aérea
Israelense destruiu rebeldes a 50 metros da fronteira. Enquanto os militares
egípcios estavam totalmente despreparados para este ataque.
Cooperação com Israel na esfera de
segurança, obviamente, pode ajudar ao presidente do Egito a sair do
"impasse de Sinai." No entanto, é provável que a Irmandade Muçulmana
não permita que o seu candidato coopere com os "inimigos sionistas",
concluindo, por exemplo, com ele alguns acordos informais.
Se Israel de repente decidir estender
primeiro a mão para o Egito, então, em troca, ele vai colocar suas próprias
condições, diz o chefe do Centro de Estudos Árabes do Instituto de Estudos
Orientais da Academia de Ciências Russa, Bagrat Seyronyan:
“Depois da revolução do Egito, em janeiro
do ano passado, especialmente após a chegada à presidência do islamita, foram
feitas algumas declarações muito duras contra Israel, após os quais as relações
com este evidentemente ficariam piores, comparando com o período de Mubarak.
Israel gostaria de ter alguma pressão sobre o novo governo egípcio, para confirmar,
pelo menos, os acordos que foram alcançados durante o regime anterior.
Parece-me que este fator seja, naturalmente, importante.”
Israel, evidentemente, está interessado
no mais rápido restabelecimento do controle sobre o Sinai por parte do Cairo. No
entanto, as forças conservadoras de Israel ainda não disseram a sua última
palavra sobre a transferência de soldados egípcios e armas pesadas na área. Na
verdade, até 1973 Sinai tinha sido ocupado por Israel e os Acordos de
Camp-David o obrigaram a retirar suas tropas de lá. Agora, o lugar dos
israelenses ocupam soldados egípcios, por isso podemos esperar uma reação dura
do Telavive contra isso.
É claro que os extremistas radicais
atingiram o que queriam i.e. conseguiram provocar uma grave crise nas relações
entre Egito e Israel, afirma o perito do Instituto de Estudos Orientais da
Academia de Ciências Russa, Boris Dolgov. Ele prevê que o desenvolvimento da
situação será seguinte:
“A tensão e a incerteza da situação na
Síria vão continuar, os confrontos continuarão. Isso cria dificuldades para
Israel, com os radicais islâmicos que tentaram reingressar no território. É
possível falar sobre o crescimento de uma ameaça direta contra os serviços de
inteligência egípcios e o exército, porque os radicais islâmicos encaram o
exército do Egito como o seu adversário.”
Na mesquita do Cairo, Al-Rashdan, onde se
despediam com os policiais mortos no posto de controle, Rafah, quase que
explodiu uma revolta espontânea da população. Ao chegar na cerimônia, o
Primeiro-ministro Hisham Kandil, foi atacado pela multidão e se retirou
rapidamente. Jogaram nele sapatos que é o indicador do mais alto grau de
desprezo no mundo muçulmano. E em seguida, foram ouvidas maldições contra a
Irmandade Muçulmana.
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