Pesquisar este blog

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Gustavo Chackra - Conforme previsto, Morsy começa a virar “Chávez” islâmico




     O Egito não corre o risco de voltar a ser uma ditadura como nos tempos de Hosni Mubarak. O perigo, hoje, é o governo da Irmandade Muçulmana, liderado pelo presidente Mohammad Morsi, aderir a uma espécie de chavismo islâmico, no qual tentará impor as suas ideias ao restante da população por meio das urnas.
     O plebiscito sobre a Constituição pode até parecer democrático. Afinal, a população que irá votar para decidir se aceita ou não a proposta de uma assembleia constituinte controlada pela Irmandade e pelos ainda mais radicais salafistas, sem a participação de figuras liberais e também da minoria religiosa cristã copta, que corresponde a cerca de 10% da população.
     Mas o texto é um retrocesso na questão das mulheres, dos cristãos e mesmo de liberdades civis quando comparada aos tempos de Mubarak. Seria uma legislação inaceitável em qualquer país do Ocidente. A base para as leis será a Sharia, adotada apenas em regimes radicais do Golfo Pérsico, como a Arábia Saudita, mas não em nações árabes mais modernas como o Líbano e a Tunísia.
     Teoricamente, podem afirmar que, se população não quiser, simplesmente votará contra. O problema, porém, é que a Irmandade Muçulmana adiantou o máximo possível a votação e possui uma máquina eleitoral para o dia da votação comparável à do Partido Democrata nas recentes eleições presidenciais dos EUA.
     O grupo do presidente Morsi tem uma logística avançada para conseguir levar a sua base para votar. Também implementou uma sofisticada máquina de propaganda. Os adversários da oposição, por sua vez, ainda não conseguiram se organizar e são desunidos.
     Desta forma, parece provável que Morsi conseguirá aprovar a Constituição que conduz o Egito para um viés mais conservador. Uma das últimas alternativas dos opositores seria, com os protestos, convencer o novo governo a postergar a votação com o temor de deterioração da situação no país e aumento da violência.

Nenhum comentário: