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terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Os mísseis de baseamento ferroviário e o potencial nuclear russo

A mídia russa informou que o país está desenvolvendo um sistema de combate de mísseis ferroviários (SCMF) de nova geração. O protótipo desse sistema poderá ser produzido em 2020. Além da Rússia, também a Índia está desenvolvendo sistemas ferroviários.

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Os novos sistemas não terão nada em comum com os sistemas Molodets com mísseis RT-23 criados pela URSS; eles serão, provavelmente, muito mais leves que os mísseis RT-23. Se o programa for executado, a sua contribuição para o equilíbrio nuclear entre a Rússia e os EUA será potencialmente mais elevada que na altura da realização do programa Molodets. O sistema soviético, apesar do seu enorme poder de ataque, tinha uma série de defeitos insolúveis que limitavam a possibilidade da sua utilização. O fim do seu fabrico, a limitação dos seus percursos de patrulhamento e, por fim, o seu abate ao efetivo de acordo com os acordos START II em 2005 foram medidas que teriam de ser realizadas mesmo se não tivesse havido acordo com os norte-americanos.
O principal problema do sistema Molodets era a utilização do enorme míssil RT-23UTTKh com um peso de quase 105 toneladas. Isso resultou no aumento de peso da composição ferroviária utilizada para baseamento do sistema. Apesar de a composição poder se deslocar nas ferrovias de uso comum, ela danificava a via, o que mais tarde até provocou descarrilamentos de trens “civis” que aí circulavam. Isso levou à limitação dos trajetos de patrulhamento do sistema em tempo de paz.
Outro problema do sistema, depois do desmembramento da URSS, era a montagem dos mísseis RT-23UTTKh e o fabrico dos seus dois primeiros estádios na Ucrânia. Assim, depois do fim da URSS, os sistemas só podiam ser utilizados até esgotar o tempo de serviço dos motores a combustível sólido dos mísseis. Os prazos de garantia de armazenagem desses mísseis, e que era de 15 anos, terminaram em 2005.
Com todos os seus defeitos, os sistemas ferroviários soviéticos eram objeto de especial preocupação dos EUA. Quando comparado com um míssil intercontinental móvel transportado sobre rodas, o sistema ferroviário tem uma autonomia muito superior. Um sistema com lançador sobre rodas tem zonas especialmente preparadas de patrulhamento operacional situadas perto da sua base, enquanto um SCMF pode se deslocar por todo o sistema ferroviário do país e efetuar lançamentos de mísseis a partir de qualquer ponto da ferrovia. A detecção do SCMF é extremamente difícil porque ele é camuflado como vagões e locomotivas de um trem de mercadorias normal. Resolvendo o problema do excesso de peso e a utilização de um míssil mais compacto aumentará adicionalmente a dificuldade de detecção do sistema.
Além da Rússia, também a Índia está desenvolvendo seus sistemas ferroviários. Nomeadamente, foram projetados lançadores ferroviários para os mísseis Agni I, Agni II, assim como para o recente Agni V. A China não está desenvolvendo esse tipo de sistemas tendo apostado nos sistemas móveis sobre rodas. Mas se sabe que a China está desenvolvendo um novo míssil intercontinental a combustível sólido, que será mais pesado que os existentes DF-31 e DF-31A, e que poderá transportar ogivas múltiplas. Um míssil desses poderia equipar um sistema ferroviário para aumentar as suas possibilidades de sobreviver a um primeiro ataque inimigo. A China possui uma rede de estradas de ferro enorme e em constante modernização, o que permite garantir a ocultação dos deslocamentos de um sistema desse tipo.

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