Recentemente, o vice-presidente dos EUA,
Joe Biden, repreendeu publicamente os países da UE por reduzirem
inadmissivelmente as despesas militares.
A liderança da UE respondeu,
justificando-se apaticamente, que tem seu próprio modo de ver os problemas da política
em matéria de defesa. Na realidade, os europeus simplesmente não vêem contra
quem deveriam armar-se e, portanto, estão mostrando um egoismo racional, acham
os especialistas.
No relatório político da OTAN concernente
ao ano de 2012, afirma-se que a participação dos EUA na totalidade dos gastos
militares do bloco constituiu 72%. Os autores do documento apontam que o Reino
Unido, a Alemanha, a Itália e a França sistematicamente reduzem as verbas para
a defesa, o que "questiona a capacidade dos aliados europeus de agirem sem
assistência dos Estados Unidos".
Na verdade, ao censurarem os europeus, os
norte-americanos estão tentando obrigar seus aliados a solucionarem eles sós os
problemas – embora relativamente pequenos – em áreas não distantes da Europa.
Mas é duvidoso que os EUA tenham sucesso em tal empresa, opina o editor-chefe
da revista "Rússia na política global", Fiodor Lukianov.
"O tema principal da política interna
estadunidense é a poupança, a redução da gigantesca dívida pública, e eles
começam a perguntar os aliados com insistência cada vez maior: "Se temos
direitos iguais na aliança, por que os EUA sustentam mais de 70 por cento de
todos os gastos?" Eu não acho que algo vai mudar, porque os europeus,
primeiro, também atravessam a crise e, segundo, já deixaram de entender para
que tudo isso é necessário, especialmente desde que as guerras surjam cada vez
mais longe da zona de sua responsabilidade ".
Do ponto de vista das relações entre
aliados, as censuras dos EUA revestem-se de caráter objetivo, julga o perito em
assuntos militares Igor Korotchenko. Mas a Europa não anela, nada disso,
armar-se em prol de uma confrontação abstrata.
"A imagem do inimigo personificada
pela Rússia está empalidecendo, a configuração das forças armadas russas no
oeste do país demonstra expressamente o fato de não estarmos preparando-nos
para operações de ofensiva globais no flanco oeste. E os governos europeus, em
face de tudo isso, vêm manifestando um racionalismo pragmático, é assim que eu
caraterizaria a tática deles".
No que respeita à defesa, a Europa já se
sente bastante confortável sob o guarda-chuva nuclear da OTAN, e em breve irá
se sentir ainda mais confortável trás o escudo do sistema norte-americano de
defesa antimísseis, diz politólogo Ivan Konovalov. Porém, muitos políticos
europeus encontram também confortável o conceito de exército pan-europeu.
"O tema de criação de um contingente
unificado europeu é debatido em todos os parlamentos da Europa. O problema
consiste em quem vai pagar? Se a França e a Alemanha outra vez assumirem a
responsabilidade, será um fardo financeiro já muito oneroso para elas. Pois é
claro que os outros países estarão prontos para disponibilizar apenas efetivos
e equipamentos. Por isso, enquanto a questão financeira não for solucionada, o
exército europeu não irá ser criado".
Entre os peritos existe uma suposição de
que os EUA estão cansados de carregar o peso da OTAN e, no futuro mais próximo,
irão procurar, com crescente frequência, garantir seus interesses geopolíticos
por meio do potencial militar dos aliados, antigos e novos, em distintas
regiões do planeta.
http://portuguese.ruvr.ru/2013_02_10/ue-nao-quer-pagar-pela-otan/
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