A
Instituição Brookings, que é o grupo de discussões mais influente da classe de
dirigentes de Washington, convocou a administração de Obama para que essa
implementasse o que seria equivalente a uma estrutura de guerra global.
De acordo
com Michael E. O´Hanlon da Instituição Brookings, os Estados Unidos deveriam
intervenir simultaneamente, através de ações militares diretas no Meio Oriente
e na África, a saber, na Síria e na República Democrática do Congo, dois importantes centros geopolíticos.
O conceito
de se lançar simultâneos teatros de guerra sob a direção dos Estados Unidos não
é coisa nova sendo uma parte integrante da doutrina militar dos mesmos. Esse
conceito foi lançado em 2000 pelo “Project of the New American Century”,
Projeto do Novo Século Americano, PNAC, na sigla inglesa. PNAC é um grupo
neo-conservativo de discussões ligado a classe dirigente da inteligência da
defesa do país, ao Partido Republicano e ao poderoso Conselho das Relações
Exteriores, CFR, na sigla inglesa.
O declarado
objetivo do projeto PNAC, formulado em 2000
era o de “Lutar e vencer decisivamente múltiplos e simultâneos teatros
de guerra” em diferentes partes do mundo.
De acordo
com Michael E. O´Hanlon da Instituição Brookings tem-se que:
“Existem
condições para uma ação mais assertiva dos Estados Unidos tanto no Congo como
na Síria…[N]a Síria… o mais provável cenário para as tropas dos Estados Unidos
poderia assemelhar-se com o da a Organização do Tratado do Atlântico Norte,
OTAN, em Bósnia nos anos de 1990.
Primeiro damos armamentos à parte mais fraca. Depois a apoiamos com
ataques aéreos… Usando o precedente da Bósnia, e admitindo para uma população
quatro vezes maior, até 200.000 tropas estrangeiras poderiam ser necessárias
para um estabilização pós-guerra…
“[Nós] podemos,
como parte de uma coalizão multilateral, intervir simultaneamente tanto no
Congo como na Síria.” [sic] (Michael E. O´Hanlon, Brookings Institution,
fevereiro 2012, ênfase acrescentada)
O que está
sendo sugerido é a diminuição das formas de intervenções não-convencionais em
favor de teatros de guerras convencionais que envolveriam o extensivo uso da
força aérea, assim como a colocação de forças terrestres dos Estados Unidos e
da OTAN, abaixo do mandato humanitário R2P.
Uma ação
militar direta envolvendo a colocação de dezenas de milhares de tropas dos
Estados Unidos e da OTAN na Síria, desencadearia condições para um alargamento
da guerra no Oriente Médio, incluindo a possibilidade de uma confrontação com a
Rússia e com o Irã, ou seja, uma perspectiva de escalação militar.
Uma
intervenção dos Estados Unidos no Congo iria de maneira similar criar condições
para a militarização da região central africana, região essa que é estratégica
em termos de suas riquezas minerais, petróleo e gás natural.
Uma
operação militar no Congo apresenta-se como uma consequência da guerra da Líbia
(2011) e das guerras se desenvolvendo em Mali e em Níger, guerras essas que se
caracterizam pela colocação de forças terrestres da coalisão abaixo do pretexto
de um mandato contraterrorismo. O que está em jogo é a conquista de recursos
estratégicos, o que inclui ouro, urânio e gás natural.
O Congo é
contíguo a região do Sahel. Uma direta intervenção militar americana no Congo
poderia potencialmente levar a uma escalação militar em grande parte do continente africano,
incluindo a faixa da região do Sahel no sub-Saaara, a África central assim como
também a África do leste. Esse processo de guerra global no que diz respeito a
África faz parte da estratégia militar dos Estados Unidos conhecida como
“road-map”, ou seja, o
“mapa-do-caminho”. É um projeto neocolonial
de conquista sobre uma imensa área.
Essa agenda
militar – implementada na encruzilhada da mais grave crise econômica da
história moderna – é um apoio direto aos interesses das corporações de
mineralogia, energia, petróleo e gás, para já nem se mencionar a indústria
bélica de muitos bilhões de dólares, nominadamente os “empreiteros da defesa”
dos Estados Unidos.
A
fundamental propaganda de guerra usada como justificação dessas operações
militares gira sobre o principal ponto do conceito da OTAN da necessidade de
proteger, o R2P. Essas operações então
deveriam ser conduzidas abaixo de um “mandato de manutenção de paz”, “com o
total apoio da comunidade internacional”.
“Obama tem
aqui uma oportunidade de revalidar a decisão do Comitê do Prêmio Nobel em ter
concedido a ele o prêmio da paz, a
quatro anos atrás. É também uma oportunidade de demonstrar que a missão de 2011
na Líbia, da qual o presidente é justificavelmente orgulhoso, não ficará sendo
um caso isolado. Agora, com o seu novo gabinete de trabalho, Obama deveria
examinar seriamente suas opções nessas duas trágicas guerras.” (Michael E.
O´Hanlon op cit)
Autor: Michel Chossudovsky
Com agradecimentos a Rick Rozoff, Stop NATO por ter
trazido a nossa atenção o artigo da instituição Brookings.
Texto em inglês :
Towards a Framework of Global Warfare? 3
de Março de 2013
Tradução de Anna Malm- Bacharel em Ciência Política e
Economia, licenciada em Economia e Psicologia;
Fonte:
http://www.globalresearch.ca/em-direcao-a-uma-estrutura-de-guerra-global/5327238
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