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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Girando Pela Ásia


O governo norte-coreano anunciou a disposição de encerrar - finalmente - a guerra peninsular que ocorreu entre 1950 e 1953, e que até hoje está apenas numa trégua. O governo de Pyongyang propôs que num ambiente de "confiança mútua", as negociações sejam retomadas para uma paz definitiva.

Mas ao mesmo tempo em que acena com um evento histórico importante, e que inclui por extensão um acordo com os EUA, os norte-coreanos estabelecem uma série de condições: a paz após 57 anos e um acordo sobre a questão nuclear só virão quando as seis potências envolvidas na questão atômica suspenderem as sanções ora em vigor. Além disso, a negociação de paz entre as coreias se iniciaria com entendimentos entre os enolvidos no armistício de 1953, a saber: o CONU (Comando Unificado da ONU - o organismo militar delegado pelo Conselho de Segurança e que conduziu as operações militares então), a China, os EUA e a Coreia do Norte. O governo de Seul (Coreia do Sul) não participaria pois nunca reconheceu a trégua; porém os EUA sempre garantiram que um acordo na península coreana passa necessariamente pelo aval do governo sul-coreano.
Os EUA já anunciaram que a proposta é insatisfatória pois implica na suspensão dos embargos ao norte-coreanos sem que estes efetivamente se comprometam com a desnuclearização peninsular.


Paralelamente a isto, o governo de Pequim anunciou ter efetuado teste de um sistema antimíssil, sem no entanto fornecer maiores detalhes. Sem definir qual o objetivo, foi afirmado que o teste alcançou o resultado esperado e que as relações entre a China e os EUA podem vir a ser prejudicadas pelo envolvimento de Washington com o que os chineses consideram oficialmente "uma província rebelde", o que configuraria, segundo o governo chinês, uma intervenção norte-americana em assuntos internos chineses.
O comunicado de Pequim veio à reboque do anúncio de venda de sistemas de foguetes Patriot aos taiwaneses semana passada, o que levou autoridades chinesas a se pronunciarem no sentido de que os EUA apelam para cooperação com a China, mas por outro lado, seguem vendendo armamentos a Taiwan. Os Patriots fizeram sua estreia na Guerra do Golfo, quando o Iraque tentou implodir a coalização liderada pelos EUA bombardeando Israel e tentando forçar os israelenses a entrarem no conflito e afastar os países árabes daquela coalizão. Este sistema é um equipamento antiaéreo que vêm sendo usado como um sistema antimísseis, na ausência de um efetivo "escudo antimísseis", ainda em desenvolvimento.
Os governos norte-americanos têm reafirmado, desde 1949, seu compromisso com a autonomia de Taiwan em relação a Pequim, e isso inclusive com reiteradas manifestações de auxílio militar em caso de uma retomada forçada dos chineses sobre os territórios taiwaneses. Existe uma certa preocupação com o incremento da capacidade naval-anfíbia dos chineses e que poderiam levá-los ao uso da força. No momento, a marinha chinesa, que é um departamento do ELP (Exército de Libertação Popular) reflete ainda a ênfase terrestre das Forças Armadas chinesas. Mas há interesses em separar estas forças e ampliar e reforçar a capacidade chinesa em desafiar e confrontar - se necessário - os EUA nas águas do estreito entre China/Taiwan e até, possivelmente, mais longe.
Na última grande ação militar conjunta de Washington/Taipé, os norte-americanos mobilizaram 11 de seus Grupos de Batalha de Porta-aviões, numa demonstração de força quase inédita (pelo menos não lembro nada equivalente em área tão restrita desde o final da Segunda Grande Guerra!): onze porta-aviões e todos os seus navios e submarinos de apoio/escolta navegaram para o Estreito de Formosa e estabeleceram uma supremacia aeronaval norte-americana incontestável na região, pelo tempo em que duraram as manobras militares.
Não deixou também de ser um aviso para as potências regionais hostis (Coreia do Norte) ou "aliadas" (Índia e Paquistão).

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