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domingo, 2 de junho de 2013

Uma Escola de Defesa para a América do Sul

Discretamente, como convém, estreita-se a cooperação de defesa sul - americana. Anteontem, em Lima, no Peru, reuniram-se os vice-ministros de 12 países, entre eles o Brasil, no âmbito do Conselho de Defesa da América do Sul, para discutir a cooperação, com ênfase na transparência no processo de aquisição de armamentos, e em monitoramento conjunto da situação continental.

Em Quito, no Equador, no dia 5 de maio, já ocorrera outro encontro, para a discussão de uma proposta histórica: a criação de uma Escola de Defesa Sul-americana. Ela se contrapõe à célebre Escola das Américas, que, com sede no Panamá, serviu, durante muitos anos, à conspiração golpista contra governos democraticamente eleitos, e para o treinamento de repressores por oficiais do Exército norte-americano.

Ao estreitar a colaboração entre suas forças armadas, a América do Sul não pretende agredir ninguém; seus militares e políticos sabem que é preciso preparar-se contra eventuais agressões externas. Com essas medidas, não nos deixaremos manipular por potências de outras regiões, que gostariam de nos ver divididos, como no passado. Essa cooperação servirá para o desenvolvimento conjunto de métodos de treinamento, de tecnologia própria na produção de novos armamentos e meios de defesa.

O Brasil estuda, nesse momento, a construção de um reator nuclear binacional com a Argentina, com fins pacíficos. Compramos lanchas de patrulha naval da Colômbia, e desenvolvemos projeto mais avançado, nessa área, com o Peru. Colômbia, Chile e Argentina, participam, diretamente, do desenvolvimento do novo jato militar de transporte da EMBRAER, o KC-390, voltado para a substituição, no mercado internacional, dos antigos Hércules C-130 norte-americanos.

A Argentina estuda a compra de blindados Guarani, projetados pelo Exército Brasileiro. E se estuda a construção conjunta - por todos os países - de novo avião de treinamento. O Peru pretende comprar, agora, seis caças ligeiros Super-Tucano, que já fazem parte, na América do Sul, das Forças Aéreas da Colômbia, do Chile e do Equador.

Estamos começando este século de forma muito diferente do que começamos o século passado, com guerras como a do Chaco, e disputas territoriais do século 19, que deixaram marcas até hoje, como no caso da disputa entre o Chile e o Peru pela região de Atacama.

É ingenuidade pensar que a aproximação na área de defesa entre os países das América Latina seja desejada, ou não esteja sendo observada com atenção por nações de outras regiões. Para certos países, o ideal seria que nossos corpos de defesa cuidassem exclusivamente do combate ao tráfico de drogas e à repressão política interna.

Esta semana, o embaixador da França no Brasil, Bruno Delaye, visitou o Deputado Nelson Pellegrino, Presidente da Comissão de Defesa e Relações Externas da Câmara dos Deputados, para oferecer que fragatas sejam montadas no Brasil, pela estatal francesa DNCS, que já faz o mesmo com os submarinos do PROSUB.

É urgente a criação de uma grande empresa estatal de indústria bélica, em nosso país, como ocorre em quase todos os países do ocidente, para participar, majoritariamente, de consórcios destinados a produzir armamentos no Brasil.

Ao mesmo tempo, devemos continuar avançando nos esforços diplomáticos para a cooperação e associação com os nossos vizinhos, para a eventual defesa da integridade territorial e soberania política da região.

Mauro Santayana é colunista político do Jornal do Brasil, diário de que foi correspondente na Europa (1968 a 1973). Foi redator-secretário da Ultima Hora (1959), e trabalhou nos principais jornais brasileiros, entre eles, a Folha de S. Paulo (1976-82), de que foi colunista político e correspondente na Península Ibérica e na África do Norte.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Isto É Dinheiro - A novela dos caças

Depois de mais de 15 anos de adiamentos, a compra dos novos aviões militares pode finalmente ser efetivada em 2013, diz o ministro da Defesa, Celso Amorim. Tudo indica que a pior opção - a do Rafale - ficou para trás

Por Paulo JUSTUS
A novela se desenrola há quase 17 anos. Nesse período, o programa mudou de nome, o modelo dos produtos foi modificado, o preço foi multiplicado por dez e nada foi decidido. Final­mente, neste ano, o governo pode autorizar a compra dos 36 caças que vão modernizar a Força Aérea Brasileira (FAB). Interlocutores do governo dizem que a presidenta Dilma Rousseff quer escolher o vencedor do projeto FX-2 ainda em 2013. Embora os aviões só entrem em operação a partir de 2015, ela teria interesse em colher os frutos da modernização das Forças Armadas brasileiras nas eleições de 2014. “Tenho grande expectativa (sobre a definição dos vencedores), mas não tenho bola de cristal”, disse, na terça-feira 9, o ministro da Defesa, Celso Amorim, quando questionado sobre o assunto, durante a Feira Internacional de Defesa e Segurança (Laad), no Rio de Janeiro.
 
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Pelos ares: os EUA, maior máquina de guerra do mundo, oferecem o F-18 ao Brasil
e prometem intercâmbio de tecnologia
 
A esperança é que o governo abra mão da munição retórica que tem dominado o tema e finalmente decida armar de fato a defesa aérea do País. Mas especialistas temem que, mais uma vez, o assunto seja protelado. “A questão dos caças é meramente política e hoje não há interesse político sobre esse tema”, avalia Expedito Carlos Bastos, pesquisador de assuntos militares na Universidade Federal de Juiz de Fora. “Esse governo vive de retórica.” Três empresas participam da disputa: a francesa Dassault, com o modelo Rafale, num contrato avaliado pela própria FAB em US$ 8,2 bilhões; a americana Boeing, com o avião F-18 Super-Hornet, de US$ 5,4 bilhões; e a sueca Saab, com o projeto Gripen NG, de US$ 4,3 bilhões. 
 
Na corrida pelos bilhões do governo brasileiro, a Dassault perdeu o favoritismo inicial, que remontava à época do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dando espaço para a Boeing. A preferência pelo Rafale era evidente na parceria entre Lula e o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy. Os dois protagonizaram uma gafe, em setembro de 2009, quando, numa visita de Sarkozy a Brasília, Lula divulgou uma nota afirmando que estava negociando a compra do avião francês. A reação dos Estados Unidos e da Suécia adiou o projeto, que foi colocado na geladeira pela presidenta Dilma. Águas passadas, Lula e Sarkozy levaram consigo o principal argumento em defesa do Rafale: a vontade de ambos. 
 
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Sarkozy e Lula: vontade dos ex-presidentes é um argumento fraco
em defesa do Rafale, que custaria bem mais caro ao País
 
Hoje, qual motivo levaria o País a gastar quase US$ 3 bilhões a mais (veja quadro)? Desde então, a Boeing tem estreitado os laços com o Brasil. Em dezembro do ano passado, anunciou uma parceria com a Embraer para o desenvolvimento de tecnologias para aumentar a segurança de procedimentos de pouso, além do compromisso de construir um centro de pesquisa em São José dos Campos (SP). “O F-18 é o avião mais adequado ao governo brasileiro, porque está ainda sendo fabricado e vai ter peças de reposição pelos próximos 40 anos”, diz Bastos. A Embraer, por sua vez, fechou acordo de venda de seu Super Tucano para os americanos, mas tem enfrentado dificuldades no Congresso daquele país para efetivar a encomenda. 
 
O especialista lembra que a compra dos 36 caças previstos no pacote inicial é um mínimo para que a Força Aérea Brasileira fique operacional. A frota dos Mirage 2000, com 30 anos de uso, deve ser aposentada no fim deste ano. Com isso, toda a defesa aérea brasileira ficaria a cargo dos F-5, dos anos 1970, que passaram por uma modernização em 2000. Para o embaixador Rubens Barbosa, presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), além da modernização, a frota renovada é uma necessidade para responder aos novos desafios da defesa: combater o narcotráfico e o terrorismo e proteger as áreas do pré-sal. “O Brasil não está efetivamente adequado para essas novas demandas”, diz Barbosa.
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Obs:  No infográfico os caças Rafale e F-18 estão trocados!
 
 
Nosso Comentário:  Este processo já se arrastou por tanto tempo, com inúmeros adiamentos, protelações e desculpas, que o mesmo se tornou algo muito tedioso para se acompanhar.  Só acredito vendo!
Outrossim, até entendo se a tal "parceria estratégica" com a França se circunscrever ao programa dos submarinos para não se colocar todas as opções num só parceiro.  O que não é possível e este infindável quase lá.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Dilma embarca para viagem à França e à Rússia





http://ri.simi.org.br/files/2011/04/brasil-franca-ao-vivo.png

     A presidenta Dilma Rousseff viaja daqui a pouco, às 10h, para Paris, capital francesa, onde ficará até quarta-feira, depois segue para Moscou, na Rússia. Em Paris, Dilma deverá concentrar sua atenção em três temas: medidas para conter os impactos da crise econômica internacional, que atinge principalmente os países da zona do euro (17 nações que adotam a moeda única), questões relacionadas à defesa, pois os franceses negociam a venda de aviões caças para o Brasil, e ciência, tecnologia e inovação.
     Dilma deve se reunir na segunda-feira com o presidente da França, François Hollande. Ambos conversaram há seis meses, na Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, no Rio de Janeiro. Para negociadores franceses e brasileiros, um dos temas tratados será a venda de 36 caças franceses para o Brasil.  (Grifo meu)
     Em agosto, os ministros, Antonio Patriota, das Relações Exteriores, e Celso Amorim, da Defesa, se reuniram com autoridades francesas para conversar sobre o assunto. Os Rafale, da fabricante francesa Dassault, concorrem com os caças F/A-18E/F Super Hornet, da norte-americana Boeing, e com os Gripen NG, da sueca Saab. Mas o processo ainda está indefinido.
     Na terça-feira, Dilma e Hollande participam do seminário Fórum pelo Progresso Social - O Crescimento como Saída para a Crise, promovido pelo Instituto Lula e pela Fundação Jean-Jaurès. A proposta do seminário, segundo organizadores do evento, é promover uma reflexão e analisar os desafios impostos pela globalização.
     Participarão do seminário o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 12, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega. No total, foram convidados 25 pessoas consideradas de destaque internacional. Lula participará da mesa redonda intitulada Reflexões para o Futuro e Mantega dos debates sobre justiça social em uma economia globalizada.
     Durante a viagem à França, Dilma também quer conversar sobre a ampliação de parcerias com a França nas áreas de educação, ciência, tecnologia e inovação. Em discussão o programa Ciência sem Fronteiras. Depois, a presidenta segue para a Rússia onde deve permanecer até o final desta semana. A viagem à Rússia deve ser a última internacional de Dilma em 2012.

sábado, 10 de novembro de 2012

Marinha do Brasil em Transformação - via poder naval

Eduardo Italo Pesce
Na Proposta de Lei Orçamentária Anual (PLO) para 2013, encaminhada ao Congresso em 30/8/2012, a dotação inicial do Ministério da Defesa é de R$ R$ 66.368,7 milhões. Deste total, R$ 1.257,6 milhões destinam-se à administração central; R$ 15.586,4 milhões ao Comando da Aeronáutica (Força Aérea); R$ 27.210,7 milhões ao Comando do Exército; R$ 17.856,8 milhões ao Comando da Marinha; e R$ 4.457,2 milhões às demais unidades orçamentárias.
Dos R$ 17.856,8 milhões destinados à Marinha, as despesas correntes ficarão com R$ 13.478,7 milhões, sendo R$ 11.867 milhões para gastos de pessoal e encargos sociais; R$ 241,9 milhões para juros e encargos da dívida; e R$ 1.369,8 milhões para outros gastos correntes. As despesas de capital terão R$ 3.952,9 milhões, dos quais R$ 3.199,9 milhões para investimentos e R$ 753 milhões para amortização da dívida. A reserva de contingência será de R$ 425 milhões.
Os principais aspectos do Plano de Articulação e Equipamento da Defesa (Paed), que consolida projetos do Ministério da Defesa e das três forças singulares para o período 2012-2031, são mostrados no Livro Branco de Defesa Nacional (LBDN), apresentado ao Congresso em 17/07/2012, com as atualizações da Política Nacional de Defesa (PND) e da Estratégia Nacional de Defesa (END).
A publicação do LBDN e a elaboração do Paed inserem-se no processo de transformação da Defesa no Brasil. Os projetos de transformação de nossas Forças Armadas englobam investimentos totais de R$ 557.734,5 milhões, dos quais R$ 143.722 milhões estão destinados aos projetos de articulação e R$ 414.012 milhões aos de equipamento.
Dos R$ 557.734,5 milhões previstos no Paed (que deve ser sancionado pelo presidente da República em 2012), os projetos da Marinha representam R$ 211.682,3 milhões, sendo R$ 37.922,5 milhões para os projetos de articulação e R$ 173.759,8 milhões para os de equipamento. Alguns projetos excedem o período até 2031, enquanto que outros já estavam em andamento.
À recuperação da capacidade operativa estão destinados R$ 5.372,3 milhões em 2009-25; ao programa nuclear da Marinha, R$ 4.199,0 milhões em 2009-31; à construção do núcleo do Poder Naval, R$ 175.225,5 milhões em 2009-2047; ao Sistema Gerencial da Amazônia Azul (Sisgaaz), R$ 12.095,6 milhões em 2013-24; ao complexo naval da 2ª Esquadra/2ª Força de Fuzileiros da Esquadra, R$ 9.141,5 milhões em 2013-31; à segurança da navegação, R$ 632,80 milhões em 2012-31; e ao pessoal, R$ 5.015,6 milhões em 2010-31.
Em novembro, será inaugurada a Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (Ufem), para construção das seções de casco dos novos submarinos. As quatro unidades de propulsão convencional (S-BR) devem receber os nomes de Riachuelo, Humaitá, Tonelero e Angostura. O submarino de propulsão nuclear (SN-BR) deverá se chamar Álvaro Alberto, em homenagem ao almirante que trouxe para o Brasil as primeiras ultracentrífugas de enriquecimento de urânio.
A futura localização do complexo da 2ª Esquadra/2ª FFE deve ser decidida em breve, a fim de cumprir o cronograma de projeto. A baía de São Marcos, em São Luís (MA), é apontada por especialistas como o local mais adequado. No decorrer da primeira metade deste século, parte substancial da Marinha deverá migrar para o litoral Norte/Nordeste do Brasil, em função da nova realidade estratégica.
Na estrutura militar de Defesa criada em 2010, os comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica passaram a ter como atribuição principal o preparo das respectivas forças. O emprego de elementos das três forças singulares, em operações conjuntas no Atlântico Sul, ficaria subordinado ao comando de um Teatro de Operações Marítimo (TOM), e o papel do Comando de Operações Navais (ComOpNav) na estrutura do setor operativo da Marinha teria que ser reavaliado.
Na visão deste autor, o ComOpNav, ao qual atualmente se subordinam a Esquadra e a FFE, além de nove distritos navais e alguns outros componentes, poderia ser acrescido de componentes adicionais ou ser substituído por dois comandos de área autônomos: o Comando Naval Meridional (Coname), com sede no Rio de Janeiro (RJ), e o Comando Naval Setentrional (Conase), possivelmente sediado em São Luís (MA).
Ao Coname estariam subordinadas a 1ª Esquadra e a 1ª FFE, além dos 1º, 2º, 5º, 6º, 7º e 8º Distritos Navais. O Conase incluiria a 2ª Esquadra, a 2ª FFE e os 3º, 4º e 9º Distritos Navais. Os submarinos poderiam ser integrados às duas Esquadras ou ficar sob um comando de força autônomo, sediado em Itaguaí (RJ). Neste caso, as 1ª e 2ª Esquadras seriam constituídas apenas por meios de superfície e aeronavais.
Nos conflitos assimétricos do século XXI, a Marinha do Brasil deve estar apta a realizar operações nas quais o “inimigo” pode não ser um Estado organizado, como as de interdição marítima ou de combate à pirataria. Em períodos de paz, deve garantir a presença do Brasil nas águas jurisdicionais que constituem a Amazônia Azul, assim como em outras áreas marítimas de interesse nacional, dissuadindo ameaças e atuando na segurança marítima ou em apoio à política externa.
Por ter mais de 70% de sua superfície coberta pelos oceanos, nosso mundo poderia ser chamado de Planeta Água. A distribuição desigual das terras pelos hemisférios caracteriza a existência de um “hemisfério de terra” ao Norte e um “hemisfério de água” ao Sul. O Brasil é a maior potência marítima do Hemisfério Sul, e a ampliação de sua projeção internacional, além do nível regional, tende a consolidar tal posição.
Nosso país integra o grupo de potências emergentes, denominado Brics (Brasil, Rússia, China e África do Sul). No século XXI, será necessário capacitar plenamente a Marinha do Brasil, assim como o Exército e a FAB, para a defesa da soberania e dos interesses nacionais. A transformação das Forças Armadas brasileiras depende da concretização dos projetos que constam do Paed.
(*) Especialista em Relações Internacionais, professor no Cepuerj e colaborador permanente do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Escola de Guerra Naval (Cepe/EGN).
FONTE: Monitor Digital

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Brasil tem dificuldade em comprar tecnologia bélica

           http://www.adesg.net.br/imagens/jornal/1292273900.jpg
Fala-se muito em reaparelhamento das Forças Armadas, mas, pragmaticamente, isso tem-se concentrado na Marinha, que deu a partida com a encomenda efetiva de cinco submarinos - via consórcio DCNS/Odebrecht - sendo uma unidade de propulsão nuclear. Na área do Exército, o principal projeto - Sistema de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) - não exige muita engenharia civil, especialidade das empreiteiras agora anunciadas como alavancadoras do sistema. A sonhada base para a 2ª Esquadra da Marinha, na Amazônia, também não tem data para virar realidade.

Para especialista ouvido pela coluna, será difícil para o Brasil comprar tecnologia moderna. Diz que os estrangeiros só facilitam a cessão de métodos ultrapassados. E cita exemplo: a Marinha anunciou a conclusão, com inegável sucesso, do desenvolvimento do motor foguete dos mísseis Exocet por ela utilizados (e ainda usados por diversos países do mundo secundário; os do Primeiro Mundo, inclusive a França, já têm mísseis de última geração). Mas há um ponto de fundamental importância que parece não estar bem definido na transferência de tecnologia: o sistema de combate.

O que difere um navio de guerra de um iate é isso. O que difere um submarino de um submersível (não importa o tipo de propulsão) é também o sistema de combate. Recente noticiário sobre defesa não citou a Consub entre as empresas existentes e reconhecidas. Esta empresa sobreviveu às diversas falências que ocorreram no âmbito de um consórcio que tinha sido contratado para o processo de modernização das fragatas da Marinha, que começou em 1994 e foi até 2006. Também ela, Consub, se tornou propriedade de uma empresa estrangeira, a norueguesa DSND (ou Sien), cujo principal objetivo está em serviços offshore de petróleo. Mas é a Consub que, empregando apenas profissionais brasileiros, vem desenvolvendo e integrando os diversos sistemas de combate para os navios da Marinha, chamados de Siconta, que já está na versão 5, destinada ao porta- aviões São Paulo.

Aqui aparece também outra curiosidade: por ser formalmente de propriedade estrangeira, uma empresa que tanto fez pelo desenvolvimento nacional de sistemas de combate terá que se reestruturar para poder se beneficiar das facilidades da nova lei de defesa. Desta forma, seus donos estrangeiros podem achar que não valeu a pena terem deixado que ela se dedicasse integralmente a preparar sistemas de combate que são de propriedade intelectual da Marinha. A nova lei pode estar castigando aqueles que trabalharam realmente em parceria no Brasil.

Outra incoerência no teor nacionalista se vê no Prosuper, pelo qual a Marinha convidou apenas estaleiros estrangeiros a entregarem propostas para a construção, no Brasil, de cinco navios de patrulha oceânicos (chamados de OPV - Offshore Patrol Vessel); cinco navios de escolta (também conhecidos como escoltas) ; e um navio de apoio logístico. O estaleiro estrangeiro tem que apresentar um estaleiro brasileiro para ser o parceiro nacional. Mas, mesmo assim, o contratante principal será um estrangeiro. Por quê? - perguntam os nacionalistas na área de defesa.



Radares

Também está sendo criticada, em ambientes da área bélica, declaração do general Aderico Mattioli, diretor do Departamento de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa, quando ele diz: "Posso me dar ao luxo de não ter o melhor radar do mundo, mas ter um radar que é meu".

Para o técnico, isso é surpreendente e inaceitável. Afirma a fonte da coluna que de pouco adianta ter um radar "meu" se for de baixa qualidade técnica ou se não puder ser feita importação de peças e sistemas para atualização constante.

Mesmo assim, há que se elogiar o Exército, pois o radar nacional, o Saber, está no caminho certo. Para fonte do setor, o certo mesmo é evoluir no radar verde e amarelo, mas sem deixar de importar produtos de maior tecnologia, ainda imbatíveis. Criar o produto nacional, sem deixar de usar o estrangeiro, enquanto a distância tecnológica for substancial.
Fonte:  http://monitormercantil.com.br/2012/index.php?pagina=Noticias&Noticia=116363

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Brasil deve escolher o Rafale / Suíca escolhe o NG


     O Brasil “muito provavelmente” escolherá o caça militar francês Rafale para modernizar a Força Aérea, disseram fontes do governo, uma decisão que garantiria um dos contratos de defesa mais cobiçados dos mercados emergentes para um avião cujo futuro estava em dúvida apenas duas semanas atrás.
     A presidente Dilma Rousseff e os conselheiros dela acreditam que a proposta da Dassault Aviation para vender pelo menos 36 Rafales tem os melhores termos entre as três ofertas finalistas, disseram à Reuters fontes sob condição de anonimato.
     Dilma tinha preocupações sobre o Rafale porque o jato não tinha encontrado ainda nenhum comprador fora da França. Isso criava dúvidas sobre se a Dassault teria a escala necessária para produzir e manter os jatos a um custo razoável.
     As fontes disseram que as preocupações envolviam negociações exclusivas para comprar 126 Rafales. O ministro da Defesa do Brasil, Celso Amorim, viajou a Nova Délhi na semana passada para discutir o negócio com autoridades indianas e analisar documentos relacionados à oferta da Dassault.
     “O acordo com a Índia mudou tudo”, disse uma das fontes. “Com a decisão da Índia, agora é muito provável que o Rafale seja o vencedor aqui”, acrescentou.
     As ações da Dassault subiam 4 por cento em Paris nesta segunda-feira. Um porta-voz da companhia não comentou o assunto.
     As outras duas fabricantes interessadas na compra brasileira são a Boeing, com o F-18, e a Saab, com o Gripen.
     A Boeing afirmou que ainda está na disputa. “Nós estamos promovendo nossos melhores esforços e tenho certeza de que outras companhias também estão fazendo isso”, disse o vice-presidente de desenvolvimento de negócios da Boeing, Jeff Kohler, durante a feira de aviação de Cingapura.
     O contrato terá um valor inicial de cerca de 4 bilhões de dólares, mas provavelmente vai valer consideravelmente mais ao longo tempo conforme serviços de manutenção e mais encomendas forem incluídos.
     A Boeing afirmou que a visita de Amorim à Índia pode ter colocado o caça francês na liderança da disputa, mas isso não significa que o F18 Super Hornet está fora da briga.
     “O governo dos Estados Unidos tem sido muito pró-ativo no apoio ao Super Hornet no Brasil e eu antecipo que veremos discussões bilaterais nos Estados Unidos com a presidente Dilma. Teremos o mesmo nível de negociação em termos do Super Hornet”, afirmou o vice-presidente da divisão de desenvolvimento de negócios internacionais da Boeing, Mark Kronenberg.
     As fontes afirmaram que a Dassault ofereceu a melhor combinação de aeronave de alta qualidade e compartilhamento de tecnologia que Amorim afirma ser muito importante para um acordo. O Brasil espera usar a tecnologia para expandir sua própria indústria de defesa, liderada pela Embraer.
     As fontes disseram, porém, que desdobramentos inesperados, especialmente uma ruptura no diálogo da Índia com a Dassault, podem ainda fazer Dilma mudar de ideia.
     Elas afirmaram ainda que a decisão da presidente provavelmente não será anunciada antes da eleição francesa entre abril e maio, na tentativa de não deixar o acordo ser excessivamente politizado.
     A compra dos caças pelo Brasil passou por uma série de desdobramentos ao longo dos anos. O antecessor de Dilma, Luiz Inácio Lula da Silva, tinha dito em 2009 que o Brasil escolheria o Rafale, mas ele deixou o governo sem finalizar o negócio.

Fonte: Reuters




Enquanto isso no páreo....

     Após um longo processo de avaliações e várias informações que aparentemente desqualificavam o Gripen na disputa para substituir os F-5 suiços, o pequeno notável suéco vence a disputa.
     O anuncio foi feito após a grande repercussão de relatórios de avaliação vazados, nos quais o caça escolhido não teria atingido os requisitos de desempenho da Força Aérea Suíça, ficando atrás dos outros dois competidores ( Dassault Rafale e o Typhoon do consórcio Eurofighter) e também dos atuais F/A-18 Hornet suíços.
      O chefe do Departamento de Defesa, Ueli Maurer, deu explicações sobre a escolha do Gripen, citando que os relatórios que vazaram são referentes á uma avaliação realizada em 2008 sobre o modelo C/D, porém a aeronave selecionada da versão E/F atende satisfatóriamente aos requisitas daquela nação.
      A escolha não significa porém que o processo esta concluído, uma vez que agora passa para a fase de avaliação política, onde só após a conclusão dos trabalhos por parte do governo federal e parlamento, só então será assinado o contrato para o fornecimento das aeronaves aquele país. segundo anunciado, a assinatura da compra deve ser por volta de junho.
     O Gripen NG é um dos finalistas do programa de reaparelhamento da FAB, o FX-2, o governo brasileiro ainda não se pronunciou sobre a escolha da nova aeronave da Força Aérea Brasileira, onde se especula que recaia sobre o caça francês Dassault Rafale. Não significando porém que o pequeno notável suéco esteja fora do páreo, uma vez que a SAAB tem feito um vasto investimento no Brasil afim de demonstrar seu comprometimento com os requisitos de transferencia de tecnologia.

Fonte: GeoPolítica Brasil - O poder do conhecimento em suas mãos

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O Brasil e o Rafale...o tedioso FX-2

O MMRCA é o maior programa de aquisição de meios aéreos em curso no mundo, envolvendo a aquisição de 126 aeronaves e podendo chegar até 200 aviões.
Em novembro de 2011 houve  a seleção das propostas mais atraentes a partir de uma short list que incluía os F-16 e MIG-35 além do Grippen NG, o F-18 e o Rafale - que afinal foi o vitorioso.
Iniciado em 2006, o MMRCA chegou à sua fase final com a Dassault  e o consórcio EADS (com o Typhoon) disputando o bilionário negócio.
As entregas serão de 18 caças em até 36 meses e os restantes produzidos na própria Índia pela Industan Aeronautics - em um pacote que inclui a transferência de tecnologia.
O programa passou, portanto, por 5 anos de negociações, análises, pareceres contrapropostas, etc.  Mas entre a finalização e a decisão final, foram apenas 2 meses num negócio que estimado em cerca de US$ 10 bilhões - pode chegar a 15 bilhões de dólares devido a aumentos de custos como a inflação.
E o FX-2?
Concentradas as decisões diretamente na Presidência da República, tanto o Ministério da Defesa como o da Aeronáutica permaneceram mudos diante das repercussões da notícia.
Comparativamente o chamado Programa FX se arrasta numa longuíssima, tediosa e ciclotímica novela que nunca se conclui.
Foi iniciado ainda no governo FHC (oito anos) com o então Programa FX, passou para o presidente Lula (mais oito anos) e rebatizado como FX-2 e cruzou o primeiro ano da presidenta Dilma Roussef sem maiores perspectivas de definição.
Alegam as fontes que o governo brasileiro aferrou-se aos custos operacionais do Rafale para justificar a protelação decisória.  Mesmo considerando que um país com recursos tão mal gastos e inúmeras outras prioridades de natureza não-militar, um programa de reaparelhamento que já dura quase duas décadas é, para dizer o mínimo, uma perda de tempo e esforço - desconsiderando-se a falta de política de Estado para um tema que afinal, pouco toca na própria população.
Verdade que ao contrário da Índia, que vê na ascensão da China uma ameaça real à sua integridade, o Brasil não tem em seu horizonte imediato uma ameaça sequer próxima daquela.  Daí a diluição do tema em termos de interesse da população e da própria imprensa.
Mesmo assim o próprio arrastar-se das negociações com a Dassault tinham um aliado importante no fato de que NENHUMA UNIDADE do Rafale havia sido vendida e que em tese, para viabilizar o negócio tanto a empresa como o governo de Paris poderiam chegar uma solução mais vantajosa para os brasileiros.
A conclusão do MMRCA parece apontar para uma sensível redução deste argumento, além de dar uma margem de manobra para os franceses que antes não havia.
No programa indiano o custo de cada aeronave ficará en torno de US$ 82 milhões por unidade, enquanto a venda de 36 caças para a FAB custaria US$ 110 milhões cada.  Mesmo considerando a assimetria entre os 36 negociados pelo Brasil e os 126 a serem adquiridos pela Índia, ressalve-se que estas 36 aeronaves seriam uma encomenda inicial, podendo chegar a 120 aparelhos e extendendo-se para a MB que usaria a versão naval para equipar o NAe São Paulo (ex-Foch).
Os números finais não seriam assim tão diferentes dos indianos.
Mas ao contrário do que se colocava como uma estratégia destinada a arrancar um preço menor pelo avião francês, a extensão do FX-2 (que já foi cogitado para ser cancelado e recomeçar todo o processo desde o início) para uma conclusão que nunca chega, parece ser, agora, um desperdício de tempo.
Dificilmente haverá uma redução de preços de aquisição e operação tão significativamente aceitável para justificar a demora.  Mas, por outro lado, isso pode apressar enfim uma decisão.
O Brasil deve definir de forma mais consistente QUANTOS caças pretende adquirir e construir mediante a transferência de tecnologia, para que se possa chegar a um valor pelo menos próximo ao obtido pelos indianos - se for essa a proposta vencedora.
A FAB já se pronunciou intramuros favoravelmente ao Grippen NG mas aceitaria certamente com poucos resmungos a adoção do Rafale.  A principal questão levantada pela Aeronáutica e que os custos mais elevados do Rafale comprometerão uma parcela expressiva de recursos futuros; no que o Grippen leva uma grande vantagem.
Porém o NG só existe nas pranchetas e o que oferece em termos de tecnologia desenvolvida conjuntamente, não anula a necessidade de uma aeronave que urgentemente substitua a decrépita aviação de caça do Brasil.
O Rafale já foi testado em combate (Líbia), o Brasil tem uma parceria estratégica com a França e não tem mais o argumento de ser uma aeronave muito boa "mas que ninguém compra exceto os franceses".
Chegou a hora de decidir.....
Ou levamos o melhor já construído dentre os que ainda estão na disputa (o Rafale) ou investimos no projeto futuro mais interessante em termos de aquisição de capacidades (Grippen NG).
E este assunto não interessa só ao Brasil.

Para cobrir "todo" o território nacional, só espalhando NGs (o que acontecerá certamente até por questões de segurança).  Já o Rafale alcança todo o território nacional:

E além disso cobre as áreas do pré-sal, o espaço aéreo de vários dos nossos vizinhos, acessos marítimos importantes e a liberdade de navegação até de grandes potências.
O acréscimo de poder de fogo e raio de ação da FAB certamente cria expectativas - não necessáriamente hostis - em relação ao Brasil e seus vizinhos, que podem se sentir "ameaçados".  Mas isso não é um argumento válido pois além de não termos uma tradição de guerras agressivas, não existem litígios de fronteira ou por recursos que criem tensões com os vizinhos.
Temos que lembrar que a maior parte do nosso comércio se faz por mar, existe uma imensa riqueza sob o oceano e uma fortuna investida em plataformas e campos de exploração petrolífera, e que tudo isso está insuficiente e indesculpavelmente desprotegido.  
Não existe de fato a necessidade de armar toda a FAB com Rafales pois inúmeras operações podem ser executadas com muitos menos custos por aeronaves menos sofisticadas.
Mas com toda a riqueza potencial do país, a mesma não pode ficar à mercê do improviso ou da falta de ameças imediatas.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Brasil: Novos Investimentos em defesa

Defesa bilionária


Maior visibilidade mundial do País faz Exército reforçar a proteção das fronteiras com programa de R$ 11,9 bilhões que movimenta a indústria bélica.
Por Guilherme QUEIROZ

     A fronteira brasileira é tão vasta que descrevê-la evoca superlativos: 16.886 quilômetros separando o Brasil de 11 países vizinhos, numa faixa que abrange dez Estados e 27% do território nacional. Uma área tão extensa que vigiá-la tornou-se quase impossível. Mas com a maior projeção do Brasil na economia global, a proteção dos limites do País tornou-se um assunto prioritário na estratégia de defesa nacional. Para evitar o trânsito de traficantes de drogas, contrabandistas e guerrilheiros, o governo montou um ambicioso projeto com o objetivo de manter os confins brasileiros sob permanente vigília.
     Luiz Carlos Aguiar, da Embraer: "Temos a oportunidade de desenvolver, no longo prazo, novas tecnologias de defesa no Brasil".
      Numa estimativa inicial, serão gastos R$ 11,9 bilhões ao longo dos próximos dez anos para montar o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron). A Amazônia, por exemplo, cuja internacionalização é tema recorrente no noticiário mundial, receberá atenção especial. A gigantesca floresta, hoje vigiada por 21 Pelotões Especiais de Fronteira (PEFs), receberá 28 novos postos de vigilância em seis Estados da Amazônia Legal. Cada um tem um custo estimado de construção de R$ 8,5 milhões. “Com a escassez de recursos naturais, a proteção do território é cada vez mais uma questão de soberania”, diz o general João Roberto de Oliveira, assessor especial do Comando do Exército para o Sisfron.
     Além de, literalmente, demarcar território, o projeto das Forças Armadas chega num momento importante para a indústria mundial de defesa. Com a recessão nos países ricos, a perspectiva de um contrato de longo prazo no Brasil tornou-se bastante atraente. As empresas do setor já começaram a se movimentar, desfilando um portfólio de produtos de última geração para o Exército, encarregado de implementar o projeto. As empresas estrangeiras, porém, não poderão concorrer sozinhas pelos recursos. Pelas regras definidas na Estratégia Nacional de Defesa (END) é obrigatório formar parcerias com indústrias nacionais e transferir a tecnologia que vem de fora.
     Foi a deixa para iniciar uma onda de fusões e associações de olho no projeto bilionário do Exército. A Embraer Defesa e Segurança, a maior do setor, comprou a fabricante paulista de radares Orbisat e 50% do controle da Atech, especializada em integração de sistemas e responsável pelo projeto básico do Sisfron, concluído em dezembro. Três meses antes, a companhia de São José dos Campos desembolsou R$ 85 milhões para firmar uma joint venture com a gaúcha AEL Sistemas, subsidiária da israelense Elbit, criando a Harpia, para desenvolver veículos aéreos não tripulados (Vants) nacionais.
     General João de Oliveira: "Com a escassez de recursos naturais, a proteção do território é cada vez mais uma questão de soberania".
     Luiz Carlos Aguiar, presidente da Embraer Defesa e Segurança, diz que os investimentos mostram o interesse firme da companhia em participar do Sisfron e de abrir novos mercados. ”Temos a oportunidade de desenvolver, no longo prazo, novas tecnologia de defesa no Brasil", disse Aguiar à DINHEIRO. O Sisfron representa um avanço tecnológico sem precedentes, garante Vitor Puglia Neves, vice-presidente de operações da AEL Sistemas.Tão logo começou a ser projetado, há um ano, o programa atraiu uma respeitável leva de empresas mundiais no setor.
     Entre elas, a americana Rockwell Collins, a alemã Rheinmettal, a espanhola Indra e a italiana Selex. Desde então, o Exército já recebeu a visita de pelo menos 100 companhias interessadas. Mas o tabuleiro se agitou depois de setembro, com a criação da Empresa Estratégica de Defesa, que nada mais é que uma pessoa jurídica à qual qualquer companhia estrangeira deve obrigatoriamente se associar para projetos acima de R$ 50 milhões – como é o caso do Sisfron. O movimento mais recente foi da francesa Thales, uma gigante com faturamento de € 13,1 bilhões que, em dezembro, anunciou uma parceria com a construtora Andrade Gutierrez.
     Com negócios nas áreas de defesa, segurança aeroespacial e transportes, a Thales tem no currículo o desenvolvimento do sistema de vigilância da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), uma aliança militar entre a Europa, os Estados Unidos e o Canadá. “Temos muita experiência nessa área”, afirma Laurent Mourre, diretor da Thales para o Brasil. “O Sisfron é tão complexo que, quando estiver pronto, vai mudar radicalmente o modo como o Exército atua na defesa do País”, afirma. Quando for concluído, o sistema de defesa compreenderá numa intrincada rede de radares estacionários e móveis, sistemas de comunicações e veículos aéreos não tripulados.
     Os equipamentos terão de se comunicar e serão integrados numa grande teia, que dará subsídio aos centros de decisão do Exército. Simples no papel, extremamente complicado na prática. “Não há no planeta uma empresa capaz de fornecer o sistema completo”, diz o general João Roberto de Oliveira. “Isso estimula as empresas a se unirem.” Desde a edição da Estratégia Nacional, em 2009, o monitoramento permanente das fronteiras firmou-se como diretriz das Forças Armadas e se tornou uma das principais frentes de investimento do Ministério da Defesa. Soma-se a isso a necessidade de desenvolver parte significativa das tecnologias que serão empregadas até 2022 no Sisfron.
     Uma estimativa feita pela Embraer Defesa e Segurança aponta que o Brasil domina apenas 60% do conhecimento necessário para montar o sistema. Os demais 40% são considerados tecnologias críticas, que ainda terão que ser desenvolvidas. É aí que moram as oportunidades – tanto para as empresas brasileiras quanto para as multinacionais. Cerca de 30 indústrias nacionais estão hoje capacitadas para fornecer equipamentos e tecnologias para o Sisfron. Mas, quando se fala em companhias para se associar aos gigantes estrangeiros, esse universo se torna bastante restrito.
     Além de Embraer e Andrade Gutierrez, a mais adiantada nesse processo é a Odebrecht, que criou em 2011 sua divisão de defesa e segurança depois da joint venture com a francesa Cassidian, do grupo EADS. Outras construtoras, como Camargo Corrêa e OAS, já foram procuradas por interessadas estrangeiras – esta última sondada por uma americana do ramo de radares. A sueca Saab, que vem consolidando sua presença no Brasil para além da concorrência dos jatos do combate no programa F-X2, no qual disputa com seu Gripen NG, está em busca de parceiros.
     Laurent Mourre, da Thales: "O Sisfron, quando estiver pronto, mudará radicalmente o modo como o Exército atua na defesa do País".
     “Vamos nos associar a uma empresa brasileira, compartilhando e desenvolvendo tecnologias”, diz Åke Albertsson, vice-presidente mundial de marketing e gerente-geral para o Brasil. A Saab entrará na parceria como fornecedora de radares, sistemas eletrônicos e soluções. Embora já busquem se posicionar para o lançamento do Sisfron, as empresas ainda não sabem exatamente qual será o seu desenho, mesmo com o projeto básico concluído pelo Exército, um calhamaço de 57 volumes. Ele só será conhecido com a divulgação das especificações técnicas.
     “Só então saberemos quais são as tecnologias que o Brasil precisa, quais serão os equipamentos básicos e como serão integrados”, diz Jairo Cândido, diretor do departamento de indústria de defesa da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). Como será implementado ao longo de uma década, o Sisfron sairá do papel aos poucos. Neste semestre, devem ser conhecidos os detalhes técnicos do projeto piloto que será lançado numa faixa de fronteira de 650 quilômetros, na divisa entre Mato Grosso do Sul e a Bolívia e o Paraguai.
     Lá devem funcionar 12 radares, cada um com alcance de 60 quilômetros, ligados ao Comando Militar do Oeste, em Dourados (MS). O Orçamento da União de 2012 aloca R$ 172,8 milhões para essa finalidade. Essa fase experimental será a primeira iniciativa de integração das diversas plataformas de vigilância, dos radares aos Vants, com o centro de comando. Se der certo, o modelo será replicado nos outros 16 mil quilômetros de fronteira.
Fonte:  Isto É Dinheiro  http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/76604_DEFESA+BILIONARIA

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Necessidade de investimentos

Tudo indica, na caserna entendeu-se com mais realismo a Mensagem da Líbia, enviada pelo império, consumidor viciado em petróleo. Não devem as forças progressistas agendar concretamente, sob a sua ótica, o debate da sinistra Mensagem da Líbia?  Beto Almeida

Se quiser de fato ter soberania nacional sobre o petróleo pré-sal, o
Brasil deve investir, até 2030, nada menos que 223,5 bilhões de reais
para dotar o país de poder naval do porte das riquezas a defender. Foi
esta a tônica de audiência pública realizada na Comissão de Relação
Exteriores do Senado, nesta semana, com depoimentos de autoridades
militares. O tema: “Como defender o pré-sal?”, Despertou vivo
interesse corpo diplomático, lá presente. Mas, não teve cobertura da
mídia convencional à altura da envergadura dos temas ali tratados,
afinal, decisivos para os destinos da Nação, mesmo para quem tem
reservas, políticas ou filosóficas, a temas militares.

Vale constatar: defesa nacional não é debate prioritário na sociedade
brasileira hoje, para o que contribui, em boa medida, o não
fornecimento de informações objetivas por parte da mídia à sociedade,
em contraste do estardalhaço sensacionalista da overdose de coberturas
sobre violência e criminalidade, sob clichê de segurança pública.

Tampouco é tema com presença regular na agenda das forças
progressistas, muito embora o Governo Lula tenha dado uma boa mexida
na Política Nacional de Defesa.

As autoridades militares deram o tamanho do problema: o Brasil precisa
ter 20 novos submarinos convencionais e pelo menos seis nucleares.
Precisa ainda de uma segunda esquadra. Sem esquecer, a continuidade do
Programa Nuclear, que recebeu novos aportes durante o governo Lula.
Enfatizou-se: isto não é megalomania, mas indispensável poder de
dissuasão em tempos de paz para evitar o conflito armado. Leia-se,
tempos em que o mundo dispõe de reservas petrolíferas para apenas mais
45 anos e os EUA para apenas mais 10 anos. Tempos em que os EUA estão
tomando na marra as riquezas energéticas de quem as possui, invadindo
o Iraque, o Afeganistão e agora, com carnificina selvagem, a Líbia.

Um dos expositores, o professor da Escola Superior de Guerra, Simon
Rosental, desenvolveu um pouco mais o quadro internacional em que
deve ser programada e planejada a forma mais adequada para garantir a
soberania nacional sobre as riquezas do pré-sal. “ O Brasil descobriu
o pré-sal quando no mundo as reservas declinam. O que devemos fazer?
Utilizar as três Forças conjuntamente para garantir poder de dissuasão
sobre toda essa área e defender a soberania e a integridade do país. É
comum ouvir que não há necessidade de recursos para as Forças Armadas,
pois estamos no Atlântico Sul, o lugar mais tranquilo do planeta. Há
certa verdade nisso, mas o erro é o foco. A ameaça vem da linha do
Equador para cima” — alertou o especialista.

Área sensível

Ampliando este raciocínio, o presidente da Comissão Coordenadora do
Programa Aeronave de Combate, ­brigadeiro do ar Carlos de Almeida
Baptista Junior, sustentou em sua exposição que a região onde estão
localizadas as reservas do pré-sal será uma "área sensível" do
território brasileiro, e que o país precisará estar preparado para
garantir "pronta resposta" a qualquer ameaça externa.
“O pré-sal é e será ponto de cobiça. Trata-se de uma riqueza que
precisa ser defendida, por isso a dissuasão deve ser permanente”
ressaltou Baptista.
Informando que na região será construído um dos mais modernos sistemas
de controle de tráfego aérea do mundo, o Brigadeiro, destacou que
Aeronáutica aguarda ansiosa a decisão sobre a compra dos jatos
supersônicos. Recentemente, em entrevista á TV Senado, Ozires Silva,
fundador da Embraer, disse que estes contratos para a compra de aviões
devem ser dados não a estrangeiros, mas àquela indústria
aeronáutica nacional, assegurando que ela teria plenas de fabricar
aqui mesmo os caças indispensáveis. “A Boeing também terceiriza parte
do que produz. Nenhuma empresa produz todos os componentes
fundamentais, Se derem a oportunidade a Embraer dá conta do recado”,
assegurou. Construir aqui gera emprego, tecnologia e, especialmente,
independência tecnológica.

“Armas, o último argumento” ?

Diante da magnitude do volume de recursos mencionados para de verdade
organizar uma defesa soberana do petróleo do fundo do mar, o senador
Cristovam Buarque, que presidiu a audiência pública, assinalou que, se
os investimentos para defesa dos recursos do pré-sal forem maiores do
que os previstos para a defesa do país, isso deve ser feito com
recursos provenientes dessas próprias riquezas e "não da nação
brasileira como um todo. Nenhuma menção foi feita ao fato de Brasil
esterilizar, anualmente, uma verdadeira montanha de recursos para o
pagamento dos encargos da dívida - já chamada de a Bolsa Selic,
regiamente paga aos que odeiam o Bolsa Família - muito embora
problemas cruciais continuem a ser não enfrentados, entre eles o da
defesa do país. Isto é, o Brasil se dá ao luxo de direcionar enorme
fluxo de recursos orçamentários para os rentistas, em que pese não
ter recursos para controlar o tráfico de armas e, pior ainda, em que
pese a gravidade do cenário internacional hoje, com crescentes
intervenções militares imperiais, de multiplicação de seus orçamentos
bélicos.

Assim, o que se pode dizer pode-se dizer após uma audiência com
duros alertas de especialistas é que , diante do porte do país e das
riquezas a defender, o Brasil ainda anda desarmado. A audiência foi
encerrada com citação de provérbio romano: “Nossa soberania termina
onde finda o alcance de nossas armas”. Tudo indica, na caserna
entendeu-se com mais realismo a Mensagem da Líbia, enviada pelo
império, consumidor viciado em petróleo. Não devem as forças
progressistas agendar concretamente, sob a sua ótica, o debate da
sinistra Mensagem da Líbia? Ao participar, em julho, de uma reunião
ampliada na Escola Superior de Guerra, quando estava em curso o
bombardeio sobre a Líbia, Lula sintetizou numa frase: “se fizeram com
a Líbia, podem fazer com outro país depois”.

Afinal, convém lembrar que face ao seqüestro do Conselho de Segurança
da ONU pelos poderes imperiais, atropelando qualquer vestígio de
legalidade e arrancando resoluções na marra, o que pode estar sendo
colocado em prática é outro provérbio romano: “Armas, o último
argumento”.

Jornalista, Membro da Junta Diretiva da Telesur

FONTE: Carta Maior
http://www.cartamaior.com.br/templates/analiseMostrar.cfm?coluna_id=5305
 
Ver adicional: http://www.tanosite.com/portalnovo/?pgn=not&cod=15146

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Amorim e Sarkozy se reúnem em Paris

O ministro brasileiro da Defesa, Celso Amorim, se reunirá nesta quarta-feira com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, com quem poderá abordar o tema da compra dos caças Rafale, um dia depois de uma reunião com os ministros da Defesa e das Relações Exteriores da França.
Na terça-feira de manhã, Amorim se reuniu com o colega francês Gérard Longuet e depois se encontrou com o chanceler Alain Juppé.
Este encontro permitirá "reforçar o diálogo de Defesa com o Brasil e marcar a determinação da França de continuar compartilhando seu “savoir-faire”, sua experiência, sua alta tecnologia, conforme a ambição da nossa associação estratégica" bilateral, afirmou o porta-voz da chancelaria francesa, Bernard Valero.
"Entre os temas que (Amorim) revisará, provavelmente estará o assunto dos caças" Rafale, disse no Brasil uma fonte oficial que pediu para ter sua identidade preservada.
A França continua aspirando a vencer uma licitação milionária no Brasil para a venda de 36 aviões de combate Rafale, joia da coroa da construtora aeronáutica francesa Dassault Aviation, caça que está a serviço das Forças Armadas francesas, mas nunca foi vendido ao exterior.
Em 2009, durante visita oficial ao Brasil, Sarkozy anunciou publicamente que venderia as aeronaves supersônicas ao Brasil, mas as negociações foram suspensas ao fim do mandato de Lula e na chegada ao poder de sua sucessora, Dilma Rousseff.
Em julho, o antecessor de Amorim, Nelson Jobim, disse na França que uma decisão sobre a eventual compra dos Rafale havia sido adiada "até o começo de 2012".
Ao meio-dia desta quarta-feira, Amorim se reunirá no Palácio do Eliseu com o presidente Sarkozy, antes de seguir para Cherburgo, na Normandia (noroeste da França), onde tem agendada uma visita a um estaleiro naval onde é construído um dos quatro submarinos convencionais da classe "Scorpene" que o Brasil comprou da França em 2009, no contexto do programa de cooperação bilateral.

Fonte: AFP

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Escolha de Amorim pode azedar reaproximação do Brasil com os Estados Unidos



A escolha de Celso Amorim como ministro da Defesa gerou desconforto entre os militares, algo que ele começou a equacionar na tarde de sábado (6), em reunião com os comandantes das Forças Armadas no Palácio do Planalto.
Há outras arestas a serem aparadas, porém. O histórico da atuação do diplomata poderá atrapalhar a política de reaproximação do Brasil com os Estados Unidos iniciada no governo Dilma Rousseff. A simpatia que Amorim demonstrava em relação ao Irã nos tempos em que era chanceler, principalmente a posição enfática a favor do processo de enriquecimento de urânio, jamais foi vista com bons olhos pela Casa Branca. A situação agora se agrava: titular da Defesa, Amorim será responsável pelo programa nuclear brasileiro. “Como explicar aos norte-americanos que o programa de desenvolvimento de um submarino com propulsão nuclear não vai se transformar em um empreendimento para a fabricação de um submarino com armamento nuclear?”, questiona o coordenador do curso de relações internacionais da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), de São Paulo, Gunther Rudzit.
Há dois anos, quando estudava nos Estados Unidos, Gunther participou de uma audiência na Comissão de Segurança do Senado norte-americano. Ouviu de um senador democrata que o Brasil, depois de um longo tempo, voltou a ser incluído no radar de alerta após as declarações de simpatia de Amorim e do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao ditador iraniano Mahmoud Ahmadinejad. O especialista em defesa lembra que o Senado dos EUA tem amplos poderes para influenciar a política externa e não seria improvável que a nomeação de Amorim para a Defesa aumentasse o grau de incerteza dos americanos em relação ao Brasil. “A luz amarela passaria para vermelha rapidamente”, afirmou Gunther ao Correio.
A questão da compra dos caças para renovar a frota brasileira também gera outro ponto de interrogação. Estimulado por Lula, que sempre quis manter uma relação próxima com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, Amorim defendia a aquisição dos caças Rafale, da fabricante Dassault. A Força Aérea Brasileira elaborou um estudo técnico mostrando as vantagens de se adquirir as aeronaves da empresa sueca Gripen. O documento foi fuzilado pelo Planalto, a gritaria acabou amplificada pelo veto do assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, e a Aeronáutica teve que revisar o parecer técnico. A exemplo dos militares, Nelson Jobim também preferia os aviões suecos. Mas teve que engolir a seco.
Quando Dilma Rousseff assumiu a cadeira no Planalto, a compra dos aviões deixou de ser prioridade e o tema foi relegado a segundo plano, o que também desagradou Jobim, embora as Forças Armadas tenham um projeto de modernização. Gunther acreditava que, na linha de uma reaproximação com os Estados Unidos, o Brasil poderia rever as questões ideológicas e optar pelos aviões da Boeing, embora não haja qualquer garantia que os americanos vão transferir a tecnologia desejada pelo governo brasileiro.
Desavenças
Além das questões práticas, ainda existem as desavenças profissionais. Tanto a diplomacia quanto a área de Defesa são consideradas carreiras de Estado, o que, inevitavelmente, gera ciúmes entre os profissionais dos dois setores. A nomeação de Amorim ressuscita um questionamento, feito em 2003, quando Lula resolveu indicar o também diplomata José Viegas para o cargo de ministro da Defesa. “Os diplomatas gostariam de ver um general quatro estrelas chefiando o Itamaraty? Pois é, os militares pensam exatamente da mesma forma”, reforçou Gunther.
Uma nuance que pode ajudar nessa relação e diminuir a desconfiança dos quartéis à indicação de Amorim é o estilo mais low profile do novo ministro em relação ao antecessor. Ninguém espera ver Amorim vestido com fardas camufladas ou fazendo operações pirotécnicas na selva. O ex-chanceler também nunca tomaria banho nu durante a cerimônia religiosa do Kuarup no Rio Xingu, como fez Jobim, em 1995. Ambos são vistos por pessoas próximas como detentores de egos inflados, mas o novo ministro é mais “disciplinado hierarquicamente”, acredita Gunther. “Se ele começar a extrapolar em suas palavras e ações, Dilma poderá falar: ‘Menos, Amorim, menos’ ”, brincou o professor.
Há quem enxergue, também, uma saia justa para o atual ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota. Ele foi uma escolha pessoal da presidente Dilma para dar um novo rumo à política externa brasileira, menos benevolente com governos de esquerda, como Bolívia, Equador e Venezuela, e mais voltada a uma reaproximação com os Estados Unidos. Além disso, o atual ministro de Relações Exteriores era secretário executivo de Amorim no Itamaraty. “Ele substituiu o chefe e, agora, o antigo superior passa a ser colega dele na Esplanada. Será constrangedora a reunião ministerial”, aposta um interlocutor da área diplomática brasileira.
Um especialista ainda lembrou que a própria aproximação de Amorim com os países “bolivarianos” vai provocar questionamentos entre os comandantes militares. Os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Lula foram obrigados a rever conceitos. O tucano teria dito “esqueçam o que escrevi”. Lula, ao adotar a política econômica conservadora para domar a inflação, autointitulou-se de “metamorfose ambulante”. “Agora, diante da tropa, Amorim dirá: esqueçam quem eu admirava?”, provoca um diplomata.
Fonte: Correio Brasiliense  via by Angelo D. Nicolaci 08/08/11 06:31

sábado, 6 de agosto de 2011

Amorim se reúne neste sábado com militares

Google Notícias
6 de Agosto de 2011 - 9:8
Amorim se reúne neste sábado com militares
Presidente Dilma pode participar do encontro entre o ministro e o comando. (Foto: Agência Brasil) Clique para ampliar a imagem
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Presidente Dilma pode participar do encontro entre o ministro e o comando
O novo ministro da Defesa, Celso Amorim, deve se encontrar com os comandantes das Forças Armadas neste sábado (6). A informação foi dada pelo próprio ministro, ainda na sexta-feira (5), em sua primeira declaração à imprensa após o anúncio de seu retorno ao governo.
A assessoria do Ministério da Defesa afirmou ao R7 que Amorim não mobilizou funcionários da pasta para o encontro com o almirante Moura Neto, da Marinha, o brigadeiro Juniti Saito, da Aeronáutica, e general Enzo Peri, do Exército. Trata-se, portanto, de um evento extra-oficial, ainda mais porque o ministro só deve tomar posse do cargo na segunda-feira (8), em cerimônia no Palácio do Planalto.
Há, ainda, a possibilidade de que a presidente Dilma Rousseff participe do encontro entre os quatro, que pode ser realizado no Palácio da Alvorada, onde ela costuma passar os finais de semana. Seria, portanto, o primeiro encontro entre Dilma e Amorim após o anúncio da troca ministerial.
Na sexta-feira (5), a presidente reuniu os comandantes para assegurar a permanência deles em suas funções e avisar que o novo ministro não fará mudanças na estrutura militar. Dilma também pediu aos chefes das Forças Armadas que "mantenham a normalidade institucional".
Sem trânsito
O encontro será um teste para Amorim, que, segundo especialistas consultados pelo R7, vai ter uma vida difícil no cargo, principalmente na relação com os militares. Para eles, não é fácil a convivência entre um diplomata, como é o caso de Amorim, que foi Ministro das Relações Exteriores durante todo o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, e as Forças Armadas.
Além disso, posições políticas do governo Lula, como o apoio a líderes questionáveis como Mahmoud Ahmadinejad no Irã e Hugo Chávez na Venezuela, que em geral são criticados pelos militares, também podem provocar mal-estar ao novo ministro.
Para o cientista político Alexandre Fuccille, pesquisador da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e especialista em questões militares, Amorim não vai ter uma vida "nem fácil nem tranquila" à frente do Ministério da Defesa, "até porque os militares preferiam um nome não oriundo do Itamaraty".
- Obviamente vai ter queixas. Seja porque ele é um diplomata de formação, seja porque durante os oito anos do governo Lula a política externa foi bastante controversa. <...> Mas a crítica que houve a ele, de que existiu uma ideologização, uma esquerdização da política externa, de que havia uma política de governo, e não de Estado, como deve ser nas relações exteriores, sem dúvida pesa contra, gera um mal-estar.
Fonte: R7.com

sexta-feira, 8 de abril de 2011

O Brasil deve fazer investimento militar para ter voz

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou que a modernização das Forças Armadas afetada pelos cortes orçamentários deste ano preencherá uma "lacuna" na ação diplomática e permitirá ao Brasil passar de "potência regional a grande potência" em 20 anos.
Sem isso, acrescentou, só existiriam "delírios de grandeza desacoplados de condições objetivas".
Ele disse que discute a apresentação de uma lei para garantir a "perenidade" do investimento militar.
"Poderíamos ter atuação mais intensa não só no entorno sul-americano, mas na África ocidental e em pontos selecionados do globo em que interesses vitais brasileiros estivessem em jogo."
Hoje, o Brasil lidera a força de paz da ONU no Haiti e integra o comando naval da missão no Líbano.
O ministro reafirmou, no entanto, que o país não participará de operações de imposição da paz, como a executada pela Otan (aliança militar ocidental) contra o regime da Líbia.
Previu que a ofensiva terminará mal. "Quero ver como vão sair de lá."
Jobim participou de seminário sobre "oportunidades, escolhas e ambições" do Brasil promovido pela Chatham House britânica e o Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais).
Antes de sua palestra, o diretor da Chatham House Robin Niblett fez uma provocação. Disse que "se abster não é escolher", referindo-se à posição brasileira na votação do Conselho de Segurança que aprovou os ataques na Líbia.
O indiano Rathin Roy, do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), afirmou que Brasil, Índia e África do Sul ainda não demonstraram por que querem um cadeira permanente no CS e continuam atuando "nas margens" das propostas das potências tradicionais.
Fonte: Folha
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