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domingo, 11 de julho de 2021

Afinal, a China é comunista, capitalista ou socialista? - Dossiê 247 #1

https://youtu.be/rJIvvk0pIo8 


Neste documentário, o jornalista Leonardo Attuch aborda o crescimento econômico da China, cuja economia tende a se tornar a maior do mundo, e entrevista o jornalista José Reinaldo Carvalho, o economista Paulo Gala, o geógrafo Elias Jabbour, o filósofo Alysson Mascaro, o jornalista Breno Altman, a jornalista Janaína Silveira e o historiador Jones Manoel sobre o modelo adotado pelo China e os rumos do país.

Roteiro: Leonardo Attuch.

Gravação: Nicolas Iwashita.

Edição de vídeo: Thiago Araújo Monteiro.

Edição de imagens: Ana Pupulin.




segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

A Revolução Coreana

     Encontrei a pouco este canal de História - Leitura ObrigaHISTÓRIA e além de tratar de vários temas relevantes, é muito didático e esclarecedor.

     Fica aqui a dica e este link leva a um tema pouco conhecido, apesar de cada vez mais importante atualmente, fugindo das interpretações superficiais.  Destaca várias polêmicas acerca do tema e a escassez de material para se analisar o tema.

https://www.youtube.com/watch?v=BD6E7qpZ9bw

domingo, 8 de junho de 2014

Conheça 8 fatos sobre o massacre da Praça da Paz Celestial - Vanessa Martina Silva

O Massacre da Parça da Paz Celestial como ficou conhecida a repressão realizada pelo governo a uma onda de protestos no país, é um tabu na China. Perto da data em que se comemora o 25º aniversário dos acontecimentos, internautas começaram a denunciar a o aumento da censura a determinadas ferramentas na internet como o Google. O Partido Comunista nega a existência do massacre e evita — o máximo que pode — o debate em torno da questão.
Flickr/Robert Croma/CC

Estima-se que cerca de cem mil manifestantes entre estudantes, intelectuais e trabalhadores participaram do protesto
A clássica imagem de um homem que tenta parar uma fileira de tanques que se dirigia para a praça é considerada uma das mais influentes do século 20. Não se sabe o que teria acontecido com o "homem-tanque". Alguns relatos dão conta de que ele foi morto pelas tropas governamentais e outros que ele vive no interior do país.

1)  Vazamentos do Wikileaks negam que massacre tenha existido (da forma como contam)
Informes divulgados pelo The Daily Telegraph em 2011 negam a versão corrente de que soldados massacraram os estudantes na Praça Celestial. De acordo com as informações da embaixada dos Estados Unidos em Pequim, divulgadas com exclusividade pelo jornal, os militares abriram fogo contra manifestantes fora do centro da cidade. Outro telegrama diz que "um diplomata chileno testemunhou os soldados ocupando a Praça da Paz Celestial: embora alguns disparos pudessem ser ouvidos, ele disse que não viu nenhum fogo contra a massa de estudantes, viu apenas alguns deles apanharem".
2)  Jornal The New York Times confirmou a versão
O chefe de sucursal em Pequim do jornal norte-americano à época, Nicholas Kristof, em artigo intitulado "Atualização da China: Como os linhas-duras venceram", publicado em 12 de novembro de 1989, afirma no fim de um texto crítico ao governo chinês que "baseado em minhas observações nas ruas, nenhuma versão está certa, nem a oficial nem as feitas por estrangeiros. Não houve massacre na Praça da Paz Celestial, embora tenha havido muitas mortes em outras partes". O autor foi duramente criticado pela declaração.
Wikicommons

Para lembrar acontecimento, chineses costumam acender velas em memória das vítimas

3)  Imprensa internacional
Apesar de a imprensa internacional estar em Pequim por ocasião da visita do ex-presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachev, o governo ordenou que elas encerrassem suas transmissões. A única cadeia televisiva que pôde gravar o interior da praça na noite de 3 a 4 de junho foi a espanhola TVE. A maioria das emissoras estava no Hotel Pequim, de onde não é possível ver a Praça Celestial. Por isso, o diplomata espanhol Eugenio Bregolat sustenta que a imprensa se equivocou na cobertura por não ter presenciado os fatos. A versão de que tanques chineses teriam esmagado estudantes passando por cima e dando marcha à ré para esmagá-los novamente também é contestada pelo diplomata: "Os únicos blindados da história que deram marcha à ré foram tanques italianos em Guadalajara", disse em entrevista ao El Periódico.com.
4)  Último manifestante foi libertado 24 anos depois
Jiang Yaqun foi posto em liberdade em maio de 2013, aos 73 anos. Ele sofre de Alzheimer e não tem casa ou família para recebê-lo, como disseram as autoridades chinesas. O jornal The Guardian afirmou que Yaqun foi o último manifestante “contrarrevolucionário” a ser libertado. De acordo com a organização China Human Rights Defenders, 906 manifestantes foram presos naquela ocasião.

5)  Números são controversos
Não existem cifras oficiais a respeito da quantidade de vítimas provocadas pela ação de 4 de junho. Autoridades, no entanto, mencionaram, logo após os fatos, que “um milhar de soldados e policiais foram mortos, feridos ou sequestrados”, como reportou o jornal El País no dia seguinte.
As mães da Praça da Paz Celestial possuem nome e sobrenome de 205 mortos. No entanto, "estimativa" realizada por jornais internacionais e ativistas do país é de que este número possa chegar a 3 mil. A dificuldade de reconhecer as vítimas estaria no fato de que muitos dos estudantes terem vindo do interior.
6)  Circo e protesto
Em 2013, o Cirque de Solei apresentou a emblemática foto do “homem tanque” em uma tela gigante por cerca de quatro segundos para uma plateia de cerca de 1500 pessoas em Pequim como parte de uma montagem de imagens de protestos durante apresentação de "They Don't Care About Us", de Michael Jackson, durante a turnê "Michael Jackson Immortal World Tour".
As imagens e menções aos protestos na Praça da Paz Celestial seguem sendo proibidas na China.
7)   Até a Bolsa protestou
Em 4 de junho de 2012, a Bolsa de Xangai registrou uma queda de 64,89 pontos, o que foi apontado como uma lembrança à data do massacre (4/6/89).
8)  Mais vítimas
Em maio de 2012, Ya Weilin, pai de um dos jovens mortos em 1989, suicidou-se em protesto contra a falta de respostas das autoridades a respeito dos acontecimentos. “A China, o grande Partido Comunista da China matou meu filho, mas nunca sequer pediu desculpa. Nós somos cidadãos não podemos dizer uma única palavra?”, escreveu tempos antes de se matar.
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/35541/conheca+8+fatos+sobre+o+massacre+da+praca+da+paz+celestial.shtml

domingo, 27 de junho de 2010

Maoísmo: uma pergunta e um desdobramento


Por estes dias uma aluna me perguntou sobre o que era o maoísmo durante uma explicação introdutória sobre a Revolução Chinesa de 1949.
Lhe dei a resposta mas fiquei com a impressão de que podia me alongar e apresentar uma mais completa.
Assim, fui aos meus livros e me lembrei de uma tabela com as principais diferenças do maoísmo e o leninismo.
A fonte é livro Guerra Irregular – Terrorismo, guerrilha e movimentos de resistência ao longo da história, editora Contexto, e escrito por Alessandro Visacro.
Na página 77 ele construiu uma tabela comparativa muito interessante, e na qual demonstra tais diferenças.
Acerca do maoísmo são apontadas as seguintes diferenças em relação ao leninismo:

1.A “vanguarda” da revolução é o Exército de Libertação Popular;

2.A classe social dotada de maior potencial revolucionário era o campesinato;

3.O locus revolucionário era o campo;

4.O eixo operacional da revolução era a ênfase na guerra de guerrilha;

5.Era fundamental deter apoio na população;

6.Isso implicava um forte trabalho de doutrinação e cooptação;

7.E a aplicação da Teoria da Guerra Revolucionária em Três Etapas.

Esta, por sua vez, segmentava a luta entre a fase de Organização e Treinamento, onde se promoveriam as taefas de recrutamento e adestramento dos guerrilheiros, a doutrinação ideológica destes e dos camponeses, a obtenção de apoios, criação de redutos e unidades de combate.
A fase seguinte (segundo estágio) era a da Guerrilha propriamente dita onde ataques rápidos e operações de pequena envergadura, com poucos efetivos dominavam o cenário operacional. Nesta etapa era fundamental evitar grandes confrontos com o objetivo de negar ao inimigo a “batalha decisiva”.
O conflito de baixa intensidade tinha assim a função de gerar um “impasse estratégico”. Segundo o autor, “...não competia à guerrilha vencer...-bastava não ser derrotada” (p. 85).
Finalmente, no terceiro estágio, ou da Guerra Móvel, a expansão das unidades guerrilheiras em destacamentos maiores, permitiria a conversão daquelas em unidades regulares. Empregadas em operações de guerra propriamente ditas, travam-se então grandes combates e promove-se o isolamento geográfico das forças de oposição até a batalha decisiva. Aqui está implícito que esta será travada nos termos dos revolucionários.
Observando a trajetória da revolução chinesa encontra-se estas etapas até o final da 2ª Grande Guerra, quando as forças comunistas convertem-se efetivamente em unidades de combate e iniciam as grandes operações contra o exército do KMT de Chiang Kai-Chek.
Após a rendição japonesa em 1945, os comunistas se apropriaram de grandes quantidades de armas e suprimentos do rendido exército imperial nipônico e passaram a usar estas armas com a retomada da guerra civil contra o governo nacionalista do Kuomitang.

Era uma pergunta até simples, mas permitiu desdobrar a mesma e buscar ser o mais exato possível - até porque é rara uma pergunta que foge do normal!





segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Colégio HMS – História
Prof. Cláudio Almeida

http://claudiouff.blogspot.com http://profclaudio.wordpress.com
ASSUNTO: A Revolução Chinesa
I – Introdução
Durante os séculos XIV ao XIX a China – o Império do Meio – sob a dinastia Ming que ascendeu após o domínio mongol, fechou-se a todas as influências exteriores e recuperou as tradições nacionais. Assim, as influências materiais, humanas e culturais de origem não sínica, foram barradas e suprimidas.
No início do XIX comerciantes europeus que desde o XVI buscavam romper o isolamento chinês e estabelecer relações comerciais, encontraram no ópio uma “chave” para abrir o mercado da China.
O consumo do entorpecente rapidamente foi se alastrando e gerando crescentes preocupações estatais sobre tal comércio e seus desastrosos efeitos sobre os consumidores. Inicialmente as autoridades tentaram, pela diplomacia, contornar o problema, e como não tiveram o efeito desejado, reagiram com restrições e punições mais severas. Mesmo a comunidade de mercadores estrangeiros foi atingida, quando em 1842 estoques de ópio foram confiscados e destruídos.
Aos protestos dos comerciantes junto às autoridades inglesas, juntou-se uma expedição punitiva que originou a 1ª Guerra do Ópio. A defasagem militar ocidental sobre a China já era tão grande que a resistência chinesa foi quase protocolar. E à derrota seguiram-se as exigências, os privilégios comerciais, os Tratados Desiguais, etc.
Logo, outras potências vieram na esteira dos britânicos e exigiram iguais condições no mercado chinês, o que veio a caracterizar essa conjuntura como o break-up (partilha) como um desdobramento do “Regime de Portas Abertas”.
Na virada do século XX, uma tardia reação nacionalista originou a chamada “Guerra dos Boxers” e uma adesão do governo imperial desastrosa aos rebeldes. Da derrota de ambos, o domínio estrangeiro aprofundou-se e condenou ao fim a monarquia chinesa, com a Revolução de 1911.
II – As Guerras Revolucionárias
Fundada neste ano, a República foi dominada pelo Partido Nacionalista Chinês, o Kuomitang ou KMT, e que sob a liderança de Sun Yat-Sen propunha-se a implementar um regime democrático, nacionalista e liberal. Com estas propostas, a liderança do KMT esperava varrer a interferência estrangeira, diversificar a economia, eliminar as desordens internas e promover o crescimento de uma burguesia chinesa que conduzi-se a modernização do país.
Mas o projeto esbarrou na fragilidade do aparato republicano para controlar todo o território chinês, o que levou o KMT a entregar grandes e longínquas regiões à administração dos chamados senhores da guerra, lideranças militares que exerciam de fato a autoridade regional diante do vazio de poder do governo central.
A anarquia se espalhou e o campesinato, já sacrificado pela política de modernização com impostos e exigências de mais trabalho, ficou exposto ao autoritarismo destes senhores da guerra, grupos de bandidos e milícias diversas controladas por latifundiários ou chefes de aldeias.
Neste ambiente de desordem, insatisfação e frustração com a república propiciou a formação e expansão do Partido Comunista Chinês ou o PCCh, sob a liderança de Mao Tsé-Tung.
Ameaçado pela anarquia generalizada, o KMT aliou-se ao PCCh (em1923) para restabelecer uma autoridade central em nível nacional. Assim, nacionalistas e comunistas fizeram causa comum contra os senhores da guerra e seus congêneres, entre os anos de 1924 a 1927 – era a 1ª Guerra Revolucionária.
Inicialmente aliados, os nacionalistas sob a crescente influência do general Chiang Kai-Chek começaram a eliminar os comunistas nas áreas que caíam sob controle direto do KMT e a medida em que se enfraqueciam os senhores da guerra.
Entre 1927 e 1937 ocorreu a 2ª Guerra Revolucionária onde o PCC h buscou sobreviver a uma enorme ofensiva militar do KMT contra as bases comunistas e que levaram à retirada dos comunistas para o norte do país e a implementação da chamada Longa Marcha, que embora tenha levado a eliminação quase total dos comunistas, permitiu a Mao sobreviver e reconstituir o PCC h
Entre os anos de 1937 a 1945, transcorreu a Guerra de Resistência, onde os comunistas tomaram a iniciativa de lutar contra as forças japonesas de invasão. Estas já ocupavam a Manchúria desde 1931 e em 1937 ampliaram a invasão contra a China. A contragosto, e lentamente, o KMT aliou-se aos comunistas quando o conflito chinês atrelou-se à Segunda Grande Guerra, após o ataque japonês contra os EUA, em Pearl Harbour. Tanto o KMT como o PCCh foram beneficiados pela aliança comum dos EUA e da URSS contra alemães (na Europa) e japoneses (na Ásia). Quando o conflito terminou em 1945, ambos saíram fortalecidos, embora o PCCh viesse a demonstrar melhores qualidades de comando e manobra.
Começou assim a 3ª e última Guerra Revolucionária que se encerrou em 1949 com a fuga da liderança do KMT para Formosa, constituindo-se na China Nacionalista, em oposição à China continental, denominada de República Popular.
III – A Revolução Chinesa (anos 1950-76)
Inicialmente houve um apoio soviético na forma de créditos e o oferecimento de auxílio técnico, equipamentos e assessoria em geral para o novo governo em Pequim. Mas os problemas eram graves e exigiam solução urgente, indicando que os tempos de sacrifício não haviam terminado.
Em 1950 havia ainda cerca de 1 milhão de soldados nacionalistas ainda resistiam nas montanhas chinesas; aliar o controle territorial à destruição dos poderes locais e consolidação política eram tarefas fundamentais para o sucesso do PCCh. Outra tarefa importante era redistribuir a terra de forma a contentar a base social da revolução – o campesinato.
Porém, outra tarefa urgente sê impôs. Entre 1950 e 1953 os gastos militares da República Popular se expandiram devido o início da Guerra da Coreia, e desviaram recursos e esforços que podiam ser usados na consolidação da revolução.
Com o término do conflito, a liderança do PCCh entendeu ser chegada a hora de aprofundar a socialização pelo desenvolvimento planificado, dando seguimento ao I Plano Quinquenal (1952-57). Mas os pressupostos eram equivocados e os resultados foram insuficientes. Um exemplo era que o modelo soviético, na agricultura, apoiava-se numa relativa escassez de mão-de-obra e maior mecanização, mas na China, o que não faltava eram braços para o trabalho nos campos e assim, era economicamente um desperdício recorrer-se à mecanização agrícola. Noutra vertente, o plano priorizou a industrialização e relegou a agricultura a um segundo plano.
Ainda nos anos 50 haveria a ruptura entre as duas potências comunistas, em virtude da desestalinização levada a termo por Kruschev, a aproximação soviético-norte-americana, as restrições de Moscou ao programa nuclear chinês, etc. Por sinal, Pequim insistia que o apoio soviético era insuficiente, que Moscou tentava tutelar a República Popular e ambicionava os recursos chineses.
A expansão industrial do I Plano agravou os problemas da diferença de índices de crescimento na agricultura e na indústria: mesmo mantendo forte crescimento rural, ele seria insuficiente para atender as necessidades urbano-industriais, travando a expansão industrial.
Foi também concluído o recenseamento geral da população e para surpresa do governo, havia mais gente para alimentar, empregar e assistir, ainda mais com o alto índice de jovens que, na geração seguinte, entraria no mercado de trabalho. Planejando para uma população de 450 milhões de pessoas, o PCCh viu-se às voltas com quase 600 milhões.
Diante das crescentes manifestações de insatisfação, Mao estimulou em 1957 que a população criticasse o partido e sua condução do processo revolucionário, num evento denominado de Campanha das Cem Flores. Estimulada a criticar, a população fez exatamente isso, atacando a burocratização e as lideranças comunistas.
Diante das críticas o partido fechou-se e começou a reprimir a oposição, que afinal tinha expressão e conteúdo nos problemas econômicos nacionais.
Neste contexto emergiu o chamado Grande Salto Para a Frente e a formação das comunas rurais. A mobilização dos recursos rurais – sua força de trabalho, sua poupança, engenho e criatividades – seriam as alternativas para manter o crescimento econômico. Caberia a grande indústria associar-se ao esforço provendo as comunas rurais com equipamentos de menor porte e mais rudimentares mas que pudessem auxiliar as comunas em seu esforço de industrializar o país e prover bens de consumo, alimentos e matérias primas. O trabalho coletivo foi organizado para enfrentar as secas, as enchentes, a ampliação dos campos, o plantio e a colheita, etc. Mesmo fundindo os recursos de comunidades mais e menos prósperas, e ampliando a diversificação de trabalhos em cada unidade comunal. Neste esforço de descentralização econômica, as comunas receberam também funções governativas e o controle de uma milícia popular que viria a rivalizar com o ELP – o Exército de Libertação Popular.
O Grande Salto foi prejudicado por correções de rumo e o fracasso de expectativas, entre outros problemas.
As comunas começaram a decompor-se me unidades menores, os atritos com a URSS implicaram redução de auxílio soviético num momento em que uma parte expressiva da renda nacional e da produção de bens e grãos destinavam-se ao comércio sino-soviético para pagar a “ajuda” russa aos seus “irmãos” socialistas. A produção de comida declinou e cerca de 20 milhões de chineses morreram de fome, em virtude das discrepâncias entre as produções industrial e agrícola e, provavelmente, também devido à ausência de uma planificação mais racional em suas várias etapas: metas, execução e acompanhamento.
O fato foi que Mao foi destituído de algumas de suas funções e levado a um certo ostracismo, do qual ele emergiria, a partir de 1968, com a Revolução Cultural.
Iniciada em 1966, era um novo apelo contra a centralização burocrática, a “distância” entre partido e povo e os “elementos burgueses infiltrados no governo e no partido”, segundo proclamava Mao Tsé-Tung.
Em Xangai formou-se uma comuna popular que assumiu a administração da cidade. Em várias partes do país, operários assumiram as fábricas. Técnicos, intelectuais, professores, médicos, oficiais e líderes partidários foram perseguidos pela Guarda Vermelha, presos, expostos à execração pública e forçados a assumir seus desvios e arrepender-se. Em algumas localidades ocorreram motins contra o ELP e combates entre este e a Guarda.
Encerrada em 1976, com a morte do próprio Mao, ainda hoje é difícil fazer um balanço seguro pois muito da documentação permanece restrita. Mas se para uns ela atrasou o desenvolvimento do país pela perseguição aos técnicos e intelectuais, ameaçou perigosamente a ordem pela anarquia, ou críticas semelhantes, para outros abriu a aproximação com o Ocidente – a partir do próprio Mao – e permitiu ao dirigente revolucionário reassumir o controle sobre o PCCh após o episódio do Grande Salto.
Sob a liderança de Deng Xiao Ping, antigo companheiro de Mao e ex-vítima da Revolução Cultural, conduziu-se uma cuidadosa e limitada “desmaoização”, revendo-se antigas ações e posturas de Mao Tsé-Tung, implementando-se um conjunto de reformas.
III - Conclusão
O PCCh implementou um programa de reformas daquilo que doravante seria denominado de Socialismo com Características Chinesas ou Socialismo de Mercado: sob controle estatal se implementaria um frenético desenvolvimento capitalista. Mas para tornar viável tal projeto era essencial que, ao contrário da URSS, o partido mantivesse a sociedade sob controle. Em última instância, o objetivo das reformas era reforçar o PCCh e não eliminá-lo e ao país, como ocorreu com a URSS.
Dentre as reformas de Deng e seus seguidores encontram-se:
fim das comunas populares;
descoletivização da terra e estímulo ao lucro e de aumento da produtividade (de 240 milhões de toneladas em 1979 passou-se para 500 milhões em 1997);
criação das Zonas Econômicas Especiais, destinadas a captar seletivamente investimentos e estimular as exportações e importação de tecnologias.
Mas não se permitiu o desafio aberto à autoridade do governo central: do trágico “Massacre da Praça da Paz Celestial” em 1989, à repressão aos membros da seita Fallun Gong e movimentos étnicos (islâmicos ou não) em anos mais recentes.