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quinta-feira, 27 de maio de 2010

Luz e Sombra

No jogo de sombras da diplomacia internacional algumas coisas merecem um pouco de luz.
Por exemplo:
A Agência Brasil, órgão integrante do sistema de comunicação social do governo federal, informou que o presidente dos EUA, Barack Obama, pretende enviar um alto funcionário ao Brasil no próximo mês para tratar de diversos temas nas áreas tecno-científica.  Este anúncio é importante pois ele vai na contra-mão das análises que em virtude da questão iraniana apontam um "estranhamento" entre os dois países.  Esta análise já foi abordada aqui com outras interpretações, mas vale ressaltar que a posição brasileira recolocou na mesa de discussões uma proposta anterior que as próprias potências nucleares apresentaram, e que agora, após o acordo patrocinado por Lula e Erdogan, as mesmas modificam e acrescentam mais tópicos.  Se o objetivo é "emparedar" o Irã elas vão conseguir, pois neste caso não haverá nunca um acordo aceitável que não inclua a literal rendição de Teerã.
Mas como o Itamaraty (Ministério de Relações Exteriores) não confirmou oficialmente que a iniciativa de Lula foi decorrente de uma carta enviado pelo presidente Obama, fica estranho entender que os EUA tenham proposto - ainda que oficiosamente - a mediação brasileira apenas para, num segundo momento impôr um fracasso; a possibilidade de sucesso e fracasso eram semelhantes e só para os adeptos de conspirações podem aceitar que o pedido tenha sido feito para referendar um fracasso e uma intervenção coletiva justificada pelo resultado negativo.
Se o pedido foi feito e da forma que foi noticiado, Lula, diante dos desdobramentos poderia denunciar abertamente o que lhe foi pedido e o apunhalamento posterior de seu sucesso.  A Casa Branca se exporia a algo assim?  Venhamos...
Além disso, as potências nucleares associadas no Sexteto, mais a Alemanha, se curvariam a uma trama desta envergadura que teria TUDO para vazar? 
Expondo o presidente Lula a um vexame internacional ímpar, Washington estaria desprestigiando uma liderança regional influente e que é de fato a única a poder se contrapor à Venezuela de Hugo Chavez.  Assim, o engodo serviria para abrir caminho para idênticas pressões futuras na América do Sul: hoje o Irã, depois a Venezuela...Será?
Mas podemos inferir outras perspectivas.
Enquanto a Secretária de Estado Hillary Clinton mantém a retórica de retaliações, o presidente Obama aposta não num aprofundamento das divergências com o Brasil e sim, o seu oposto - o estreitamento.  Se fato, pode existir uma fratura silenciosa entre o ocupante do Salão Oval e sua representante diplomática maior.  Neste caso, apenas como especulação, alguém vai sair.  Senão, temos apenas posturas combinadas previamente.
Concretamente falando, o Sexteto pouco terá a fazer se a AIEA aceitar os termos do acordo proposto pelos iranianos, embora uma aceitação parcial sirva aos propósitos de manter a pressão sobre os líderes do Irã sem fazê-lo unilateralmente.
Já na península corena, o jogo é parecido.
O que tinham os líderes comunistas em Pyongyang a ganhar com o disparo premeditado de um torpedo contra uma embarcação sul-coreana?
A capacidade nuclear dos norte-coreanos se resume, ainda hoje, a detonação de um artefato em teste subterrâneo.  Daí até a construção de uma ogiva segura e sua instalação num míssil de médio ou longo alcance, vai uma distância aparentemente não percorrida ainda pela RPDC.
Explodir uma bomba é uma coisa...ser capaz de lançá-la é outra tão complexa como.  Mesmo os iranianos, não estão nem perto disso.
Assim, o torpedeamento poderia ser um sinal de desafio à autoridade de Kim Jong-Il, ou de crescentes divisões internas entre os líderes norte-coreanos.
Enquanto Hillary Clinton prega sanções em sua rodada pela Ásia, as duas coreias vão se distanciando: interdições de transporte, expulsão de funcionários, elevação do nível de alerta militar....
Uma informação circulava ontem dando conta que sul-coreanos e os EUA estão "caçando" quatro submarinos norte-coreanos que se fizeram ao mar sorrateiramente.
O impasse persiste, tanto quanto as dúvidas.

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