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domingo, 27 de junho de 2010

Maoísmo: uma pergunta e um desdobramento


Por estes dias uma aluna me perguntou sobre o que era o maoísmo durante uma explicação introdutória sobre a Revolução Chinesa de 1949.
Lhe dei a resposta mas fiquei com a impressão de que podia me alongar e apresentar uma mais completa.
Assim, fui aos meus livros e me lembrei de uma tabela com as principais diferenças do maoísmo e o leninismo.
A fonte é livro Guerra Irregular – Terrorismo, guerrilha e movimentos de resistência ao longo da história, editora Contexto, e escrito por Alessandro Visacro.
Na página 77 ele construiu uma tabela comparativa muito interessante, e na qual demonstra tais diferenças.
Acerca do maoísmo são apontadas as seguintes diferenças em relação ao leninismo:

1.A “vanguarda” da revolução é o Exército de Libertação Popular;

2.A classe social dotada de maior potencial revolucionário era o campesinato;

3.O locus revolucionário era o campo;

4.O eixo operacional da revolução era a ênfase na guerra de guerrilha;

5.Era fundamental deter apoio na população;

6.Isso implicava um forte trabalho de doutrinação e cooptação;

7.E a aplicação da Teoria da Guerra Revolucionária em Três Etapas.

Esta, por sua vez, segmentava a luta entre a fase de Organização e Treinamento, onde se promoveriam as taefas de recrutamento e adestramento dos guerrilheiros, a doutrinação ideológica destes e dos camponeses, a obtenção de apoios, criação de redutos e unidades de combate.
A fase seguinte (segundo estágio) era a da Guerrilha propriamente dita onde ataques rápidos e operações de pequena envergadura, com poucos efetivos dominavam o cenário operacional. Nesta etapa era fundamental evitar grandes confrontos com o objetivo de negar ao inimigo a “batalha decisiva”.
O conflito de baixa intensidade tinha assim a função de gerar um “impasse estratégico”. Segundo o autor, “...não competia à guerrilha vencer...-bastava não ser derrotada” (p. 85).
Finalmente, no terceiro estágio, ou da Guerra Móvel, a expansão das unidades guerrilheiras em destacamentos maiores, permitiria a conversão daquelas em unidades regulares. Empregadas em operações de guerra propriamente ditas, travam-se então grandes combates e promove-se o isolamento geográfico das forças de oposição até a batalha decisiva. Aqui está implícito que esta será travada nos termos dos revolucionários.
Observando a trajetória da revolução chinesa encontra-se estas etapas até o final da 2ª Grande Guerra, quando as forças comunistas convertem-se efetivamente em unidades de combate e iniciam as grandes operações contra o exército do KMT de Chiang Kai-Chek.
Após a rendição japonesa em 1945, os comunistas se apropriaram de grandes quantidades de armas e suprimentos do rendido exército imperial nipônico e passaram a usar estas armas com a retomada da guerra civil contra o governo nacionalista do Kuomitang.

Era uma pergunta até simples, mas permitiu desdobrar a mesma e buscar ser o mais exato possível - até porque é rara uma pergunta que foge do normal!





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