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sábado, 19 de novembro de 2011

Sobre nuvens e guarda-chuvas


O "Grande Jogo" nunca terminou. É a "longa guerra" que Mackinder falou sobre a criação de um "império mundial." Ele mudou os nomes da "Guerra Fria" e a "Grande Guerra" para a "Guerra Global contra o Terror". Ele pode acabar IIIª Guerra Mundial
ver: http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=22140

Esta semana o presidente Barack Obama, em visita a Austrália reiterou a disposição dos norte-americanos em manterem uma presença relevante na área da Ásia-Pacífico, consubstanciada na expressão "viemos para ficar".
Afora as reações da China e da Indonésia quando ao potencial de ameça militar que isso representa, particularmente em função das ambições chinesas que têm sido projetadas com reivindicações territoriais de Pequim, o que tem, por sua vez, gerado inquietações em Tóquio e Hánoi, além da Índia.
Não por acaso esta viagem, e a manifestação de Obama podem ser referenciadas aos eventos assinalados com a criação da SCO (Organização de Cooperação de Shangai) - criada em 2001 por China, Rússia, Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão e Uzbequistão para colaborar em matéria de segurança,e que  logo avançou para a cooperação econômica e comercial a pedido da China.
Desde a Guerra do Golfo, houve uma profusão de relatórios que atribuíam à Rússia, China e Irã uma aura de ameaça - talvez para substituir a antiga ameaça soviética.
De qualquer forma, respondendo ao processo de demonização (fundado ou não muitas vezes), delineou-se uma convergência de interesses entre os três, que Mahdi Darius Nazemroaya designa como a "Tríplice Entente da Eurásia", lembrando porém que entre estas existem profundas desconfianças.
Tais ameaças, que incluem aquelas contra Teerã desconsideram que tanto para a China como para Rússia, tais ameaças representam potencialmente pode ser estendida até elas. Desde 2007 está em vigor a OTSC (Organização do Tratado de Seguranã Coletiva) que patrocinada por Moscou cobre as ex-repúblicas soviéticas fornece uma cobertura diante de uma série de "ameaças" como o Projeto Anaconda e a rede de bases de vigilância e monitoramento ao longo das fronteiras russas - pretensamente, segundo Moscou, para deter ataques de mísseis vindos do Irã ou Coreia do Norte.
Paralelamente Índia e China vem ampliando seus meios militares diante de um aventado cerco contra a Eurásia e que soma os Estados Unidos, os aliados da OTAN e vários Estados asiáticos como Taiwan, Japão, etc.
Uma eventual extensão da SCO que incluísse talvez o Paquistão, Irã e Índia, permitiria contrabalançar aquilo que em Pequim e Moscou apresenta-se como um cerco.
E mais jogadores poderiam trocar de lado, como o Afeganistão e até mesmo a Turquia, ambos interessados talvez em diminuir a dependência em relação a Washington.
Pelo mapa acima vê-se que ao lado dos Estados plenos da SCO, temos duas outras categorias que são os Observadores e os Parceiros de Dialógo, que em graus distintos de associação, poderiam atingir a condição de membros plenos.
E tanto a geopolítica como os recursos energéticos são importantes para se levar em consideração.
Segundo Finian Cunningham:



"Tanto a Europa como a China posicionam-se para serem rotas tronco para o gás iraniano e da generalidade da Ásia Central. A infraestrutura já está a moldar-se para reflectir isto. O pipeline Nabucco está planeado para fornecer gás do Irã (e do Azerbaijão) via Turquia e Bulgária transportando-o para a Europa Ocidental (assinalando um fim ao domínio russo). O Irã também exporta gás via pipelines separados para a Turquia e a Arménia e também está a procurar negócios de exportação com outros países do Golfo, incluindo os Emirados Árabes Unidos e Oman. Outra rota principal é o chamado pipeline da paz, do Irã para o Paquistão e a Índia, através do qual o Irã exportará este combustível para dois dos mais populosos países da região. Mas talvez a perspectiva mais irresistível para o Irã seja o pipeline de 1.865 quilómetros que fornece gás natural do Turquemenistão através do Uzbequistão e do Cazaquistão para a China e que deve operar a plena capacidade em 2012. O Sul do Turquemenistão tem uma fronteira de 300 km com o Irã e já tem um acordo de exportação de gás com Teerã. Se o desenvolvimento do campo gasista iraniano-chinês de South Pars puder ser incorporado nos pipelines transnacionais acima mencionados, isso confirmaria o Irã como o coração pulsante da economia mundial na qual o gás é a fonte de energia primária. Isto é potenciado ainda mais pela procura de gás da China, em crescimento rápido, a qual a EIA prevê que podia estar dependente de importações em mais de um terço do seu consumo de gás natural em 2030.

Neste contexto de um grande realinhamento da economia energética mundial – no qual haverá uma diminuição contínua do papel dos EUA – a retórica tronitroante de Washington acerca de democracia e paz e guerra ao terror ou alegadas armas nucleares iranianas pode ser vista como uma tentativa desesperada para esconder o seu medo de que esteja destinado a ser um grande perdedor. Cercar o Irã com guerras e ameaçar o fornecimento de gás para o provável maior futuro consumidor de gás – a China – é o assunto real. As acções estado-unidenses são vistas mais exactamente como o encostar de uma faca nas artérias energéticas de uma economia mundial que os EUA não são mais capazes de dominar."

Estamos falando de uma região que concentra 75% da população mundial e 3/4 das reservas de energia do planeta, além de reunir todos os poderes nucleares exceto os EUA. 

"Os Estados Unidos, desde o fim da Guerra Fria, haviam avançado decididamente sobre o Usbekistão, Turcomenistão, Tadjiquistão e Kazaquistão, países à margem oriental da baía do Mar Cáspio. Eram as repúblicas mais pobres da extinta União Soviética, mas possuíam vastas reservas de petróleo, iguais ou maiores do que as da Arábia Saudita, e as mais ricas reservas de gás natural do mundo, comprovadamente mais de 236 trilhões de metros cúbicos, praticamente fechadas. O total das reservas de petróleo de toda a região poderia ultrapassar a casa de 60 bilhões de barris, chegando a atingir 200 bilhões, conforme revelou John J. Maresca, vice-presidente de relações internacionais da Unocal Corporation, em depoimento prestado ao Subcommittee on Ásia and Pacific e ao Committee on International Relations da House of Representatives, em 12 de fevereiro de 1998. E as companhias ocidentais tinham condições de aumentar em mais de 500% a produção, da ordem de apenas 870.000 barris em 1995, até 4,5 milhões, em 2010, o equivalente a 5% da produção mundial de petróleo."  Ver http://www.espacoacademico.com.br/090/90bandeira.htm

Porquanto se acumulam nuvens sobre o Oriente Médio, existem vários guarda-chuvas prontos para serem abertos.

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