Não
há mais chance de paz e estabilidade na Síria. A partir de agora, é o caos
O atentado de ontem que matou o ministro da Defesa da Síria, Dawoud
Rajha, e o cunhado de Bashar al Assad, Assef Shawkat, não foi apenas uma
vitória para os opositores. Mais importante, esta ação fez desmoronar quatro
décadas de suposta estabilidade e segurança do regime do Partido Baath.
Muitos sírios, mesmo não gostando de Assad, o achavam a melhor solução
para manter a nação estável em uma vizinhança circundada por guerras civis como
a do Líbano nos anos 1980 ou a do Iraque na década passada. Em Damasco, a vida
seguia normalmente, em paz, com uma segurança imposta pelo regime ditatorial.
Mesmo com os levantes, na capital síria e também em Aleppo havia uma
sensação de bolha. Os choques em Homs e Idlib pareciam distantes, sem afetar a
vida dos cidadãos. O medo era de que o caos do interior chegasse às grandes
cidades. Por mais odioso que fosse, o regime de Assad dava a segurança de que
os combates estavam distantes para uma maioria silenciosa.
Os choques em bairros da cidade e acima de tudo os atentados, porém,
fizeram ruir o pilar de suposta estabilidade do regime. Agora não é Assad ou o
caos. É o caos, apenas, e o regime ditatorial não serve mais para nada. A
população de Damasco e Aleppo, especialmente os sunitas, vêem nele um obstáculo
para o futuro do país.
O problema é que outros suportes do regime permanecem quase intactos.
Assad certamente perde a maioria silenciosa sunita, mas ainda conta com o apoio
quase incondicional dos alauítas e dos cristãos. Estes vêem o cenário entre
caos com Assad e possível aniquilação de suas comunidades se o regime for
deposto.
Antes, a luta deles, assim como a do regime, era para eliminar a
oposição. Agora passou a ser de vida ou morte. Usarão todas as suas armas para
tentar vencer os opositores, apesar de a tendência do conflito apontar na
direção de que a vitória acabará com os inimigos de Assad.
O tempo já passou. Não há mais chance de paz na Síria. Agora será guerra
civil e praticamente esfacelamento do Estado no médio prazo, com divisões
sectárias. A Síria virou seus vizinhos Iraque e Líbano.
Fonte: O Estado de São Paulo
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