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quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Falta Alguém Nessa Equação!

Está mais do que efetivado o plano de estabelecimento de mais 5 bases norte-americanas na Colômbia. Portanto o que cabe agora é analisar, ou procurar fazê-lo, de forma a entender como essa questão envolve os EUA, o Brasil, Colômbia, Venezuela e seus aliados regionais.
Desde o governo de George W. Bush que Venezuela e EUA trilham rotas divergentes em questões políticas, ao mesmo tempo que preservam as relações econômicas entre si. Mas o governo de Hugo Chavez, secundado por seus aliados mais próximos e efetivos, como o Equador, a Bolívia e a Nicarágua, tem buscado assumir um papel que a um só tempo seja protagonico nos campos diplomático, militar e político regionais.




O presidente venezuelano tem se manifestado sistematicamente acerca da presença de militares norte-americanos em território colombiano, subindo o tom de seus questionamentos da mesma forma em que se envolve, de forma evidente, com a origem da própria presença dos EUA ali atualmente: as FARC. No ano passado foram encontrados documentos comprometedores do envolvimento chavista com as FARC e a Venezuela e Colômbia viveram uma escalada retórica e belicista, até que a situação refluiu para uma contemporização. E mais recentemente - e até com maior gravidade - acusou-se o governo de Chavez pelo repasse de armas anti-aéreas adquiridas pelo governo venezuelano e que foram capturadas em mãos de guerrilheiros das FARC.
Mais grave pois isso representa um incremento da capacidade dos guerrilheiros em negar o uso do espaço aéreo ao governo de Álvaro Uribe, de onde por meio de ataques aéreos ou o uso de operações helitransportadas de infiltração, coleta de informações e exfiltrações diversas, as autoridades colombianas tem golpeado repetidas vezes as FARC, não só enfraquecendo a guerrilha como, talvez pior, desmoralizando-a.
O uso destes foguetes de ombro, representa uma forma de inibir os deslocamentos de tropas, suprimentos e ações ofensivas extensivas aos aviões norte-americanos no país. Sendo a Venezuela de Chavez um desafeto, e a Colômbia de Uribe um aliado, era natural que os EUA se movessem para apoiar as autoridades colombianas e atrapalhar o governo de Caracas, seus aliados das FARC, o projeto bolivariano e as propostas marxistas que ele incorpora.


Também deve ser considerado que o fim do acordo de cessão da base equatoriana de Manta, pelo presidente Rafael Correa - aliado de Chavez - acabou por ampliar, e não reduzir, a presença ostensiva de forças militares dos EUA na região fronteira da Amazônia brasileira.
As bases cobrem os extremos colombianos, do Pacífico ao Atlântico, o que confere vantagens de mobilidade tática e estratégica para os militares estadunidenses. Além disso não se deve esquecer que não é essa a única ameaça potencial na América do Sul.
O governo Obama herdou bases de vigilância eletrônica no Suriname e no Peru, por exemplo, além de um até hoje nebuloso convênio que permitiu a modernização do aeroporto de Assunção (Paraguai) e que incluiu um considerável reforço do seu piso, hoje capaz de receber a aterrisagem de aviões de transporte C5 Galaxy.
E não se pode esquecer a reativação da 4ª Frota: anunciada como destinada a executar missões de paz e humanitárias regionais, Sabe-se que esta frota tem incorporado embarcações militares com capacidade de transporte e ofensivas que desmentem as intenções originais.
Os norte-americanos estão mandando um recado, pelo menos no curto prazo, ao governo de Hugo Chavez: sua aproximação com Irã, o aumento dos gastos militares com a aquisição de aviões e vários sistemas de armas de fabricação russa, as manobras conjuntas entre russos e venezuelanos, a vinda de uma frota destes ao Caribe (o que não ocorria a anos como ameaça potencial aos norte-americanos e demonstração das capacidades navais da Rússia pós-soviética), o apoio às FARC, e a ampliação da influência chavista sobre as américas Central e sul, não está sendo bem vista.
As repetidas tentativas de internacionalizar o conflito colombiano pelo apoio de Chavez aos guerrilheiros surge agora como uma ameaça mais concreta ao Brasil. Afinal qual é o nosso papel neste "imbroglio"?
Os norte-americanos ampliam sua presença militar na região amazônica e, como reconheceu o General James Jones (assessor de segurança nacional do presidente Obama) faltou um pouco de diálogo com o Brasil. Mas ficamos com um fato consumado. Chavez e sua "tropa" (Equador, Bolívia e Nicarágua) agem com relativa desenvoltura e, novamente, qual é o nosso papel?
A debilidade militar de nossas Forças Armadas não é nenhum segredo e em tudo que se refere à defesa nacional tem sido protelado à irresponsabilidade e evidentemente não nos confere condições de estabelecer de fato uma convergência entre as aspirações regionais de uma potência média e a busca por um assento no Conselho de segurança da ONU.
Falamos demais...até por que pouco podemos fazer concretamente em termos militares, quer seja em termos ofensivos ou defensivos. Recentemente não havia uma única bateria antiaérea operacional no país; o São Paulo está interminavelmente em reforma, a força de submarinos vegeta e a frota de superfície vai sendo dilapidada.
Portanto, enquanto a Venezuela agita, a Colômbia se resguarda e os EUA reforçam a garantia de seus interesses, o Brasil segue sendo um espectador.
Muito pouco para tantas aspirações!

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