Neste aspecto, Cesare Battisti, condenado pela justiça italiana a uma pena de prisão perpétua por 4 homícidios estava sendo alvo de um processo de extradição para a Itália, de onde fugiu quando estava em regime de prisão domiciliar.
Morou no México e depois na França, onde viveu modestamente como zelador por muitos anos, quando a sucessão de governos socialistas se recusou a deportar o fugitivo. Quando os ventos políticos sopraram à direita na França, Battisti teve sua presença em solo françês recusada, mas antes que fosse extraditado, fugiu novamente e desta vez para o Brasil.
Em 2007 ele foi preso, e portanto até este momento, a ordem de detenção internacional era legítima, tanto que foi a PF quem o deteve.
Inicialmente negada a ele a condição de refugiado, em 2009 o ministro Tarso Genro concedeu esta condição, contrariando a negativa anterior.
Segundo a postura dominante junto ao governo brasileiro, como Battisti foi julgado à revelia, não teve de fato direito "a ampla defesa", e outrossim, como a legislação brasileira não reconhece pena de prisão perpétua, não poderia devolver o italiano às autoridades judiciárias de seu país.
Os italianos contra-argumentaram alegando que ele teve direito de se defender, mas não fez uso do mesmo, e assim terminou condenado por ausência.A mídia italiana - quase toda dominada pelo 1º Ministro Silvio Berlusconni -, o mesmo que já foi flagrado com prostitutas, em festas orgiásticas, que em meio a tragédia do terremoto ocorrido em 2009 e que desabrigou mais de 100 mil pessoas mas teve a insensibilidade de assediar uma socorrista, etc, partiu para o ataque e fez interpelações que o correspondente do jornal Corriere de la Sera em entrevista na Globo News (hoje) classificou de "impertinentes".
Fala-se agora nas consequências. Mesmo reconhecido o status de Battisti, ainda assim ele poderá vir a ser deportado, pois se a nova presidente reenviar o caso para o STF, a nova composição do órgão poderia confirmar, de forma mais explícita, o aceite da demanda italiana.
Porém, a forma como as autoridades italianas se comportaram, num certo sentido conduziram o Brasil a tomar a decisão que segundo a nota do Itamaraty "foi soberana".
Segundo o site da Câmara Ítalo-brasileira de Comércio, Industria e Agricultura, a relação entre os dois países envolve:
- O comércio Brasil e Itália movimentou US$ 7,8 bilhões em 2007, segundo o Ministério Brasileiro do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior, cifra que foi quase toda atingida no primeiro semestre de 2008. Entre janeiro e junho de 2008, a corrente comercial entre os dois países foi de US$ 4,7 bilhões, valor 27,7% superior ao registrado no mesmo período do ano anterior.
- As importações da Itália, cresceram 27%, passando de US$ 2,6 bilhões, em 2006, para US$ 3,3 bilhões, em 2007. As vendas para este país chegaram a US$4,5 bilhões. A participação da Itália na pauta de exportações representou 2,8% do total do comércio exterior brasileiro.
- A Itália é o 13º investidor estrangeiro no Brasil. São duas economias complementares, cuja estreita cooperação é reforçada por ações positivas dos dois governos e facilitada pela forte presença da comunidade e da cultura italiana no Brasil. São quase 300 empresas italianas com presença direta no Brasil, número que era de pouco mais de 100 há menos de dez anos atrás.
- Nos últimos três anos, foram envolvidas mais de 500 empresas italianas e aconteceram cerca de 3 mil encontros de negócios entre contatos institucionais e encontros B2B entre as empresas dos dois países.
- Os resultados são notórios, o export italiano para o Brasil, em 2008, cresceu 45%, sobretudo no que diz respeito a bens de capital, que abocanham mais de 60% as importações brasileiras provenientes da Itália. O Brasil representa um mercado importante com condições produtivas vantajosas, grandes empresas já estão presentes no país, como a Fiat e a Telecom. Mas também para as menores, relevantes no tecido industrial italiano, existem espaços para joint ventures.
Além disso, este ano avançaram muito as negociações de contratos militares entre os dois países que apontam uma outra parceria estratégica fora do eixo Brasília-Paris, e que se cogita inclusive adquirir navios-logisticos de grande porte para a Marinha Brasileira.
Vamos esperar a "poeira assentar" e ver o que de fato vai acontecer.
De resto, um bom 2011!
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