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segunda-feira, 21 de março de 2011

A Rússia e a Resolução 1973

CS ONU 
Segundo a agência FP, o governo russo manifestou-se contra as operações da Coalizão (Inglaterra, França, Itália, Canadá e EUA) na Líbia alegando que estas extrapolam o sentido da resolução.  Definida como um mandato para “proteger os civis”, os ataques da Coalizão atingiram estradas, pontes e até um hospital ; alvos não-militares e que não estão relacionados à dita proteção.
A Rússia alega, agora, que a intervenção foi “precipitada”, mas ela não foi consultada e partícipe da decisão?  A abstenção é uma posição, ou não?
O Brasil juntamente com outros paises membros, como a Alemanha e a Índia, além da China e Rússia (membros permanentes e com direito a veto decisório) se absteve.  Os BRICs se abstiveram e recusaram-se assim a assinar abertamente por uma intervenção militar, no que a chancelaria brasileira assinalou não ter ainda uma posição segura de que esta era a melhor opção.  Particularmente discordo, mas entendo que a situação é complexa: de um lado uma simpática revolta está em curso contra um ditador que exerce o poder a mais de 40 anos, “esconde” o fato que um governo legítimo – reconhecido internacionalmente e com quem as grandes potências mantinham relações diplomáticas e militares a muitos anos tem o direito de enfrentar um movimento armado interno.  O governo líbio inclusive questionou se grupos armados estivessem tomando cidades nos EUA, o governo Obama não recorreria à força armada para deter tais ataques.
Se é legítimo que os líbios resolvam seus assuntos internos, também não se pode esperar que a comunidade internacional assista – mais uma vez – de braços cruzados uma repressão que se anunciava brutal e com a perspectiva de um masacre terrível dos opositores do regime.
É nesse espírito que a Resolução 1973 foi votada e aprovada inclusive com a omissão russa.  Se os termos estão sendo extrapolados, cabe aos incomodados pressionar a Coalizão a respeitar o caráter defensivo da dita Resolução.
Neste estágio os membros coligados na Operação Odisseia do Amanhecer podem argumentar, consistentemente, que os mais de 100 ataques com mísseis destinaram-se a neutralizar a capacidade antiaérea de Kaddafi e assim tornar exequível a imposição da zona de exclusão aérea, e se houve “danos colaterais” (expressão cínica) estes foram acidentais e lamentáveis.
A Rússia apenas está querendo demarcar uma posição mais explícita de que “não tem nada a ver com isso”, considerando tanto o seu longo vínculo com o ditador, como a possibilidade de afinal, ele sobreviver e manter-se no poder.
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