Desde o
triunfo na guerra fria, os EUA militarizavam os conflitos. Não foi assim
com Síria e Irã. Os EUA passaram da ofensiva à defensiva, a Rússia, de
ator marginal, a agente central nas negociações de paz, a ponto que a
Forbes, pela primeira vez, elegeu Vladimir Puttin como o homem mair
forte do mundo, na frente de Obama.
2013: o que mudou de fato no mundo?
Como
sempre, se acumulam uma quantidade de fatos – entre mortes, eleições,
sublevações, etc. – que se destacam jornalisticamente no mundo, mas
dificultam a compreensão das alterações nas relações de poder, as que
efetivamente contam na evolução da situação internacional.
No
emaranhado de acontecimentos, o mais importante foi a mudança de clima
no cenário internacional. Desde que triunfou na guerra fria, os EUA tem
tido como postura diante dos conflitos internacionais, sua
militarização. Transferir para o campo em que sua superioridade é
manifesta, tem sido a característica principal da ação imperial dos EUA.
Foi assim no Afeganistão, no Iraque, por forças intermedias na Líbia. E
se encaminhava para ser assim nos casos da Síria e do Irã.
De repente,
pegando ao Secretario de Estado norteamericano, John Kerry, pela
palavra, o governo russo propôs ao da Síria um acordo, que desconcertou o
governo norteamericano, até que não pôde deixar de aceitar. Isto foi
possível porque Obama não conseguiu criar as condições políticas para
mais uma ofensiva militar dos EUA. Primeiro o Parlamento britânico negou
o apoio a Washington.
Depois, foi
ficando claro que nem a opinião publica, nem o Congresso noreamericano,
nem os militares dos EUA, estavam a favor da ofensiva anunciada ou do
tipo de ofensiva proposta.
O certo é
que os EUA foram levados a aceitar a proposta russa, o que abriu as
portas para outros desdobramentos, entre eles, combinado com as eleições
no Irã, para a abertura de negociações políticas também com esse país
por parte dos EUA. No seu conjunto, se desativava o foco mais perigoso
de novos conflitos armados.
Como
consequência, Israel, a Arábia Saudita, o Kuwait, ficaram isolados nas
suas posições favoráveis a ações militares contra a Síria e até contra o
Irã. Foi se instalando um clima de negociações, convocando-se de novo
uma Conferência na segunda quizena de janeiro, em Genebra, para discutir
um acordo de paz. Uma conferência que não coloca como condição a
questão da saída do governo de Assad, como se fazia anteriormente.
A oposição
teve que aceitar participar, mesmo nessas condições. E ainda teve a
surpresa que os EUA e a Grã Bretanha suspenderam o fornecimento de apoio
militar aos setores opositores considerados moderados, que foram
totalmente superados pelos fundamentalistas, apoiados pela Arabia
Saudita e pelo Kuwait.
Como dois
pontos determinam um plano, as negociações sobre a Siria abriram campo
para as negociações dos EUA com o Irã, aproveitando-se da eleição do
novo presidente iraniano. Desenhou-se, em poucas semanas, um quadro
totalmente diverso daquele que tinha imperado ao longo de quase todo o
ano. Os EUA passaram da ofensiva à defensiva, a Rússia, de ator
marginal, a agente central nas negociações de paz, a ponto que a Forbes,
pela primeira vez, elegeu Vladimir Puttin como o homem mair forte do
mundo, na frente de Obama. Isso se deve não ao poderio militar ou
econômico da Russia, mas ao poder de iniciativa política e de negociação
que o país passou a ter.
Autor: Emir Sader
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