O Reino Unido, que há muito deixou de ser
encarado como uma potência militar, tem todas as chances de alcançar
vitória sobre a China, se um conflito armado acontecer a uma
equidistância, anunciou Malcolm Chalmers, professor catedrático do
Instituto Real de Serviços Unificados (Royal United Services Institute).
O
desenvolvimento das Forças Armadas chinesas tem atraído atenção na
altura em que o Exército britânico continua sofrendo uma série de cortes
orçamentais e demição do pessoal. No entanto, a Grã-Bretanha possui
possibilidades maiores quanto à deslocação das tropas em grandes
distâncias e, a nível de preparação de alguns destacamentos e de
equipamentos, mantém a evidente supremacia sobre a China.
É
verdade que as possibilidades britânicas de enviar tropas para regiões
distantes, por exemplo, para África ou Oriente Médio, continuam
superando, como antes, as da China. Trata-se não apenas da quantidade de
equipamentos militares que a China poderia, se necessário, aumentar,
mas também da experiência muito mais rica dos britânicos em combates nos
pontos mais remotos do planeta. Tal experiência de centenas de anos
será, pelo visto, mantida e até multiplicada.
Apesar do
“tamanho ridículo”, as Forças Armadas britânicas marcam presença
permanente em várias regiões e zonas climáticas, resolvendo com êxito
questões de logística, manutenção técnica, prontidão combativa e estado
físico dos efetivos. Para além disso, os britânicos possuem a
experiência de combates nessas regiões. Em geral, do ponto de vista da
experiência e preparação do pessoal, com eles podem competir, em menor
medida, apenas os franceses.
Não obstante os cortes
orçamentais, até as capacidades técnicas do Exército da Grã-Bretanha não
cedem às chinesas. O número de vasos de guerra britânicos vai
diminuindo, a Marinha nem sequer conta com um porta-aviões normal. Até
2020 deverão ser construídos dois navios desse gênero, CVF (Queen
Elisabeth), capazes de portar, em separado, cerca de 50 parelhos
voadores.
Em contrapartida, um único porta-aviões chinês
não está apto para o serviço devido à falta de pilotos, cuja formação
levará muito tempo. Enquanto isso, os britânicos podem sempre contar com
um apoio técnico dos EUA, razão pela qual os porta-aviões britânicos
estarão prontos para agir mais cedo, ultrapassando assim os dois
congêneres chineses.
O Reino Unido dispõe de aviação
militar estratégica mais potente, incluindo 8 aviões C-17A Globemaster
II e 32 aparelhos C-130, inclusive os C-130J modernos. A Grã-Bretanha
leva vantagem pelo número de submarinos atômicos polivalentes (6 contra
5). O seu patamar técnico e a preparação de tripulantes se mantêm mais
elevado. É preciso ter sempre presente que a Grã-Bretanha é um único
país no mundo que empregou um submarino atômico num combate marítimo
real, ao afundar, em 1982, o cruzador argentino General Belgrano.
Por
outro lado, em termos da presença econômica nas regiões distantes, a
China tem suplantado o Reino Unido e a França. Contudo, do ponto de
vista da segurança dos seus cidadãos no exterior, a China vai perdendo
muito. A Grã-Bretanha está empenhada na luta antiterrorista, encabeçada
pelos EUA, tendo enviado seus contingentes militares para o Afeganistão,
Chipre, Oriente Médio e nos seus territórios ultramarinos. A França
realizou uma campanha militar no Mali, atuando agora na República
Centro-Africana. Seria, pois, difícil imaginar que o Exército chinês
estivesse em condições de efetuar operações semelhantes.
Ao
mesmo tempo, a China vai superando os problemas que impedem ao seu
Exército expandir a presença militar. Os militares chineses se envolvem
cada vez mais em operações internacionais de manutenção de paz. Milhares
de soldados e oficiais tinham prestado serviço no território de outros
continentes. Além das unidades de engenharia e médicas, em missões de
paz começaram a participar destacamentos militares.
A
China vem aumentando o número de aviões militares de transporte,
procurando criar até um avião pesado desse gênero. A Força Aérea da
China vai ganhando experiência através de exercícios militares conjuntos
com a Rússia e a Turquia. Em vias de construção se encontra ainda a
frota oceânica. As questões técnicas se resolvem, amiúde, mais depressa
do que os problemas organizacionais ou de quadros qualificados. No
entanto, o Exército de Libertação Popular poderá transformar-se, com o
tempo, numa força global e acabar por vencer o Exército da Grã-Bretanha.
Os fatos citados e as opiniões expressas são de responsabilidade do autor.
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