A contagem regressiva para determinar se o programa nuclear iraniano é
pacífico ganhou na sexta-feira (18/07) um acréscimo de quatro meses,
depois que a comunidade internacional e o Irã estabeleceram que, apesar
de um acordo ainda estar longe, o progresso conseguido nos últimos seis
meses faz com que as tentativas mereçam continuar.
As seis cúpulas realizadas em Viena desde fevereiro permitiram
"progressos tangíveis", explicaram neste sábado (19/07) o ministro das
Relações Exteriores iraniano, Mohammed Yavad Zarif, e a responsável pela
política externa da União Europeia (UE), Catherine Ashton, que negocia
em nome da comunidade internacional. No entanto, os dois admitiram em
comunicado conjunto que "ainda existem lacunas significativas em alguns
assuntos chave que necessitarão de mais tempo e esforços".
Agência Efe
A Alta-Representante da UE, Catherine Ashton, e o ministro iraniano Javad Zarif após reunião neste sábado em Viena, na Austria.
Para salvar as conversas foi estabelecida uma nova data limite: o
próximo dia 24 de novembro, exatamente um ano após a assinatura de um
primeiro acordo interino em Genebra e que tornou possível essa
negociação. Até lá, as partes terão que superar as diferenças que
impedem a assinatura de um tratado que dê garantias ao mundo de que o
Irã não pode, nem quer desenvolver armas atômicas e que permita ao país
asiático ter o direito de usar a energia atômica.
A prorrogação conseguida hoje, 48 horas antes de expirar a data limite
inicial de 20 de julho, teve que ser negociada com firmeza e exigiu o
comprometimento de ambas as partes. O Irã se comprometeu a continuar
reprocessando suas reservas de urânio enriquecido a 20%, de modo que
esse combustível nuclear não possa ser usado na confecção de uma bomba
atômica.
Uma vez que o urânio for transformado em combustível para um reator
científico, "será muito difícil para o Irã utilizar esse material para
uma bomba, em um cenário de quebra [do acordo]", explicou em comunicado o
secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, para enfatizar a
importância dos compromissos adquiridos por Teerã.
Também foi possível neutralizar a possibilidade de que o Irã pudesse
fabricar plutônio, outro material que poderia ser utilizado na
fabricação de armas, na usina de água pesada de Arak (em construção), e
que o país asiático aceitasse um sistema de inspeções mais rígido para
controlar suas atividades nucleares, enumerou o secretário de Estado dos
EUA.
Teerã, por sua vez, continuará recebendo durante os próximos quatro
meses parte dos recursos pela venda de petróleo que as sanções
internacionais mantêm bloqueados.
Em troca desse compromisso, segundo Kerry em sua nota, o G5+1
"continuará aliviando as sanções conforme foi estabelecido no Plano de
Ação Conjunta e permitirá ao Irã ter acesso a US$ 2,8 bilhões de seus
ativos retidos". Entretanto, Kerry prometeu hoje que "o Irã não vai
obter mais dinheiro durante esses quatro meses do que obteve nos últimos
seis".
Além disso, deixou claro que a maior parte de suas receitas relativas à
produção de petróleo continua congelada, enquanto as outras sanções
internacionais permanecem vigentes. O alívio nas sanções foi um dos
temas mais espinhosos que mantiveram a aprovação da prorrogação
bloqueada, conforme reconheceu hoje Wang Qun, o chefe da delegação
chinesa, país que participa das negociações junto com EUA, Rússia,
Alemanha, França, Reino Unido e o Irã.
Entre os problemas que se apresentam no caminho de um acordo, o
principal é estabelecer a quantidade e índice de pureza do urânio
enriquecido que o Irã poderá produzir. Enquanto os iranianos querem
manter o atual alcance de seu programa, os países do G5+1 querem
limitá-lo ao máximo para evitar um possível uso militar desse material.
Nem Ashton, nem Zarif confirmaram hoje quando e onde serão os próximos
encontros e só disseram que "se reunirão de novo nas próximas semanas em
diferentes formatos". Fontes diplomáticas americanas não descartaram
hoje que algumas negociações possam ocorrer em paralelo com a Assembleia
Geral da ONU em setembro na cidade de Nova York.
(*) Com informações da Agência Efe
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/37088/ira+e+potencias+mundiais+estendem+por+4+meses+prazo+para+acordo+nuclear.shtml
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