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domingo, 21 de novembro de 2010

Novas Movimentações no Tabuleiro Internacional

A RÚSSIA E SEU NOVO POSICIONAMENTO
A Rússia reviu sua posição acerca do chamado Escudo Antimísseis patrocinado pelos EUA, ao qual fora refratária desde que a proposta foi apresentada, no governo Bush.  Às primeiras notícias que o escudo era defensivo e destinado a conter eventuais agressões oriundas do denominado eixo do mal representado por Coreia do Norte, Irã e Iraque, Moscou contrargumentou que com pequenas modificações as armas se converteriam de artefatos defensivos em ofensivos.  Além disso, parte do sistema de alerta antecipado seria instalado na Polônia e República Tcheca, antigos parceiros da extinta URSS e que marcaria de fato uma consequência concreta da expansão da OTAN pelos antigos países membros do igualmente extinto Pacto de Varsóvia: armamentos potencialmente ofensivos e nuclearizáveis, próximos o suficiente das fronteiras russas para anular qualquer possibilidade de uma retaliação em caso de ataque ocidental.
Paranóia?  Diga isso a uma nação que foi invadida duas vezes em menos de um século e que perdeu, na 2ª GM mais de 20 milhões de vidas.
Mas a crise econômica detonada em 2008 teve desdobramentos impensados.
Com o mundo crescendo menos, os preços das commodites recuaram, sendo que as erdas de valor de petróleo, gás e minérios, atingiram em cheio a economia russa.
Segundo a Deustch Welle, as dificuldades econômicas se refletiram, agora, numa convergência de interesses entre Moscou e o ocidente, especialmente os EUA.
Sem virar as costas à China, o governo russo aceitou que o escudo seja implementado, alinhando os seus interesses com os ocidentais.  Mesmo assim isso não impede que Rússia e China implementem seus projetos, dos quais a inauguração de um oleoduto entre os dois países este ano, foi mais um aspecto destas relações.
Manter a China como um consumidor de energia russa, e ao mesmo tempo aproximar-se do ocidente com sua elástica oferta de bens-de-consumo, é o dilema que orienta a estratégia do Kremlim.

SOBRE O AFEGANISTÃO
Na mesma reunião da OTAN onde os russos se reposicionaram, também ficou decidido que a Aliança Ocidental acordou um cronograma destinado a encerrar sua participação militar - eufemismo para invasão - no país.
Na verdade, a decisão de se retirar do Afeganistão até 2014, vêm no curso de um processo já iniciado, e que vêm sendo implementado pela administração Obama, que é a transferência da responsabilidade militar em estabilizar o governo e combater os insurgentes talibãs para os próprios afegãos.   Essa "afeganistização" da guerra depende no entanto de algumas variáveis.
As forças ocidentais têm que ser capazes efetivamente de conter militarmente os insurgentes e obter apoio na população.  Como nos morros cariocas, não basta ocupar e desalojar o "inimigo", mas têm-se que respaldar esta ocupação com a adesão da população à esta mesma ocupação.  Sem o rompimento das redes de sustento dos insurgentes, negando-lhes informação, abrigo e auxílio, o confronto militar se esgota em si mesmo.
Por outro lado, os insurgentes devem ser incapazes de causar mais baixas e danos contra as forças da OTAN, pois senão, o crescimento da pressão pública pode abreviar a retirada e estabelecê-la como uma clara derrota.  O envio de tanques M1 dos Fuzileiros - pela primeira vez desde o início da guerra - parece demarcar um aspecto desta estratégia: conter para sair.  Com os tanques, aumentará a capacidade de fogo e manobra do exército dos EUA, já que muitas vezes o suporte aéreo parece carecer de precisão suficiente para evitar baixas civis. 
Por fim, cabe ao próprio governo afegão construir uma saída política do conflito, seja pela adesão da maior quantidade de lideranças locais num projeto "nacional", seja pela capacidade de apresentar consistentemente uma alternativa ao retorno dos talibãs.
 
  

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