Inspetores da agência nuclear da ONU
encontraram partículas de urânio refinado até um nível superior ao
esperado num espaço subterrâneo onde o governo instalou mais de 50 por
cento de centrífugas adicionais, segundo relatório divulgado nesta
sexta-feira pela Agência Internacional de Energia Atômica.
O
Irã, segundo o relatório, atribuiu isso a "razões técnicas" alheias ao
seu controle. "A Agência está avaliando a explicação do Irã e solicitou
mais detalhes", disse o texto.
Os Estados Unidos, que acusam o Irã de tentar desenvolver armas atômicas, disseram que a versão iraniana é plausível.
"Há
várias explicações possíveis para isso, inclusive a que os iranianos
forneceram", afirmou Victoria Nuland, porta-voz do Departamento de
Estado. "Vamos depender da AIEA para ir até o fundo disso."
O
urânio enriquecido pode ser usado como combustível para reatores
nucleares ou, num grau de pureza muito maior, na fabricação de armas
atômicas, o que Teerã diz não ser seu objetivo.
O
relatório da AIEA diz que amostras ambientais colhidas em fevereiro na
usina subterrânea de Fordow mostram a presença de partículas
enriquecidas a 27 por cento. O Irã havia declarado que a usina
enriquecia urânio a no máximo 20 por cento. Acima disso, o urânio já é
considerado altamente enriquecido.
Novas amostras foram recolhidas neste mês, para que os testes sejam confirmados.
David
Albright, especialista norte-americano em proliferação nuclear, disse
que uma falha técnica pode ter resultado na medição realizada, mas que
mesmo assim a descoberta é "constrangedora para o Irã".
O
relatório da AIEA sugere que o urânio adicionalmente enriquecido pode
ser resultado de um fenômeno técnico associado ao início da operação da
rede de centrífugas.
A
avaliação trimestral da AIEA foi divulgada um dia depois do
encerramento de reuniões, na quarta e quinta-feira em Bagdá, nas quais
potências mundiais -EUA, Rússia, Grã-Bretanha, Alemanha, China e França-
tentaram sem sucesso convencer o Irã a suspender seu enriquecimento de
urânio a 20 por cento.
O
Irã começou a enriquecer urânio nesse grau em 2010, e desde então
ampliou drasticamente a atividade, alegando a necessidade de abastecer
um reator de pesquisas médicas.
O
Ocidente teme que, passando o limite dos 20 por cento, o Irã consiga
facilmente superar os obstáculos necessários para chegar a um grau de
pureza superior a 90 por cento, que é necessário para o uso em armas
atômicas.
Fonte: Reuters
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