Bric. Bricas. Mint. Bric a Brac. Em algum momento, que espero não
demore, ficaremos livres de acrônicos na economia internacional. Ainda
vivemos nessa mania dos economistas de dividirem os países em caixas
classificatórias. Jim O'Neill não está mais no Goldman Sachs, mas
continua criando caixinhas. Agora há o Mint: México, Indonésia, Nigéria e
Turquia como novos emergentes.
Essas classificações ajudam a
simplificar o que é complexo e impedem que se veja o problema de cada
um. Outro dia se disse que os Brics entram em 2014 sob risco de
rebaixamento. Os que estão sob ameaça são Brasil e Índia, só que a Índia
está em um nível abaixo do Brasil e, se cair, perde o grau de
investimento. A China não tem esse risco, a Rússia também não. A África
do Sul, o último entrante no Bric, que virou Brics, tem outra história.
Há
tanta semelhança entre México, Indonésia, Nigéria e Turquia quanto
entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Ou seja, muito
pouca. Pode-se encontrar pontos de contatos em tamanho territorial. A
Índia, com sua enorme população e agricultura pouco competitiva, não se
parece em nada com o Brasil grande produtor de alimentos e com uma
população em nível muito mais sustentável. Isso para ficar em um
exemplo. O ideal seria se libertar dessas siglas que tiveram um sucesso
além do razoável e começar a pensar nos problemas específicos que o
Brasil enfrenta na economia internacional.
Uma forma de comparar
as economias é olhar o peso que elas têm no PIB mundial. O FMI faz isso
usando o conceito de poder de paridade de compra, que retira os efeitos
da variação cambial. Dentro dos Brics, as diferenças são enormes. Quem
sustentou o prestígio do grupo nos últimos anos foi a China, que cresceu
bastante e se tornou a segunda maior economia do planeta, ultrapassando
o Japão. No ano 2000, os chineses eram 7% da economia global. Chegarão a
16% este ano. É estranho colocar a economia chinesa no mesmo grupo dos
sul-africanos, que representam apenas 0,6% do PIB mundial. É difícil até
comparar com o Brasil, que é 2,7%. Os russos são 2,9% e os indianos
correspondem a 5,8%. A Índia tem a semelhança com a China por também ter
crescido sua fatia no bolo mundial. Brasil e Rússia ficaram estagnados
(vejam no gráfico).
Nossos problemas são nossos e não de um grupo
de países. O Brasil terminou o ano passado com um grande déficit em
transações correntes e tem que olhar isso com mais cuidado. Deve-se
evitar band-aids, como aumento de IOF para cartão de débito usado no
exterior. O problema é mais amplo: a economia brasileira está pouco
competitiva e as exportações se concentram num grupo pequeno de
produtos.
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