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terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Pensando sobre os acontecimentos de domingo, dia 08 de janeiro de 2023.

Primeiro que esses criminosos não são "patriotas". Nunca foram senão foras da lei pois o que propunham era contrário à Constituição.   Não é  questão ideológica e lamento até pessoas queridas que entendem de outra forma mas que não levam seu raciocínio "libertário" a temas como pedofilia, feminicídio ou consumo de entorpecentes.
Segundo, o silêncio dos militares.  Acho que quando não se manifestam já é um avanço pois nas últimas décadas deixamos de nos preocupar com o que diziam as ordens do dia.  Os últimos anos não serão varridos da noite para o dia, mas também não serão varridos se forem para baixo dos tapetes: que se averigue e cobre uma ação - ainda que corporativa de autocrítica - ou se exponham a uma ação externa.  A anarquia em seu sentido mais pejorativo,  devia, a priori, causar urticária nos militares e chama a atenção a recusa do comandante da Marinha em a passar o comando para o sucessor.
Terceiro os danos patrimoniais e culturais são inestimáveis e em alguns casos irrecuperáveis.  Mas talvez sejam o sacrifício para salvar a democracia que sofreu seu ataque mais violento.  E isso não foi pouco dentro de uma quadra onde os ataques contra ela foram de uma escalada crescente.  Porém podemos entender e esperar que uma direita democrática pode ser a herdeira dessa extrema direita fascistóide e em grande parte amorfa, simploria, rasteira e meramente cimentada por uma pauta vaga o suficiente para juntar qualquer um vagamente insatisfeito e acrítico.
Quarto aspecto é  que o processo contra os detidos - irrelevantes suas desculpas sobre uma certa "irresponsabilidade" por falsas crenças,  manipulação digital, desemprego etc - pois esse raciocínio não exime ninguém.  Desconhecer a lei não isenta o homicida, o motorista infrator ou o sonegador.  Logo .... Portanto deverão arcar com sua participação ainda que inerte na destruição perpetrada.  Fazer parte de organização criminosa não cria interstícios entre quem comanda e quem serve o café! Pode afetar o peso do castigo, mas não fabrica "per si" inocentes.
Quinto é a questão dos financiadores.  Residentes por aqui ou não é  vital, é talvez mais eficaz no curto prazo, seguir o rastro do dinheiro.  Na justiça os processos hão de levar tempo até que se chegue a termo, o que não impede que pelo constrangimento e nos empecilhos cotidianos aos envolvidos junto aos órgãos do Estado, a penalização já possa ocorrer.  Mas os financiadores dessa trama criminosa podem sentir muito mais rapidamente o peso da mão do Estado democrático.  Identificar os orquestradores do caos deve ser seguida pelo levantamento de seus débitos (caso existam) junto ao mesmo, execução destas dívidas e impedimento de acesso ao crédito via instituições bancárias e financeiras.  Mais uma vez, não são inocentes, são criminosos contra as instituições.
E finalmente,  assim como estes, é necessário apurar as responsabilidades daqueles que se omitiram, seja por incompetência,  covardia, preguiça ou simpatia política.  Apurar e punir aqueles que prevaricaram - em todos os níveis - é fundamental!  E destaque-se o papel do STF, que resistiu institucionalmente praticamente só aos desmandos e arroubos autoritários do bolsonarismo.  Não por acaso, dos três prédios sede dos poderes republicanos, foi o do STF que foi mais danificado, destruído,  vandalizado pela turba criminosa.
E quem pensou que o fio da navalha tinha sido a eleição,  fomos confrontados com uma realidade mais crua: a tentativa de golpe do domingo, dia 08 de janeiro.
Escapamos de ambas, mas estejamos alertas para que não haja uma terceira, nem que não seja para abusar da sorte.

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