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sexta-feira, 23 de julho de 2010

Escalada de Conflitos

Fonte: O Estado de São Paulo






Recentemente coloquei num post, aqui neste blog, que diante da situação cada vez mais dramática de sua economia a Venezuela poderia - leia-se Hugo Chavez - tentar distrair os seus problemas internos com uma crise externa.  Pois bem, não é que a Colômbia deu o pretexto?
Diante da acusação de que a Venezuela fornece refúgio às FARCs, permitindo-lhes encontrar abrigo, montar campos de treinamento e espaço de sobrevivência, feita pelo governo colombiano, levou a uma pronta resposta do governo de Caracas.  Mas o que pode ter passado em branco, foi que que as autoridades de Bogotá não só não fizeram uma acusação inédita, como definiram que solicitavam uma verificação internacional no prazo de até um mês para comprovar a acusação.
O presidente Chavez reagiu expulsando os diplomatasa colombianos e chamando seu embaixador em Bogotá.  Pelo lado colombiano iguais medidas foram tomadas oficializando o rompimento de relações.
Na fronteira, as tropas teriam sido colocadas em níveis de alerta máximo para conter uma eventual invasão, ou como disse o ministro da defesa "defender o solo sagrado".  Na realidade, os militares colombianos informaram que não havia nada de excepcional na fronteira e eles, por seu lado, não cogitam de imediato nenhuma mobilização diferente.
Portanto, até aqui, mais um factóide do coronel!
E suas preocupações devem ter se agravado quando no início deste mês a presidente Laura Chinchilla, da Costa Rica, assinou com o governo norte-americano um protocolo válido até dezembro deste ano, para que diferentes efetivos militares estadunidenses possam entrar no país, fardados, armados e autorizados a agir dentro do cumprimento de suas funções (o que será isso exatamente não está claro).  Serão 7000 soldados, 200 helicópteros e 46 embarcações agregadas, inicialmente, a um acordo de combate ao tráfico de drogas assinado entre os dois países em 1999.
Mas basta olhar o mapa´para ver que a eventual presença desta força, e com este tamanho, ela poderia estar pronta para dissuadir ou atacar tanto a Venezuela bolivariana como a Cuba castrista.
Embora pouco provável que isso venha como uma iniciativa dos EUA. 
E por que?
Basta olhar que neste momento as duas principais operações militares dos Estado Unidos apresentam um esforço material, humano e financeiro bastante pesados.
As guerras no Iraque e Afeganistão, principalmente esta, não estão indo tão bem e a perspectiva de retirada vitoriosa nestes dois fronts parecem ainda bastante distantes.
A recente ofensiva da OTAN no interior do Afeganistão, e que apareceu como uma grande vitória contra o Talibã, esconde o fato de que a tomada de um grande centro urbano (seja lá o que é isso por lá), está sendo minada pela reentrada de guerrilheiros fundamentalistas por meio de pequenos grupos que se infiltram pelas linhas da OTAN.  Assim, a tomada da cidade é no mínimo discutível.  Além disso, foi definido um cronograma de retirada e "afeganistização" da guerra para o fim da década.
Com situações difíceis no Iraque e Afeganistão, é cada vez menos viável uma campanha contra o Irã.  A menos que algo muito sério de fato provocasse a abertura de uma terceira frente militar.
No outro extremo da Ásia, o anúncio de que forças navais norte-americana e sul-coreanas realizarão um "exercício conjunto", levou o governo de Pyongyang a ameaçar com uma possível retaliação.  tais exercícios visam reforçar os laços entre os dois aliados desde 1953, e ao mesmo tempo mandar um recado de que o "incidente" com o afundamento de uma embarcação sul-coreana por um torpedo norte-coreano, não foi esquecida, embora não tenha havido uma vingança pelo ataque.
A acusação feita ao governo norte-coreano foi baseda numa investigação internacional que, no entanto, foi relativizada em suas conclusões pelos russos, fornecedores do artefato.  Para Moscou, as conclusões eram precipitadas e insuficientes.
Estaria sendo preparada a abertura de outra frente militar?
Com que recursos?  Ademais, numa conferência em Hanói esta semana, a secretaria de Estado Hillary Clinton reivindicou o direito de disputar a soberania sobre algumas ilhas e esta pretensão imediatamente levou a uma reação doplomática dos chineses - aliados da Coreia do Norte e que mesmo apoiando as sanções da ONU contra o Irã, se apressaram a anunciar o que seria a "sua" visão das sanções contra Teerã.  
Assim, enquanto o tempo esquenta entre Bogotá e Caracas, o clima piora entre Seul e Pyongyang, em Bagdá as coisas não vão bem (embora já tenham estado bem piores), Pequim e Moscou contornam as restrições sobre o Irã e o desatre ronda os céus de Cabul, parece pouco provável que os EUA abram qualquer outra frente militar no curto prazo.  

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